Sampa Sky tem quatro horas de fila para visitante ficar 90 segundos nos mirantes de vidro
Sistema de reserva da nova atração em SP não impede a espera e as reclamações
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A vida de quem vai tirar uma foto no Sampa Sky não está sendo fácil. A atração, que conta com dois mirantes feitos inteiramente de vidro no 42º andar do edifício Mirante do Vale, no centro de São Paulo, mal foi inaugurada e já acumula reclamações e críticas na internet. Mesmo que seja preciso marcar dia e hora para conhecer o espaço, as filas chegam a durar quatro horas —após essa longa espera, as pessoas podem ficar apenas 90 segundos em cada um dos dois aquários transparentes suspensos.
O Sampa Sky abriu as portas ao público há quase dois meses, em 8 de agosto. A ideia do espaço é oferecer ao público uma vista do alto da capital paulista, mas muitos não sabem que, para isso, é preciso passar horas aguardando mesmo com a visita agendada.
Em um dos deques é possível ver o vale do Anhangabaú, o edifício Martinelli e o Farol Santander. No outro, que fica na face leste do prédio, o que mais impressiona é a vista do chão de vidro, que dá direto para a avenida Prestes Maia. Os espaços têm cerca de 150 metros de altura em relação ao chão.
Os primeiros dias de operação parecem ter sido os mais difíceis. A assistente de marketing Ana Paula Bernardo, que visitou o local em 10 de agosto, dois dias depois da inauguração, conta que precisou enfrentar três filas. A primeira espera, para poder entrar na fila do elevador, durou dez minutos. A segunda, a da fila do elevador para subir ao andar do Sampa Sky, levou cerca de 25 minutos.
A pior foi a terceira. Apesar de ter chegado ao local com antecedência e tendo horário marcado para as 15h, Bernardo só conseguiu chegar aos aquários de vidro quase quatro horas depois de ter subido ao 42º andar, aproximadamente às 19h. Foram quatro horas de espera.
Segundo ela, para piorar, as pessoas na fila não respeitavam o distanciamento social exigido pelas medidas de segurança contra a Covid-19. “Os funcionários não falavam nada sobre isso, não pediam para que as pessoas se afastassem umas das outras”. Ela também reclamou da limpeza dos vidros. “Como as pessoas deitavam no chão do deque e colocavam as mãos nas paredes, estava todo engordurado e sujo”, diz.
Segundo o Sampa Sky, os aquários são limpos diariamente antes dos visitantes chegarem e, durante o dia, são feitas de duas a três higienizações nos espaços.
Álex Mateus de Abreu também decidiu visitar a atração no dia 10 de agosto e não teve uma experiência muito diferente. Com horário marcado para as 12h30, ele só conseguiu pisar nos deques de vidro perto das 16h.
Segundo Alessandro Martineli, sócio do Sampa Sky, os primeiros dias foram confusos e serviram para a empresa entender como a operação seria dali em diante. “Na primeira semana chegamos a ter seis horas de fila”, revela. Ele diz que o Sampa Sky mandou emails para quem visitou o espaço nos dois primeiros dias oferecendo cortesias para retornarem em novembro.
“Houve um erro de cálculo no começo. A gente não tem vergonha de assumir isso. Não sabíamos como seria a dinâmica, mas aprendemos rápido. Nós ainda estamos em fase de teste”, segue Martineli.
Mas as filas seguiram ocorrendo durante todo o mês de agosto e de setembro. No fim de semana de 18 de setembro, por exemplo, a espera chegou a quatro horas para conseguir entrar nos deques de vidro.
Frente a isso, a empresa decidiu liberar o cancelamento já no terceiro dia de funcionamento —quem não quisesse enfrentar a fila podia reagendar o passeio ou, simplesmente, solicitar o reembolso. O problema é que esse também parece ser outro processo lento.
Os problemas foram tantos que o Sampa Sky criou um espaço no térreo do prédio para realizar o cancelamento ou reagendar a visita na hora em que a pessoa chega à atração. Mas Oliveira decidiu fazer isso em casa, pela internet. "Lá estava muito cheio, não quis arriscar por causa da Covid-19", diz.
Martineli, o sócio do local, afirma que, em 19 de agosto, a atração inaugurou um sistema que cria uma fila digital. Com isso, os visitantes começaram a ser chamados por senha, sem ter a necessidade de fazer uma fila física. Hoje ficam de 150 a 180 pessoas ao mesmo tempo no andar, espalhadas, com a possibilidade de tomar um café, aguardando seu número ser chamado numa tela para poder entrar em cada deque.
Mas a nova dinâmica tampouco mudou o tempo de espera. Ainda é necessário aguardar de uma hora e meia a quatro horas. Martineli afirma que os clientes estão sendo avisados previamente sobre o tempo por email. “A gente acredita que aguardar por até duas horas e meia ainda faz com que a experiência seja bacana. Mais do que isso, a gente não gosta”, diz.
Para evitar as filas intermináveis, o dono fala que a melhor solução é marcar a visita para os primeiros horários. “Quem comprar para o primeiro horário tem uma chance muito pequena de pegar fila”, diz. Quanto mais tarde, mais demorada será a sua experiência. E, segundo ele, não há diferença entre dias de semana ou sábados e domingos —todos costumam estar lotados.
Outro ponto que parece estar incomodando as pessoas é a indecisão da empresa sobre o uso de máscaras na hora de tirar fotos nos mirantes. Segundo Ana Paula Bernardo, os funcionários do Sampa Sky até fiscalizavam o uso do equipamento de segurança nas filas quando ela fez a visita, mas, na hora de entrar nos aquários, ninguém parecia saber ao certo qual era a recomendação.
Martineli diz que, mesmo que os funcionários peçam para as pessoas não tirarem a máscara, elas retiram o equipamento de segurança mesmo assim. “A gente parou de brigar”, diz
A legislação paulista, no entanto, exige o uso de máscaras em estabelecimentos e locais de convívio público. Em caso de descumprimento, a multa para as pessoas é de R$ 552,71; para os estabelecimentos, é de R$ 5.294,38 por frequentador que estiver sem o equipamento.
O local está com vendas de ingressos abertas para o mês de novembro e, segundo a empresa, alguns dias deste mês terão redução na quantidade de visitantes. Outra medida tomada pelo Sampa Sky para evitar o excesso de gente foi entrar em contato com alguns clientes que marcaram visita para fins de semana de novembro e oferecer uma troca para uma nova data mais vazia, como o dia 1º de novembro, por exemplo, que cai numa segunda-feira —dia em que o Sampa Sky normalmente não abriria, mas agora vai.
A partir de dezembro, o lugar passará por uma reformulação e começará a receber menos pessoas, mas Martineli não revelou qual será a nova capacidade. Os preços também vão mudar. Quem deixar para ir no último mês do ano vai desembolsar a partir de R$ 80 pela entrada inteira —hoje o ingresso cheio custa R$ 60. Ele ainda diz que o local vai ganhar algumas atrações especiais para o Natal, com novos pontos para fotos. Os bilhetes devem começar a ser vendidos em 4 de outubro no sympla.com.br.
Se você decidir ir ao espaço, é calcular um adicional de, pelo menos, uma hora e meia em relação à hora marcada. O jeito é ir com —muita— paciência e torcer para que a bateria do celular dure até que chegue o momento de tirar fotos nos mirantes de vidro.