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Restaurantes

Taste SP termina com homenagem ao chef Paulo Yoller e recorde de público

Edição foi a mais longa no Brasil e teve 28 bares e restaurantes participantes, além de aulas de chefs

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São Paulo

O último fim de semana do Taste SP foi marcado pelo calor, por estandes cheios e pela homenagem ao chef Paulo Yoller, morto em fevereiro deste ano.

Essa foi a edição mais longa do festival, que durou três finais de semana e em um deles pegou os quatro dias do feriadão de Corpus Christi. Somados os dez dias de evento, o Taste reuniu público de 78 mil pessoas no parque Villa-Lobos, um recorde. No ano passado, por exemplo, foram 72 mil.

Terceiro final de semana do Taste SP 2025 teve dias ensolarados - Folhapress

O número evidencia a consolidação do evento, segundo Luiz Américo Camargo, curador do Taste SP. O festival acontece em outros países e tem no Brasil seu maior público.

Neste ano, 28 bares e restaurantes tiveram estandes no festival. Para Camargo, a variedade de pratos retrata a cena gastronômica de São Paulo.

"Também é um espaço de formação de público. Quem nunca comeu no Fasano ou teve contato com a culinária coreana, por exemplo, pode provar aqui. Ao mesmo tempo que o Taste tem clássicos como o dadinho de tapioca do Mocotó e a pizza da Bráz".

Os estandes dos restaurantes permaneceram cheios durante todos os períodos. No início da noite de sábado, alguns tinham pratos esgotados, que voltaram a ser vendidos no domingo —caso do ceviche do La Peruana e do sanduíche de porco da Casa Rios.

Como aconteceu durante todo o festival, a dinâmica de aprender pratos ensinados por chefs renomados funcionou bem, com aulas sempre cheias.

Andrea Kaufmann abriu a sessão, às 13h, do espaço Fire Pit. Chef da delicatessen e restaurante judaico AK Deli, Kaufmann ensinou a receita do pastrami que prepara em sua loja, feito tanto com peito quanto com língua de boi.

A chef explicou que a carne passa por três etapas: a cura, o cozimento e a defumação. "No pastrami, a cura é feita em um meio molhado", disse. A marinada que prepara leva ingredientes como grãos de coentro e mostarda, além do sal e do nitrito —este último o segredo para a coloração vermelha da carne.

O processo todo leva cerca de 15 dias. "Na AK, produzimos cerca de 50 kg por semana", afirmou.

Kaufmann foi seguida por Ligia Karazawa, chef executiva de casas como a Ici Brasserie, o Bar do Cofre e o Bar Astor —que teve estande no festival. No espaço dedicado a preparos na brasa, ensinou ao público truques no cozimento de um tambaqui, peixe de água doce da região amazônica.

Tambaqui preparado na brasa durante aula da chef Ligia Karazawa, no sábado (28) - Folhapress

Enquanto Karazawa preparava o pescado, Lucia Sequerra mostrou como faz cartola, doce típico de Pernambuco que leva banana e queijo coalho. No preparo da chef, o laticínio utilizado foi o queijo do Marajó, produzido na ilha paraense com leite de búfala. As duas chefs incentivaram o consumo de produtos brasileiros e a compra de pequenos produtores.

No final da tarde de sábado, o chef Flavio Miyamura ensinou o preparo de camarão aproveitando todas as partes do ingrediente, da cabeça aos pés. Ao mesmo tempo, no espaço Papo de Cozinha, a dupla Caio Alciati e João Gertel ministrou uma oficina de tacos. Donos da LosDos Cantina, restaurante mexicano, eles ensinaram três tipos de salsa.

"A salsa é um dos preparos mais importantes da cozinha mexicana, acompanha quase todas as refeições. E é um ingrediente essencial para os tacos", disse Alciati.

As três receitas levaram os mesmo ingredientes: tomates verdes, cebola, alho e coentro. O preparo, no entanto, era distinto. Uma das salsas foi feita com os itens crus, outra com eles cozidos em água e a terceira tinha os ingredientes tostados em frigideira. Ao final, os participantes da oficina provaram os molhos em tacos montados com carne e tortilhas do LosDos Cantina.

O domingo começou com a chef Viviane Gonçalves preparando um polvo tostado, prato do cardápio de seu restaurante, o Emiliano.

O molusco deve ser limpo com sal grosso, processo que também deixa sua carne mais macia. A cocção leva 45 minutos, feita em imersão em caldo de legumes caseiro. "Não uso panela de pressão, prefiro cozinhar lentamente", explicou a chef. O sabor tostado vem da brasa ou de uma frigideira quente, onde fica até dourar.

Às 16h, o chef Paulo Yoller foi homenageado por sua filha no espaço Fire Pit. Companheira de cozinha de Yoller, Olivia, de 11 anos, se juntou à chef Paula Labaki, da casa de sanduíches Labaki Delishop, para preparar o Hooligan Burger, prato do cozinheiro. Ele era dono da Meats, famosa hamburgueria na rua dos Pinheiros fechada no ano passado.

"Paulo Yoller foi o cara que mudou a história do hambúrguer no Brasil", disse Labaki. "Ele fez tanta coisa, mas acima de tudo fez o melhor hambúrguer que já comi".

Paula Labaki (esq.) e Olivia Yoller (dir.) em homenagem ao chef Paulo Yoller, no último dia do Taste SP - Folhapress

O Hooligans era o preferido de Yoller, com maionese oriental, picles de pepino, bacon americano, pão de mandioquinha e hambúrguer com blend de acém, peito e pescoço bovinos, reproduzido na aula do Taste.

"O Paulo foi vanguarda. Ele trouxe pasta de wasabi para a maionese há anos, quando os brasileiros estavam começando a provar comida japonesa", disse Lierson Mattenhauer, que também participou da sessão.

O Taste SP 2025 terminou com uma aula de Luiz Filipe Souza e Bianca Mirabili, chefs do Evvai, restaurante premiado com duas estrelas Michelin e que também figura na lista expandida do ranking mundial 50 Best Restaurants, na 95ª posição. No Taste, eles ensinaram o uso da defumação em diversos ingredientes, tanto doces, quanto salgados.