Pixar ganha exposição e musical em SP e imita a Disney ao buscar domínio fora das telas
'Pixar in Concert' e 'Mundo Pixar' entram em cartaz em julho na cidade e seduzem os nostálgicos
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Ao sinal do maestro, uma das canções do filme "Toy Story" preenche o Teatro Alfa. Tocada pela Orquestra Sinfônica Villa-Lobos, a melodia faz parte do espetáculo "Pixar in Concert", que estreia neste sábado, dia 9, na casa de shows paulistana. Nele, por quase duas horas, os músicos recriam temas de animações como "Procurando Nemo" e "Monstros S.A.", enquanto trechos dos longas são exibidos num telão.
A cerca de 15 minutos de carro dali, no shopping Eldorado, o som ainda é de marteladas e furadeiras. Pode não parecer, mas os ruídos têm tudo a ver com o concerto.
É lá que a mostra "Mundo Pixar" será inaugurada daqui a duas semanas, no dia 20 de julho, reunindo réplicas em grande escala de cenários de diferentes filmes do estúdio, como a casa de "Up - Altas Aventuras", a fábrica de "Monstros S.A.", o quarto de brinquedos de "Toy Story" e a cozinha de "Ratatouille".
A overdose de atrações da Pixar na cidade revela um desejo da marca —levar suas criações também para fora das telas e criar atrações que possam viralizar nas redes sociais, divulgar seus filmes e ampliar as fontes de renda.
Esse movimento é recente no Brasil, onde a Pixar não costumava promover atrações desse porte. Mas, mesmo lá fora, não é algo tão antigo, embora esteja mais consolidado. Prova disso é que a franquia "Toy Story", cujo primeiro longa tem mais de 25 anos de idade, só foi virar parque de diversões da Disney nos Estados Unidos há pouco tempo, em 2018.
"Acho que toda a Walt Disney Company, incluindo a Pixar, quer sair das telas para criar eventos que sejam bons para a empresa, para as marcas e para o consumidor", afirma Giselle Ghinsberg, diretora de vendas publicitárias da Disney Brasil.
O estúdio de animação foi comprado em 2006 pela empresa do Mickey, que há décadas faz obras virarem espetáculos fora dos cinemas e do streaming. Só nos últimos meses, por exemplo, passaram por São Paulo o musical "Disney on Ice" e um concerto semelhante ao da Pixar.
Mas há um certo ruído nessa nova fase do estúdio de animação, que não cria longas pensados para o universo offline. Basta ouvir as suas músicas, que costumam ser mais tímidas do que as da Disney, que já venceu o Oscar de melhor canção com nove animações, entre elas "O Rei Leão", "Aladdin", "Pocahontas" e "Frozen - Uma Aventura Congelante". Isso sem falar no sucesso estrondoso de "Não Falamos do Bruno", de "Encanto".
Não é que a Pixar já não tenha conseguido o troféu –o estúdio até foi oscarizado na categoria com "Toy Story 3" e "Viva - A Vida é Uma Festa". Mas basta estar na plateia do "Pixar in Concert" para rapidamente ficar perdido entre trilhas que soam genéricas. Mesmo para um fã, é difícil reconhecer de qual longa é determinada faixa reproduzida pela orquestra.
Uma das diferenças da versão brasileira do concerto é a aparição de cantores e de atores vestidos como personagens de "Toy Story". A produção diz que a decisão foi tomada para não ser um espetáculo só instrumental, mas capaz de agradar também as crianças.
Assim como o musical toca as faixas dos desenhos mais famosos, a exposição "Mundo Pixar" também decidiu priorizar os clássicos da Pixar. Dos filmes mais recentes, só "Lightyear" e "Soul" ganham áreas temáticas —mas "Luca", "Red - Crescer É Uma Fera" e "Dois Irmãos", por exemplo, não aparecem.
Com 2.800 m², a atração é toda visitada a pé, com paradas estratégicas para as pessoas tirarem fotos. Claudia Neufeld, vice-presidente de marketing da Disney Brasil, conta que a produção é brasileiríssima. "Apesar de trabalharmos numa empresa global, a gente tem autonomia", diz ela, acrescentando depois que foi preciso ter aprovação do estúdio americano para todas as etapas de criação e montagem.
A exposição já está com ingressos à venda, que custam a partir de R$ 60, mas com diversas datas esgotadas. Já quem quiser ir ao concerto precisa se apressar, pois as apresentações só ocorrem neste fim de semana e no próximo em São Paulo, mudando-se depois para o Rio de Janeiro.