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Batman de Robert Pattinson parece um emo de cabelo lambido, mas com os pés no chão

Comparado às versões de Michael Keaton e Christian Bale, novo herói mantém o realismo

Um Batman mais detetivesco e com os pés no chão, sem tantas bugigangas tecnológicas e usando equipamentos mais condizentes com a realidade. Esse é o super-herói criado pelo ator Robert Pattinson e pelo diretor Matt Reeves para o longa-metragem "Batman", que estreia nesta quinta (3) —e bota longa nisso: são duas horas e 55 minutos de duração.

Por exemplo, para entrar no covil dos gângsteres, o novo Batman bate na porta e diz ao segurança que quer falar com o chefe. Se fosse o super-herói de Michael Keaton, que interpretou o herói em "Batman", de 1989, e "Batman: O Retorno", de 1992, por exemplo, ele entraria saltando com a bat-corda pelo alto, estourando a claraboia.

Robert Pattinson em cena do filme "O Batman", de Matt Reeves
Robert Pattinson em cena do filme 'Batman', novo longa de Matt Reeves - Divulgação

Para perseguir o Pinguim, o novo Batman dirige um muscle car, tipo de carro esporte americano dos anos 1970, com o Mustang ou o Camaro. Fosse o personagem de Christian Bale, de "Batman Begins", de 2005, "Batman - O Cavaleiro das Trevas", de 2008, e "Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge", de 2012, ele estaria dirigindo um tanque de guerra pelas ruas de Gotham.

Para fugir de perseguidores do alto de um prédio, o novo Batman usa uma wingsuit, como os praticantes do esporte perigosíssimo, que promove voos com esse equipamento e já matou pelo menos 40 pessoas neste século. Se fosse o Batman de Ben Affleck, que apareceu em "Batman vs. Superman", de 2016, e "A Liga da Justiça", de 2017, ele estaria usando ganchos retráteis de fabricação própria.

Outra novidade, que sempre se transforma com a mudança de atores e diretores, é o uniforme do herói. Desta vez, ele não usa uma armadura completa, mas uma colcha de retalhos que mistura vários tecidos e placas de metal. A capa é ainda mais esquisita: tem uma gola que envolve a parte de trás do pescoço, sabe-se lá por quê.

Por fim, o novo Bruce Wayne de Pattinson parece um emo, com o cabelo comprido e lambido escorrendo pelos lados do rosto. Bem diferente do Bruce Wayne galanteador de Keaton ou do atormentado de Bale.

Robert Pattinson é o sexto ator a encarnar Batman desde os anos 1980. Não foi uma escolha unânime, dividindo fãs, que torceram o nariz para um cara bonitinho demais e amado pelas meninas, já que ele despontou fazendo um vampiro na franquia "Crepúsculo".

Algo parecido aconteceu com o ator dos dois longas dirigidos por Tim Burton. Michael Keaton foi execrado na época por não ser musculoso e por ser conhecido pela verve cômica. Mesmo assim, seu trabalho pareceu digno de um príncipe da Dinamarca quando o diretor Joel Schumacher assumiu a série com "Batman Eternamente" (1995) e "Batman e Robin" (1997).

No primeiro deles, o diretor escalou Val Kilmer, com quem brigou durante as filmagens e a quem mais tarde chamou de infantil. No segundo, George Clooney assumiu o papel, para seu grande arrependimento. Em comum, o fato de Schumacher ter dirigido filmes mais familiares e cartunescos, nos quais os vilões —sempre interpretados por grandes estrelas, como Jim Carrey e Arnold Schwarzenegger— eram as maiores atrações.

Mas a maior marca desses dois filmes acabou sendo o fato, ridicularizado por toda a imprensa, de que as armaduras de Batman tinham mamilos. Schumacher, que morreu em 2020, foi acusado de erotizar as imagens dos heróis, ao que ele respondeu ter se inspirado em estátuas gregas, "anatomicamente perfeitas".

Os atores George Clooney (esq.) e Chris O'Donnel em cena do filme "Batman e Robin"
Os atores George Clooney (esq.) e Chris O'Donnel em cena do filme 'Batman e Robin', com roupas com mamilos - Divulgação

Depois dessa confusão, o Batman violento e hipertecnológico de Christian Bale foi saudado como realista e mais fiel aos quadrinhos. Já o de Ben Affleck é um indivíduo meio revoltado e às voltas com seres de todos os tipos.

Mas realista mesmo é o Batman de Pattinson, que percorre a chuvosa Gotham de moto, enquanto os alto-falantes do cinema cospem "Something in the Way", do Nirvana. São cenas que foram apontadas por críticos como tributos a "Taxi Driver" (1976), de Martin Scorsese, e a "Seven – Os Sete Crimes Capitais" (1995), de David Fincher.

Seja qual for a bilheteria de "Batman", que estreia mundialmente nesta semana, ser comparado a obras desse quilate já evidencia uma grande vitória para Matt Reeves e Robert Pattinson. Pode aguardar que o segundo e o terceiro filmes já estão programados.

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