Veja cinco comidas que 'fingem' ser estrangeiras, mas são criações brasileiras

Pão francês, torta holandesa e paleta mexicana são coisas nossas; saiba onde pedir

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São Paulo

O pão francês não vem da França. E quem pedir um parmigiana em um restaurante na Itália poderá receber um prato com berinjela —e não com carne, como é um clássico por aqui.

A lista de receitas brasileiras que levam o nome e a fama de outros países é longa e conta ainda com paletas mexicanas, que não são do México, e tortas holandesas, que não vieram da Holanda, por exemplo.

Conheça, a seguir, algumas delas e saiba onde encontrá-las em São Paulo. Afinal, elas podem não ser estrangeiras, mas seguem uma boa pedida.

Beirute
A capital do Líbano dá nome ao sanduíche que, bem, é brasileiro —o lanche original é uma versão do clássico bauru, mas feita com pão sírio.

Há quem diga que a receita foi criada em São Paulo, pelo imigrante libanês Fares Sader, do restaurante Bambi, que funcionou por 50 anos na alameda Santos e fechou as portas em 2001. Outra versão dá o crédito da receita à lanchonete Dunga, que funcionava ali perto, na rua Cubatão, e era gerido por integrantes da mesma família.

Mesmo que não seja o pai do prato, o Frevo carrega até hoje a fama de servir um dos melhores beirutes da capital paulista –o lanche compõe o menu da casa desde sua estreia, em 1956. As opções foram crescendo de acordo com as vontades e sugestões da clientela, a ponto de o menu trazer hoje 17 opções para o recheio, com beirutes que custam a partir de R$ 20.

Frevo - r. Oscar Freire, 588, Cerqueira César. Tel. (11) 3082-3434. Delivery via iFood


Bife à parmigiana
Clássico almoço em pê-efes e cantinas italianas, o filé empanado e frito servido com molho de tomate e queijo não existe em Parma, na Itália, como o nome sugere. A nossa receita parece combinar a parmigiana di melanzane, fatias fritas de berinjela servidas com molho de tomate e queijo, com a cotoletta, a nossa milanesa.

Em "A Formação da Culinária Brasileira", o sociólogo Carlos Alberto Dória diz que, segundo o historiador Ricardo Maranhão, o prato é criação de cozinheiros argentinos que estiveram em São Paulo nas primeiras décadas do século 20. Fato é que a receita se popularizou por aqui em um momento em que os imigrantes italianos se estabeleciam no país.

Não é difícil encontrar o prato em restaurantes de pegada italiana ou em qualquer "bar & lanches". Uma receita bem conhecida na Vila Buarque e em Santa Cecília é a do Jhony's. Por lá, a parmigiana de contra-filé custa de R$ 46 (para duas pessoas) a R$ 77 (para três ou mais).

Jhony's - r. Canuto do Val, 241 - Vila Buarque. Tel. (11) 98847-8739. Delivery via iFood e Uber Eats

Coberto com generosas camadas de queijo e molho, o bife à parmigiana do Jhony's é o carro chefe da casa - Otavio Valle

Paleta mexicana
A febre passou e não há mais uma paleteria a cada esquina —mas elas seguem por aí.

Os picolés de fruta existem no México e são, sim, chamados de paleta. O que o brasileiro fez foi dar aquela incrementada, incluindo os vários recheios que definiram a receita por aqui. O sucesso foi tanto que há, no México, a marca Paletería Brasileña, de picolés recheados.

Do mesmo jeito que pareciam brotar nas ruas, as paleterias sumiram. Para quem sente saudade, ainda dá para encontrar uma ou outra por aí. No Ipiranga, a Don Cameleon Paletas e Gelatos entrega os sorvetes via iFood. O pacote com 12 picolés de 60 g recheados custa R$ 69,90. Na loja, a pequena custa R$ 7, enquanto a grande sai por R$ 11. Novidade, as alcoólicas têm valores entre R$ 15 e R$ 20.

Paleta de morango recheada de leite condensado da Don Camaleon Paletas e Gelatos - Divulgação

Don Camaleon - r. Costa Aguiar, 1.196, Ipiranga. Tel. (11) 2063-4758. Delivery via iFood


Pão francês
Favorito do paulistano, diz-se que o pão francês foi criado no final do século 19, um período marcado pela influência francesa na elite brasileira. Era comum que os filhos dessa elite fossem estudar em Paris e voltassem para casa encantados com as delicadas baguetes francesas, diferentes dos pães rústicos da época.

Como não era possível reproduzir aquele pão, das adaptações nasceu o que a gente chama de pão francês —ou bengala, filão, pão de sal, cacetinho...

Uma dica para quem está na zona leste é o pãozinho da Cepam, que custa R$ 13,90 o quilo.

Cepam - r. Ibitirama, 1.409, Vila Prudente. Delivery p/ tel. (11) 2341-6644, WhatsApp (11) 93473-2780 ou iFood


Torta holandesa
Clássico nos bufês de sobremesa nos anos 1990, a torta holandesa tem origem que passa longe do cenário de tulipas, moinhos e predinhos coloridos colados uns aos outros em frente a um canal. Ela foi criada, na verdade, em Campinas, no interior de São Paulo, por uma confeiteira chamada Silvia Maria do Espírito Santo.

Em uma entrevista ao portal A Cidade On, ela conta que se inspirou em um pavê para criar o doce, que tem uma base feita com bolacha, um generoso recheio de creme e cobertura de chocolate. As bolachas tipo Calipso, cobertas de chocolate e que decoram o doce, são sua marca registrada.

De holandesa mesmo, a receita só tem o nome, em homenagem à família holandesa para a qual Espírito Santo havia trabalhado.

Em São Paulo, ela aparece no menu de confeitarias e cafeterias como o Café Girondino (R$ 18,90 a fatia, com entrega no iFood).

Café Girondino - R. Boa Vista, 365, Centro. Tel. (11) 4502-4752 (WhatsApp). Delivery via iFood

A torta holandesa foi criada em Campinas, interior de São Paulo - Marcelo Barabani/Folhapress