Descrição de chapéu Artes Cênicas
Teatro

Grupo Galpão celebra 40 anos com três peças encenadas em SP em dezembro

Trupe mineira de teatro apresenta temporada comemorativa de peças próprias na capital paulista

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

3 meses por R$1,90

+ 6 de R$ 19,90 R$ 9,90

ASSINE A FOLHA
ou

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Renato Contente
São Paulo

A comunicação direta com o público é o grande banquete que sacia o Grupo Galpão desde a sua fundação, em 1982, entre corredores universitários e as ruas de Belo Horizonte. Neste ano, a trupe teatral completa quatro décadas sem nunca ter interrompido as atividades.

Cena da peça 'Til, A Saga de um Herói Torto', do Grupo Galpão - Humberto Araujo/Divulgação

Após um período marcado pelos desafios impostos pela pandemia de Covid-19 e por políticas culturais debilitadas, o grupo vem retomando a agenda presencial aos poucos. Em São Paulo, a trupe celebra a efeméride com uma temporada de três espetáculos, encenados entre 3 e 17 de dezembro, em diferentes espaços da capital.

A agenda começa com "De Tempo Somos" (2014), apresentado no teatro Flávio Império, em Cangaíba, na região leste, neste sábado, 3, e domingo, 4. Os demais, por sua vez, ocupam palcos na região central: "Till, A Saga de um Herói Torto" (2009), é encenado no teatro Procópio Ferreira, no bairro de Cerqueira César, de terça, 6, a quinta, 8, e "Nós" (2016), no Centro Cultural Olido, na República, de 14 a 17.

Em formato de sarau, "De Tempo Somos" reúne canções e fragmentos de textos de autores como Eduardo Galeano e Jack Kerouac. Já a tragicomédia medieval "Till, A Saga de um Herói Torto" dá luz a um típico anti-herói dotado de artimanhas, enquanto "Nós" propõe um denso jogo de cena que debate questões como violência e intolerância.

Mesmo com um trabalho consolidado em termos de pesquisa, memória e repertório, somando 24 espetáculos próprios e outras estatísticas que o dispõe como um dos coletivos mais representativos do teatro brasileiro contemporâneo, o Galpão não fugiu à regra e enfrentou sérias dificuldades para permanecer em atividade na pandemia.

A estratégia adotada por eles, também usada por outros grupos ao redor do país, foi desenvolver experiências cênicas em formatos híbridos em plataformas digitais, o que garantiu a continuidade de processos de pesquisa e experimentação do grupo e, não menos importante, a entrada de receita para mantê-lo sustentável.

"Quando a pandemia eclodiu, estávamos em vias de estrear um espetáculo sobre poetas brasileiros, que acabou se transformando em outros produtos, como peças virtuais e pequenos filmes. Foi um processo complexo e desafiador, especialmente diante de um governo que impôs obstáculos claros à cultura. Hoje vemos isso como um 'tour de force' que ressaltou a capacidade de sobrevivência de um grupo teatral que quase não seguiu em frente", diz Eduardo Moreira, um dos fundadores do coletivo.

Ações como o projeto "Dramaturgias", no qual dramaturgos e diretores de relevo foram convidados para desenvolver cenas curtas, e a peça virtual "Sonhos de uma Noite com o Galpão", construída a partir de relatos de sonhos na pandemia, com direção de Pedro Brício, estiveram no escopo do grupo durante esse período, além do lançamento do livro "Grupo Galpão: Tempos de Viver e de Contar", com textos críticos, ensaios e imagens.

Aos 81 anos, a atriz Teuda Bara, também no grupo desde a sua fundação, esteve afastada nos últimos meses para cuidar da saúde. Na temporada atual, ela volta à cena em "Nós".

Teuda Bara em cena do espetáculo 'Sonhos de uma Noite com o Galpão' - Alexandre Rezende/Divulgação

"Retomar o contato presencial com o público e celebrar 40 anos de Galpão depois de tempos sombrios é uma alegria. O teatro sempre teve esse papel de resiliência, de humanidade, de levar às pessoas a consciência de estar no mundo. E nós vamos dar a volta por cima. Estou com toda a força para lutar ainda mais um tiquinho", diz a atriz.

Para 2023, as energias do coletivo estão voltadas para um espetáculo-cabaré baseado na obra de Bertolt Brecht, com direção de Eduardo Moreira e Júlio Maciel, além da continuidade de projetos de oficinas e ações com parceiros.

Para a atriz e diretora Inês Peixoto, na trupe há 30 anos, os textos de Brecht seguem refletindo o que vivemos enquanto humanidade. "Isso se conecta ao que o Galpão vem construindo continuamente ao longo dessas décadas e ao que o próprio teatro se propõe, que é sensibilizar as pessoas, ser um esteio de seu tempo", afirma.

"O teatro, como tentamos acionar no coletivo, é um exercício diário de diálogo, democracia e empatia —que são elementos que precisam ser potencializados entre nós com urgência", conclui Peixoto.

TEMPORADA GALPÃO 40 ANOS

De Tempo Somos
Direção: Lydia Del Picchia e Simone Ordones. Com: Antonio Edson, Beto Franco e Eduardo Moreira. Teatro Flávio Império - r. Prof. Alves Pedroso, 600, Cangaíba, região leste. Livre. Sáb. (3) e dom. (4), às 18h. Grátis


Till, A Saga de um Herói Torto
Direção: Júlio Maciel. Texto: Luís Alberto de Abreu. Com: Antonio Edson, Beto Franco e Eliseu Custódio. Teatro Procópio Ferreira - r. Augusta, 2.823, Cerqueira César, região central. Livre. Ter. e qua., às 21h; qui., às 18h e 21h. De 6/12 a 8/12. R$ 40 em sympla.com.br


Nós
Direção: Marcio Abreu. Texto: Marcio Abreu e Eduardo Moreira. Com: Antonio Edson, Beto Franco e Eduardo Moreira. Centro Cultural Olido - av. São João, 473, região central. 16 anos. Qua. a sáb., às 19h. De 14/12 a 17/12. Grátis