Musical 'Grease' estreia em SP com mocinha feminista e desconstrução do macho alfa
Um dos maiores clássicos da Broadway e do cinema, espetáculo tem canções em português
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Um bad boy com pinta de durão está apaixonado por uma mocinha meiga, que sonha viver um meloso romance. A premissa é um clichê das comédias românticas, mas é também o mote de um dos maiores clássicos da Broadway e dos cinemas —e agora dos teatros, num musical que pode ser visto a partir desta sexta, dia 17, em São Paulo.
"Grease - O Musical" chega aos palcos paulistanos mergulhando nas origens da peça, lançada em 1971, em Chicago, e apresenta canções pouco conhecidas do espetáculo, que inspirou nos cinemas o filme estrelado por John Travolta e Olivia Newton-John, recheado de cenas emblemáticas, músicas chicletes e roupas usadas hoje em festas à fantasia.
Ainda que canções como "Summer Nights" sejam quase obrigatórias para os fãs de musicais, o espetáculo em São Paulo promete exibir lados pouco conhecidos de "Grease". Além disso, as faixas foram traduzidas para o português.
"É uma montagem que traz solos musicais que não foram usados no filme", conta o ator Robson Lima, que faz o papel do protagonista Danny, vivido por Travolta no filme. "São diferenças que trazem mais profundidade para os personagens."
Um exemplo disso, segundo a atriz Luli, que interpreta a mocinha Sandy, é um quê feminista exibido pela nova montagem. "O caminho trilhado pela Sandy na peça mostra que ela nunca mudou por causa dos homens. Apenas se permitiu viver algo que nunca tinha experimentado, numa outra versão dela mesma. E, vamos combinar, todos fazem isso quando são adolescentes."
Ricardo Marques, diretor da montagem, acrescenta que fez questão de escalar atores com aparência jovem, de adolescente, ao contrário do elenco do filme, que, como tantas outras obras, escalou artistas nitidamente adultos para interpretar os garotos e garotas do ensino médio.
Essa é a terceira vez que "Grease" surge nos palcos brasileiros. A primeira foi em 1998, a segunda em 2003. Mas a montagem atual não é a mesma das anteriores.
Ambientada no fim dos anos 1950, uma das décadas que compõe os chamados tempos da brilhantina —o cosmético que dá boas doses de brilho ao cabelo e fez sucesso na época—, "Grease" se passa no estado americano da Califórnia e traz vários dilemas da juventude, como o primeiro amor, as durezas da puberdade, o início da vida sexual, o contato com as drogas e o espírito da rebeldia.
A história é centrada em Sandy e Danny, que se conhecem durante as férias de verão e se apaixonam. Na volta às aulas, a garota descobre que seu novo colégio é o mesmo que o dele, o que a faz ficar empolgada. Ao se esbarrarem, porém, o menino, que, nesse momento está ao lado de seus amigos valentões, trata a mocinha com indiferença, o que choca e frustra Sandy.
A partir disso, ambos começam a viver um vaivém de encontros, flertes, discussões e mudanças de visual e personalidade.
"O interessante de assistir a 'Grease' nos tempos atuais é que a peça funciona como um espelho. De certa forma, serve para observar as mudanças do mundo, como a da desconstrução do macho alfa", diz Lima, que interpreta o protagonista.
Ainda assim, o ator ressalta que a obra tem um caráter atemporal. "É uma história sobre jovens que querem transgredir padrões sociais, pertencer a um grupo e encontrar as suas próprias vozes. Qual jovem que não deseja isso?", diz.