Restaurante Atto é inaugurado na antiga casa de Cacilda Becker em SP
Novo endereço, no Itaim Bibi, tem cozinha moderna e ambiente que remete ao universo do teatro
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Conhecido pelos prédios corporativos e pelos restaurantes badalados, o bairro paulistano do Itaim Bibi guarda um casarão que parece lutar contra o tempo, com portão baixo de pedras e gradeado de ferro. Mais do que um imóvel antigo resistente à especulação imobiliária na cidade, foi naquela casa que morou Cacilda Becker, a grande dama do teatro brasileiro.
"Hoje eu estou hospedada na casa dela", diz a chef Luiza Hoffman, que atualmente ocupa o endereço na zona oeste de São Paulo com seu novo restaurante, o Atto, aberto no começo de junho. Uma pequena reforma foi feita para abrigar o espaço, mas muito do projeto antigo se manteve —inclusive a enorme jabuticabeira do quintal.
Mas não é só o nome do empreendimento que remete ao universo teatral: o cardápio e a carta de drinques também têm inspiração no gosto de Cacilda e de seus colegas. Além disso, os visitantes são servidos em um ambiente marcado por obras de arte que lembram a antiga residente do imóvel, que morreu em 1969, aos 48 anos, depois de sofrer um derrame cerebral num dos intervalos de peça "Esperando Godot", na qual fazia o papel principal.
Um dos pratos que acenam ao gosto de Cacilda é o nhoque de milho —feito sem farinha, ele lembra uma pamonha servida em cubinhos dentro de uma fonduta de queijo mascarpone, parmesão crocante e minimilho tostado (R$ 68). O prato, conta Hoffman, também faz um aceno à sua avó. "Ela fazia nhoque de batata com milho quando não tinha batata o suficiente", lembra.
Assinada pela mixologista Talita Simões, a carta de drinques também traz referências à trajetória artística de Cacilda e ao teatro brasileiro. Entre os coquetéis, há o Vestido de Noiva —nome de uma das peças de Nelson Rodrigues, que foi estrelada pela atriz em montagem de 1946. A receita leva vodca de toranja, redução de goiaba, solução cítrica e espumante (R$ 40).
Há ainda uma seção com tipos de gim-tônica, batidinhas, coquetéis sem álcool e de clássicos com um toque especial. O Nicette Mule, por exemplo, é uma versão do moscow mule feita com bourbon no lugar da vodca. Custa R$ 38 e, é claro, dá uma piscadinha à atriz Nicette Bruno, morta em 2020.
Outras referências pessoais de Hoffman completam o menu do Atto, que apresenta receitas e preparos mediterrâneos, asiáticos e brasileiros com uma pegada mais leve e saudável. A chef é formada no Instituto Paul Bocuse, na França, especialista em alimentação macrobiótica e estagiou no restaurante Martin Berasategui, em San Sebastián, na Espanha, que tem três estrelas no guia Michelin.
Essas influências aparecem em receitas como a manteiga de morango —isso mesmo, de morango—, que Hoffman diz ter sido um presente de Berasategui, e que aparece no couvert junto a um pão azul, feito com jenipapo, e abobrinhas preparadas na brasa (R$ 18).
Outros destaques do cardápio são uma espécie de ceviche feita com lichia (R$ 32) e o camarão ao curry com abacaxi (R$ 98). Mas o menu também traz massas, como a lasanha com almôndegas (R$ 78), além de pratos com carne, caso da fraldinha preparada na cerveja (R$ 82,80).
Durante a semana, o local também serve menu-executivo (de R$ 62 a R$ 78) no horário do almoço, além de abrir à noite, para o jantar. Já de sexta a domingo, funciona sem interrupções para quem quiser estender a refeição com drinques durante o terceiro ato.