Talvez a qualidade de som não seja a primeira coisa que vem à cabeça quando pensamos em eleger o melhor cinema de São Paulo. Mas é fundamental —e, nesse quesito, o sistema Dolby Atmos é pentacampeão.
Presente ainda em poucos complexos, a tecnologia alcançou nota máxima no ranking do Guia nas salas 8 Xplus do UCI Santana Parque Shopping e na sala 1 do Cine Marquise, que instalou a marca no ano passado, após uma reforma.
O Dolby Atmos é distribuído em dezenas de caixas espalhadas por toda a sala, inclusive no teto, para causar um efeito sonoro de 360º. Em um filme cuja mixagem seja um dos destaques, como "Batman", as cenas de chuva dão a sensação de que o cinema está realmente sob água.
A definição sonora impressiona tanto em cenas de ação, quando há um conjunto grande de sons ecoando ao mesmo tempo, quanto em momentos de quase silêncio, como quando Bruce Wayne praticamente sussurra alguma frase. É como se Robert Pattinson, o ex-vampiro de "Crepúsculo" promovido a Homem-Morcego, sussurrasse próximo dos nossos ouvidos.
Durante uma perseguição no filme, quando o herói da DC vai com seu batmóvel atrás do vilão Pinguim, os espectadores ouvem nitidamente os movimentos dos carros —de um lado a outro da sala, depois mais à frente e passando pela posição em que estamos sentados na poltrona. É como se estivéssemos dentro do longa, em um assento privilegiado.
Mas nem tudo são flores, é claro. E cabe lembrar que qualidade sonora não necessariamente está ligada ao volume na sala de cinema. Em uma sessão no UCI Santana Parque Shopping, antes mesmo de o filme começar, durante um vídeo de apresentação do próprio Dolby Atmos, o barulho estava tão alto que espectadores chegaram a comentar que poderiam ficar surdos. No entanto, foi o único momento em que o ruído pareceu mais estridente do que deveria.
Na mesma sessão, durante a primeira cena de ação do protagonista, foi registrado um volume de 105 decibéis. Já na maior parte da projeção, a intensidade do som ficou entre 85 dB e 95 dB.
Segundo Ricardo Bento, otorrinolaringologista e professor da Faculdade de Medicina da USP, volumes entre 80 dB e 90 dB podem ser prejudiciais ao ouvido humano se as pessoas ficarem expostas a eles por cerca de sete ou oito horas contínuas.
No caso de picos de 105 dB, eles poderiam causar danos às células do ouvido humano em exposições contínuas de cerca de cinco a dez minutos, a depender do indivíduo. No entanto, essas escalas mais altas foram registradas no cinema apenas em cenas específicas, com poucos segundos de exposição.
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