Conheça o Bandeira Bandeira, novo bar LGBTQIA+ com cardápio cheio de piadinhas lésbicas

Casa será aberta no dia 15 na Barra Funda, com drinques como Sapatrícia, Greloni e Larissinha

São Paulo

Foi de um match em um aplicativo de paquera que se transformou em amizade que nasceu o mais novo bar LGBTQIA+ de São Paulo —e outro espaço na rua Souza Lima, que concentra boa parte do burburinho que a Barra Funda viu crescer no último ano.

No Bandeira Bandeira, ainda em esquema de soft opening e com inauguração marcada para a próxima quarta (15), a advogada Ana Laura Miotto e a engenheira Claudia Nakamoto agora se dividem entre drinques e comandas a apenas cem metros de onde se encontraram em outubro do ano passado para conversar sobre a ideia de abrir um bar. A reunião foi feita no Trago, um dos disputados espaços da rua, que também é sede do Laskarina Bouboulina, da Cervejaria Central e do A Dama e os Vagabundos.

Entrada do Bandeira Bandeira na primeira noite de soft opening; abertura é no dia 15 de junho
Entrada do Bandeira Bandeira na primeira noite de soft opening; abertura é no dia 15 de junho - Camila Rocha/Divulgação

"Eu já tinha a vontade de criar um lugar que fosse o rolê em que eu queria ir. E a Barra Funda converge os nossos perfis. A Claudia é paulistana, mais urbana, mora no largo do Arouche. Eu sou do interior e sempre fui da Água Branca, de Perdizes", conta Miotto, que, no processo de abertura do bar, descobriu que sua avó viveu e trabalhou nas ruas ao redor. "Parece que tudo fez mais sentido."

Esse ambiente familiar é justamente um dos pilares do espaço, que ocupa um prédio de 1917 que chegou a abrigar uma fábrica de vidros. O local pode receber cerca de 30 pessoas com mesas e cadeiras antigas, velinhas e luz baixa.

O cardápio inclui conservas como as de shimeji com algas e de dedo de moça no chuchu feitas pela tia de Nakamoto –servidas por R$ 15 em fatias quentinhas de pão– e um licor da ameixa japonesa umeshu, envelhecido por 20 anos pela família. O torresmo servido na porção de acepipes de boteco, que sai pelo mesmo preço, é feito por um conhecido de Presidente Prudente, no interior paulista, cidade em que Miotto cresceu.

Também nessa pegada, no balcão e nas prateleiras ficam livros de colorir, folhas para desenho e giz de cera para que as crianças possam frequentar o espaço, que também tem um fraldário. Os pets também são bem-vindos.

"Nós queremos que o Bandeira Bandeira seja um lugar confortável. É um rolê LGBT, mas também é para todo mundo. Existe uma demanda grande de espaços tocados por mulheres e por pessoas LGBT", diz Miotto.

Mas é no cardápio que a essência do bar com clima de boteco se traduz. Os nomes dos coquetéis fazem piadinhas com expressões conhecidas do universo lésbico e usadas para fazer referência a temas como as relações e os órgãos sexuais, por exemplo —como o Sapatrícia, o Greloni, o Chádi e o Larissinha. Os dois primeiros, aliás, são versões dos clássicos cosmopolitan e negroni.

"Por mais que seja uma delícia sentar num bar e pedir um drinque elaborado, a gente sentia falta de fazer isso de forma mais despretensiosa, para dias em que você não quer gastar tanto, mas quer beber algo gostoso e que cabe no bolso. Aí também surgiram as releituras, pensadas para manter a qualidade dos originais mas com um preço acessível", afirma a sócia.

O cardápio tem sete drinques da casa e cinco clássicos em suas receitas originais, como o bloody mary e o gim-tônica –todos com valores que vão e R$ 20 a R$ 24. As cervejas de garrafa das marcas Barra Funda, Heineken e Original são vendidas a R$ 16.

Pão de azeite com crosta de parmesão da Farinha, de Raquel Leal, que abre junto com o bar Bandeira Bandeira na Barra Funda
Pão de azeite com crosta de parmesão da Farinha, de Raquel Leal, que abre junto com o bar Bandeira Bandeira na Barra Funda - Divulgação

A dupla ainda convidou para a empreitada a padeira Raquel Leal, que abrirá ali a sua primeira padaria física –com funcionamento independente do bar, durante a manhã e a tarde. Até então ela comandava a Farinha, marca criada no começo da pandemia, direto de sua casa e apenas no delivery. São de Leal os pães servidos com as conservas da família de Nakamoto.

Sairão da Farinha os pães de fermentação natural como alecrim e sal grosso e azeite e parmesão, mas também a focaccia de tomate-cereja, alecrim e flor de sal, brownies e alguns sanduíches –que poderão ser feitos para retirada, delivery ou consumo no local, acompanhados de um cafezinho. É também uma forma de manter o ponto ativo para os moradores e quem circula na região durante o dia.

"A gente não gosta dessa ideia de gentrificação, que faz com que os moradores não reconheçam mais o bairro. Queremos expandir e promover parcerias que façam sentido, conversar com mestres cervejeiras, colaborar com os bares da região e fortalecer os trabalhos de outras mulheres", diz Miotto.

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