Bar da Dona Onça retira estrogonofe do cardápio em protesto contra a guerra na Ucrânia
Prato é um dos mais vendidos no endereço comandado pela chef Janaína Rueda em São Paulo
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O Bar da Dona Onça voltou atrás e afirmou que o estrogonofe será mantido no menu. O anúncio foi feito nesta quarta (9) pelas redes sociais menos de um dia depois de a casa dizer que pararia de vender um de seus pratos mais famosos como for de protesto contra a guerra na Ucrânia.
Na terça (8), a chef Janaína Rueda do restaurante localizado nos pés do Copan disse que tiraria a receita do cardápio como maneira de chamar a atenção das pessoas para o confronto, que começou em 24 de fevereiro, com tropas russas invadindo território ucraniano. "Mas não é um cancelamento da Rússia", ressalta. "É mais uma forma de dizer que estamos contra quem começou isso."
Servido desde a inauguração do endereço, em abril de 2008, o estrogonofe custa R$ 76 e é um dos itens mais vendidos da casa —e o prato favorito da chef, diz ela. "Para mim, é um prato que já se tornou popular brasileiro." Apesar disso, Rueda lembra que a receita é russa e diz acreditar que a gastronomia também tem o papel de apresentar a cultura de outros países.
"Com o estrogonofe, eu conto a história dos russos há 15 anos no meu restaurante."
Não só em seu restaurante. Em 2016, a chef começou a trabalhar com a reformulação do programa de alimentação escolar dos colégios estaduais de São Paulo, em um programa que previa a troca de produtos industrializados por ingredientes frescos nos pratos das crianças. O estrogonofe estava no cardápio.
Existem algumas histórias sobre a origem do prato na Rússia. O certo é que a receita original trazia lascas de carne bovina e cogumelos misturados a smetana, creme de leite azedo russo.
Alguns dos ingredientes indispensáveis da versão original são páprica picante, duas colheres de conhaque, molho inglês, mostarda forte, molho rôti (do cozimento da carne), cogumelos frescos, pepinos em conserva, creme de leite azedo e, claro, filé-mignon.
A receita tornou-se popular depois de chegar à França, após a Revolução Russa. Depois, se espalhou —França, Itália e Estados Unidos têm suas próprias leituras do estrogonofe, por exemplo. Assim como o Brasil.
A refeição começou a ser servida por aqui nos anos 1960 e logo ganhou "versões Herbert Richers", distanciando-se da receita original com a inclusão de ingredientes como creme de leite, ketchup, mostarda, camarões e frango. Além disso, o brasileiro não dispensa o arroz e a batata palha ou chips para acompanhar o prato.
"Eu sei que sou só uma formiguinha [diante da situação da guerra], mas, se todos se juntarem, alguma coisa pode mudar. Não estou sozinha", diz Rueda. A atitude lembra a de bares americanos, que trocaram o nome do drinque moscow mule para kiev mule, por exemplo. Mas Rueda também demonstra preocupação com seus colegas russos. "Toda a minha solidariedade a eles."
"Assim que o Putin recuar, a gente vai fazer uma festa com muita vodca e estrogonofe no Bar da Dona Onça", brinca a chef.