Paribar, tradicional reduto boêmio no centro de São Paulo, fecha as portas

Local, que foi frequentado por Tarsila do Amaral, disse que fim foi causado pela violência na região

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São Paulo

O Paribar, endereço histórico da boemia paulistana, vai fechar as portas. O último dia de funcionamento será no almoço da segunda, dia 26.

Localizado na praça Dom José Gaspar, no centro de São Paulo, e considerado o primeiro lugar a colocar mesas e cadeiras na calçada, o bar estava sendo comandado por Luiz Campiglia havia 17 anos. Os motivos para o fechamento são vários, afirma o empresário, mas o principal deles é a atual violência na região.

"A calçada é parte do DNA do Paribar. Não poder colocar mesas na rua acaba com o negócio", diz ele.

Fachada do Paribar, comandado por Luiz Campiglia - Carol Guedes/Folhapress

O Paribar fecha as portas após ser pioneiro do atual movimento de bares e restaurantes que surgiram depois ao redor do Copan e da rua Major Sertório. "Nós fomos um dos primeiros a chegar, em 2005, e vimos todo um florescer. Fico muito triste em ver o abandono atual da região", afirma Campiglia.

Mas o bar vem de muito antes. Aberto em 1949 atrás da Biblioteca Mário de Andrade, o endereço era frequentado por alguns representantes do movimento modernista, como Tarsila do Amaral, Oswald de Andrade e Sérgio Milliet.

O local fechou as portas pela primeira vez em 1983, até que em 2005 foi reaberto sob o comando de Campiglia, mas com outro nome e com uma pegada de café-restaurante. Em 2010, o reduto boêmio voltou a se chamar Paribar e buscou retomar a aura de antes.

A história do centro paulistano e do próprio Paribar, com seus ilustres clientes, serviu de inspiração para Campiglia criar um novo menu do restaurante, que resgata até ingredientes da época dos jesuítas.

O bar, que atendia como restaurante na hora do almoço, na parte da tarde animava quem ficava na praça com música —ficaram célebres as festas que tomavam conta da praça, como a Selvagem. Os eventos de rua e a história da comida de São Paulo são coisas que o empresário levará consigo, diz ele.

Sobre planos futuros, ele confessa que ainda está com "fobia" de qualquer novo negócio por enquanto, mas diz que continuará os estudos sobre a importância da alimentação na construção da cidade e projetos que envolvam comida.

Luiz Campiglia em frente ao Paribar, que fecha as portas - Karime Xavier/Folhapress

Para quem quiser se despedir, o último brinde está marcado para segunda.