Quem caminhar por São Paulo vai notar uma nova leva de livrarias de rua. Cerca de uma dezena delas abriu as portas em plena pandemia, desafiando uma tendência de mercado que parecia irreversível —tudo indicava que os pequenos estabelecimentos sucumbiriam à concorrência dos gigantes online, o que não vem acontecendo.

O crescimento de leitores no Brasil no último ano pode ter servido de estímulo para os novos empreendedores. Segundo uma nova pesquisa da Nielsen em parceria com o Sindicato Nacional dos Editores de Livros, a venda de livros em 2021 já superou o acumulado do ano passado em dez meses. Dados computados até o último dia 7 de novembro demonstram que foram vendidos 43,9 milhões de livros neste ano, quando em todo o ano de 2020 foram comercializados 41,9 milhões de exemplares.

Mas quem vende livros não se move só pelos números. Entra na conta uma boa dose de paixão e de coragem, como conta a historiadora Victória Mantoan, que inaugurou a Livraria do Brooklin em novembro.

"A decisão foi anterior à pandemia, e o isolamento foi um reforço, porque ninguém mais aguenta ficar preso em casa", justifica. "Mas sei que não vou ficar rica vendendo livros."

Mais do que lojas, as livrarias da nova geração são cada vez mais espaços de lazer e entretenimento. Clientes da Livraria do Brooklin podem até mesmo se esparramar nas poltronas com um livro levado de casa.

"É um espaço para ler e ficar. Pus tomadas em todos os cantinhos, para que as pessoas venham trabalhar aqui. E como café conversa com essa ideia, criamos um menu de comidinhas, onde também se toma uma taça de vinho ou uma cerveja no fim do dia", diz Mantoan.

O mesmo princípio norteou o projeto da livraria infantil Pé de Livro. Para o proprietário, o jornalista Alfredo Caseiro, as sessões de contação de história com música não chegam a ter impacto direto sobre as vendas, mas geram proximidade com o público, que se torna cativo.

"Ajudamos a criar um link entre o livro e as crianças, mostrando o ponto de partida para uma aventura única", ele afirma.

O roteiro a seguir traz uma seleção de dez novas livrarias paulistanas de rua, inauguradas durante a pandemia ou um pouquinho antes, onde é possível comer, beber, conversar, ouvir música e discutir literatura —e até comprar livros.



Banca Tatuí
Fechada desde março do ano passado, a livraria, que pertence à editora Lote 42 e funciona em uma banca de jornal, voltou a funcionar no último dia 4 inteiramente reformada. A reabertura será comemorada neste sábado, dia 11, com o lançamento dos livros "O Caminho Prometido", da artista argentina Delius, e "Onofre", ficção de Régis Mikail, ambos da editora Deep, além de show de Vitor Wutzki. A partir de janeiro, retoma a programação dedicada à produção cultural independente, com lançamentos, leituras, oficinas e pocket shows.
R. Barão de Tatuí, 275, Vila Buarque, região central. Instagram @bancatatui. bancatatui.com.br

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Gato sem Rabo
Abriu as portas em maio na Vila Buarque, inteiramente dedicada a obras de autoras mulheres de vários campos do conhecimento. O espaço realiza rodas de leitura e discussões sobre livros clássicos e lançamentos. A programação presencial será retomada em fevereiro —enquanto isso, os circuitos de leitura com convidados especialistas podem ser vistos no canal do YouTube.
R. Amaral Gurgel, 352, Vila Buarque, região central, tel. (11) 99976-0011. Instagram @gato.sem.rabo

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Livraria da Tarde
Inaugurada em dezembro de 2019, apenas três meses antes do começo da pandemia, a loja vendeu livros de forma remota até reabrir para o atendimento presencial. O acervo traz obras de literatura, artes, ciências humanas, negócios e infantojuvenil. O espaço também abriga a cafeteria Made By Nina. O segundo aniversário da livraria terá dois dias de comemoração: no próximo sábado, dia 18, às 16h, o local recebe apresentação de piano e voz com Sheila Negro e Nathan Bádue; no dia 19, também às 16h, tem leitura de poesia.
R. Cônego Eugênio Leite, 956, Pinheiros, região oeste, tel. (11) 3064-9664, WhatsApp (11) 96383-1939. livrariadatarde.com.br

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Livraria do Brooklin
Aberta no mês passado, vende livros para adultos e crianças escolhidos a dedo —há uma seção de obras recomendadas pela equipe de livreiros e espaços para quem quiser sentar e ler sem pressa. O café, aberto até as 20h, serve comidinhas, vinho em taça e cerveja. No dia 30 de janeiro, a livraria participa do Pulsa Brooklin. No evento cultural, estabelecimentos do bairro se reúnem no Soul Botequim (av. Padre Antônio José dos Santos, 812) para uma tarde de cultura e venda de livros e discos de vinil, regada a cervejas artesanais.
R.Hollywood, 275, Brooklin, região sul, tel. (11) 99856-8062. Instagram @livrariadobrooklin

