Mapu traduz Taiwan numa culinária sem arestas
Restaurante asiático da Vila Mariana é um jardim de delícias que não esvazia há cinco anos
Já é assinante? Faça seu login
Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:
Oferta Exclusiva
6 meses por R$ 1,90/mês
SOMENTE ESSA SEMANA
ASSINE A FOLHACancele quando quiser
Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.
O tempo foi passando e o frisson do começo só engrossou. O sobrado da Vila Mariana onde funciona o Mapu Baos e Comidinhas continua cheio, no almoço e no jantar.
A clientela que chega sem reserva faz fila para dar nome e se espalha pela calçada à espera de uma mesa vagar, um olho no atendente e outro em pratos alheios, vigiando as mesas no que antes era a garagem da casa.
Quem não é acomodado no térreo sobe uma escadinha estreita, passando pelo balcão onde funcionam bar e parte da cozinha de finalização.
Entre o público predominam jovens casais, grupos de amigos, casais com filhos --muitos chegam a pé e já sabem o que vão pedir.
O Mapu começou como food truck e subiu de fase em 2019, quando seu dono, Duilio Lin, abriu um ponto na Rua Áurea e, pouco tempo depois, a "casinha" --a própria brigada chama o Mapu assim.
O pendão culinário veio da mãe, a imigrante taiwanesa Jasmine Chen, que chegou a cozinhar em templos budistas. Segundo o site, "mapu", em mandarim, significa "jardim" e "cultivo da mãe", daí a inspiração e homenagem.
No dia a dia, a cozinha é tocada por Caio Yokota e Victor Valadão.Bem sucedido na missão de traduzir sem arestas a comida de rua taiwanesa, o cardápio é amigável e enxuto.
Quem visita o Mapu sai contente, e ninguém volta lá para ser surpreendido --e isso não é exatamente um defeito.
Em molduras, meias infantis e camisetas decoram o espaço junto dos tecidos estampados de baos (pães assados no vapor). O Mapu é exatamente isso: quer vender baos fofos e sabores redondos, amáveis.
Os temperos agradam mas não entorpecem a boca. Se for preciso arrebitar um pouco o sabor, peça chilli oil (óleo de pimenta), feito com flocos de pimenta de Sichuan e servido a pedidos.
Das bebidas à sobremesa, os pratos são "colchões" de sabor para o protagonismo de ingredientes como amendoim, jasmim, manjericão, berinjela, gergelim, coentro.
O cardápio, montado sobre três pilares, é eficiente. Há pratos para compartilhar, como a berinjela cortada em pedaços, empanada e frita, coberta com cebolinha fresca e um fio de molho de missô e shoyu.
Já a porção de peito de frango empanado e frito, tratado antes com uma marinada de sal e pimenta, chegou à mesa com um perfume de manjericão.
A seção seguinte é a dos sanduíches com bao, e aqui o Mapu reina. O tradicional, com barriga de porco (panceta), se completa com a mostarda e o coentro.
O bao de pulled pork equilibra bem a carne de porco com a farofa de amendoim e folhas e talos de mostarda fermentados.
Bowls com arroz, ovo, conserva e uma porção de panceta completam a ala salgada do cardápio.
É na carta de drinques que o Mapu se arrisca mais e dança um tango. Mauricio Barbosa é o criador, entre outros, do amendoado Torradinho (R$ 26), feito com falernum --espécie de licor doce caribenho usado em drinques-- e do elegante Chora que Ela Volta (R$ 44), com jerez fino, Lillet Blanc, mel de abelha mandaguari e sal de shissô fermentado.
Dos doces, vá sem medo ao zhima bao (R$ 16), o pão assado no vapor e recheado com gergelim preto tostado, doce na medida, além da verrine de sagu no leite de coco e pedaços de manga (R$ 27) --o serviço faz um salamaleque ao verter a calda de jasmim na frente do cliente e recomenda levar a colher até o fundo e capturar, na subida, a folha de manjericão que herbaliza a sobremesa. Siga a sugestão.
Mapu
R. Áurea, 267, Vila Mariana, região sul. Tel.: (11) 3384-8535. @mapubaos