A cidade de São Paulo é recheada de cinemas, mas não tem tantos espaços considerados VIPs —são 11, chamados assim por terem salas com conforto superior às normais, cardápio gourmet e até atendimento de garçons. O Guia testou todos e, pela segunda vez, o Kinoplex Parque da Cidade levou o troféu.

Um saguão com pé-direito alto e decoração elegante, com um pilar coberto por madeira que sobe ao teto como se fosse uma árvore, recebe os cinéfilos. Cadeiras acolchoadas e sofás ficam espalhados pelo hall, ornado com abajures, plantas artificiais e mais madeira nas paredes e no chão.

Tudo isso já ajuda a criar um clima reservado, com ares de exclusividade. Janelões de vidro que ocupam de cima a baixo descortinam uma vista para a cidade e trazem respiro, acabando com aquele ideia de que cinemas devem ser enclausurados dentro de centros comerciais, próximos a barulhentas praças de alimentação.

A rede carioca Kinoplex conta com as chamadas salas platinum em outras duas unidades na capital, no Itaim Bibi e na Vila Olímpia. Mas a do Parque da Cidade, na zona sul, é a única dedicada apenas às VIPs.

São seis opções. A maior delas tem capacidade para 189 pessoas, enquanto a menor recebe 65. A sala 2, porém, ainda não foi finalizada e não há previsão de abertura.

Há quem aproveite a tranquilidade do saguão, em especial nas sessões matutinas em dias de semana, para ler um livro nas poltronas ou bater um papo. Outro programa é tomar um drinque antes ou depois do filme no bar instalado no hall, que conta com balcão e banquetas altas. Garrafas de bebidas expostas nas paredes completam a decoração.

Na carta, há 19 opções de coquetéis, além de uísques, com misturas batizadas com nomes de filmes. O Laranja Mecânica (R$ 34), por exemplo, é preparado com espumante e suco de laranja. O Mad Max (R$ 28) leva uísque, Sprite, essência de limão e gelo.

Mas a atração principal fica dentro das salas: as confortáveis poltronas. Mais espaçosas do que os assentos regulares, elas são macias, têm apoio para os pés e boa reclinação.

O estofado, em tons de marrom, é feito de vinil ecológico. O encosto e o assento são moldados em espuma de poliuretano injetada a frio, explica a rede, o que ajuda no isolamento térmico. Molas sem flexões reforçam o apoio lombar e a capacidade de carga.

As poltronas são separadas de duas em duas, com um espaçamento maior entre elas e divisórias de madeira que formam pequenos camarotes. Uma mesinha acoplada ao assento serve de apoio para comes e bebes.

Os pedidos da bonbonnière podem ser entregues direto nas salas. No menu, com pegada gourmet, há porções de batatas rústicas, temperadas com azeite, chimichurri e sal, acompanhadas de molho —custam R$ 22—, além da tábua de frios, que inclui uma seleção de frios com pães e azeitonas recheadas, por R$ 39.

A pipoca aparece em uma versão rebuscada. A salgada tem fondue de cheddar (R$ 26). A de caramelo vai com fondue de chocolate e azeite de limão-siciliano (R$ 26). De sobremesa, o destaque é o milk-shake de pipoca, que mistura sorvete de creme, leite, chantili, calda e pipoca doce de caramelo (R$ 19).

Com tudo isso, é possível encarar tranquilamente títulos longos como "Drive My Car", filme japonês que concorre ao Oscar e tem três horas de duração. Mas a programação reúne também blockbusters como "Batman", oscarizados como "Licorice Pizza" e animações infantis como "Os Caras Malvados", em opções dubladas ou legendadas.

O endereço ganha vantagem ainda ao oferecer os preços mais em conta entre os complexos VIPs. Às segundas, terças e quartas, todos pagam meia-entrada, com ingressos a R$ 20 para as sessões em 2D e a R$ 22 para projeções em 3D. De quinta a domingo e feriados, os preços sobem para R$ 44 e R$ 48.

Finalizam a experiência o atendimento cordial, a limpeza e os protocolos sanitários contra a Covid seguidos de forma cuidadosa. A acessibilidade faz bonito, com assentos para pessoas obesas e lugares reservados para cadeirantes bem posicionados, com rampas de acesso e elevadores adaptados.