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Mandarina
Funciona desde agosto de 2019 e, durante a pandemia, transformou a intensa programação em lives. Agora, os bate-papos com escritores voltam a ocorrer presencialmente, com transmissão simultânea pelo Instagram. Assim como o acervo, os encontros focam a área de humanidades e abordam temas relacionados a ciências sociais e políticas, filosofia, psicanálise e astrologia. Também promove cursos, contação de histórias para crianças e o Clube de Leitura de Ficção toda última quinta-feira do mês, das 20h às 22h —para participar, é só ler o livro do mês, indicado no site, e aparecer para o debate. Fechado no momento, o café da livraria deve ser retomado no fim de janeiro.
R. Ferreira de Araújo, 373, Pinheiros, região oeste, tel. (11) 3819-5953. Instagram @livraria_mandarina. livrariamandarina.com.br

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Megafauna
Localizada no edifício Copan, a casa se define como um espaço de encontro e debate em defesa do livro. Apresentações e leituras, com a presença de autores, artistas e críticos, passam pela curadoria da própria equipe ou de convidados especiais —já passaram pela programação a cantora Fabiana Cozza, a escritora Heloisa Buarque de Hollanda e a poeta jamaicana Claudia Rankine, entre outros. A livraria também abriga o restaurante Cuia, da chef Bel Coelho, que funciona da manhã à noite.
Ed. Copan - av. Ipiranga, 200, loja 53, centro, WhatsApp (11) 91015-0156. livrariamegafauna.com.br

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Miúda Livraria & Café
A livraria especializada em literatura infantil ocupa uma casinha colorida, com café e quintal, na Pompeia desde outubro. A programação é intensa. Neste sábado (11), às 14h, acontece o lançamento com contação de história do livro "A Linha" (Devora Editorial), de Yuri de Francco. Em janeiro, a agenda de férias inclui oficinas de impressões botânicas (dia 18), de música e histórias (dia 20), de criação de histórias com linha e agulha no papel (dia 26), de montagem de um colar de dinossauros (dia 27) e de esculturas a partir de lembranças das crianças (em 1º/2). Cada oficina tem uma hora de duração e custa R$ 50.
R. Coronel Melo de Oliveira, 766, Pompeia, região oeste, tel. (11) 3871-5155. Instagram @livrariamiuda

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Pé de Livro
Também dedicada ao público infantil, sempre organiza os lançamentos de livros acompanhados de uma sessão de contação de histórias e oficinas —algumas chegam a extrapolar os limites do imóvel, como uma brincadeira de caça ao tesouro que se estendeu pelo quarteirão. Na próxima quinta (16), às 11h, acontece uma oficina de desenho de dinossauros com o artista plástico Jonas Meirelles. Já no dia 18, Laerte Coutinho e Maria Rita Kehl lançam o livro "Disco Pizza" (editora Boitatá) numa manhã de autógrafos, a partir das 11h.

R.Tucuna, 298, Pompeia, região oeste, tel. (11) 95169-2683. Instagram @pedelivro.livrariainfantil

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Ponta de Lança
Aberta em agosto, a livraria tem acervo dedicado à literatura brasileira e hispano-americana, humanidades, música e educação, entre publicações novas, de segunda mão e edições raras, que podem ser folheadas em sofás e poltronas. Semanalmente organiza leituras públicas, inclusive de improviso, além de debates abertos, cursos sobre as obras de autores, clubes de leitura, recitais, performances e lançamentos de livros. Uma oficina de escrita criativa funcionará de modo permanente durante 2022.
R. Aureliano Coutinho, 26, Vila Buarque, tel. (11) 3666-1409. Instagram @livrariapontadelanca

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Ria Café e Livraria
A apresentação no site dá uma pista do clima lugar: "a livraria da boemia". Inaugurada em novembro por Marcos Benuthe, ex-sócio da Mercearia São Pedro, a casa se propõe a funcionar como ponto de encontro entre a atmosfera livresca e a boemia dos bares e cafés. Além de vender livros de pequenas e grandes editoras, zines e plaquetes, sedia lançamentos, cursos, clubes de leitura e exibições de filmes. A agenda de janeiro já tem algumas atrações, como a oficina de escrita literária com o escritor Paulo Scott, programada para o dia 20. Por sua vez, o encontro Mulheria vai reunir, em um sábado por mês, escritoras, jornalistas, cantoras, atrizes, poetas e professoras para debater assuntos diversos e trocar vivências. O primeiro está marcado para o dia 15 e tem entrada gratuita.
R. Marinho Falcão, 58, Sumarezinho, região oeste, tel. (11) 2158-0920. Instagram @rialivraria_. revistaria.net/ria-livraria.