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Teatro

Conto de Mia Couto e Agualusa sobre assassino de mulheres inspira peça em SP

'Chovem Amores na Rua do Matador' estreia no Teatro Sérgio Cardoso em quatro apresentações

São Paulo

Após muitos anos, um homem retorna a sua terra natal, uma pequena vila de Moçambique, onde deseja assassinar três mulheres que fizeram parte de sua vida. E, assim, encerrar a má sorte que o persegue e que ele acredita ter sido gerada por elas.

O ator Expedito Araújo em leitura da peca 'Chovem Amores na Rua do Matador', no teatro Sérgio Cardoso
O ator Expedito Araújo em leitura da peca 'Chovem Amores na Rua do Matador', no teatro Sérgio Cardoso - Greg Salibian/Folhapres

O que a princípio tem ares de uma trama de vingança ganha contornos mais profundos e existenciais em "Chovem Amores na Rua do Matador", conto do moçambicano Mia Couto e do angolano José Eduardo Agualusa que ganha sua primeira adaptação no Brasil pelas mãos do ator e diretor Expedito Araújo.

Brasileiro radicado em Moçambique, Araújo volta ao país para quatro únicas apresentações do espetáculo no Teatro Sérgio Cardoso, onde dá vida sozinho ao amargurado Baltazar Fortuna e às suas três ex-mulheres, Mariana Chubichuba, Judite Malimali e Ermelinda Feitinha.

"Tudo é imprevisível nessa história, que propõe uma reflexão sobre a nossa condição humana e sobre essa discussão de gêneros. A gente discute, principalmente, a capacidade de amar", afirma o ator e diretor, que assina a adaptação do texto ao lado de Mia Couto.

Ao longo de uma hora, "Chovem Amores na Rua do Matador" narra a relação do protagonista com a vida e a má sorte, além de explicar o motivo de ele ligar seu azar a essas mulheres e decidir matá-las.

"São várias trocas de figurino no palco, com personalidades completamente diferentes e um desafio gigante, porque estamos na contramão do que está acontecendo no teatro, que tem cada vez mais tecnologia, cenários, elencos grandes e microfone no palco."

Idealizada antes da pandemia, a montagem contaria com a presença do próprio Mia Couto durante a temporada. O autor de obras como "Terra Sonâmbula", um dos mais incensados da língua portuguesa, comporia a turnê para falar sobre o texto e a adaptação. Mas tanto as apresentações em São Paulo quanto as que devem percorrer pelo menos sete cidades terão apenas Araújo.

"Mia Couto surge num momento de limbo entre o que foi o século 20 e o que se apresentava no século 21 para a literatura", afirma Araújo. "Ele conecta as pessoas —e é o que acontece com esse texto. Você não consegue deixar de querer saber o que se desenvolve ali."

Chovem Amores na Rua do Matador

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