Conto de Mia Couto e Agualusa sobre assassino de mulheres inspira peça em SP
'Chovem Amores na Rua do Matador' estreia no Teatro Sérgio Cardoso em quatro apresentações
Já é assinante? Faça seu login
Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:
Oferta Exclusiva
6 meses por R$ 1,90/mês
SOMENTE ESSA SEMANA
ASSINE A FOLHACancele quando quiser
Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.
Após muitos anos, um homem retorna a sua terra natal, uma pequena vila de Moçambique, onde deseja assassinar três mulheres que fizeram parte de sua vida. E, assim, encerrar a má sorte que o persegue e que ele acredita ter sido gerada por elas.
O que a princípio tem ares de uma trama de vingança ganha contornos mais profundos e existenciais em "Chovem Amores na Rua do Matador", conto do moçambicano Mia Couto e do angolano José Eduardo Agualusa que ganha sua primeira adaptação no Brasil pelas mãos do ator e diretor Expedito Araújo.
Brasileiro radicado em Moçambique, Araújo volta ao país para quatro únicas apresentações do espetáculo no Teatro Sérgio Cardoso, onde dá vida sozinho ao amargurado Baltazar Fortuna e às suas três ex-mulheres, Mariana Chubichuba, Judite Malimali e Ermelinda Feitinha.
"Tudo é imprevisível nessa história, que propõe uma reflexão sobre a nossa condição humana e sobre essa discussão de gêneros. A gente discute, principalmente, a capacidade de amar", afirma o ator e diretor, que assina a adaptação do texto ao lado de Mia Couto.
Ao longo de uma hora, "Chovem Amores na Rua do Matador" narra a relação do protagonista com a vida e a má sorte, além de explicar o motivo de ele ligar seu azar a essas mulheres e decidir matá-las.
"São várias trocas de figurino no palco, com personalidades completamente diferentes e um desafio gigante, porque estamos na contramão do que está acontecendo no teatro, que tem cada vez mais tecnologia, cenários, elencos grandes e microfone no palco."
Idealizada antes da pandemia, a montagem contaria com a presença do próprio Mia Couto durante a temporada. O autor de obras como "Terra Sonâmbula", um dos mais incensados da língua portuguesa, comporia a turnê para falar sobre o texto e a adaptação. Mas tanto as apresentações em São Paulo quanto as que devem percorrer pelo menos sete cidades terão apenas Araújo.
"Mia Couto surge num momento de limbo entre o que foi o século 20 e o que se apresentava no século 21 para a literatura", afirma Araújo. "Ele conecta as pessoas —e é o que acontece com esse texto. Você não consegue deixar de querer saber o que se desenvolve ali."