Conheça o museu da Coca-Cola escondido dentro de restaurante em SP

Self-service em Santana, na zona norte, guarda coleção com milhares de objetos da marca

Detalhe da decoração do restaurante Free Port, em Santana, que abriga coleção dedicada à Coca-Cola Gabriel Cabral/Folhapress

São Paulo

De um lado, um balcão com sushis, sashimis e hot rolls. Do outro, arroz, feijão, massas, carnes ao molho. O Free Port teria tudo para ser mais um quilão de São Paulo, se não fosse o ambiente. Lá dentro está escondido um verdadeiro museu da Coca-Cola.

Quem observa de fora a casa de janelões e tijolinhos em Santana, na zona norte da cidade, dificilmente imagina que ali há uma coleção que há 40 anos reúne objetos dedicados à marca. "A gente tem de tudo", conta Homero Cesar Rodrigues, proprietário do restaurante, que diz já ter perdido as contas de quantos cacarecos existem ali. "É muita coisa. Não quero dar um número para não falar mentira", justifica ao telefone, numa ligação junto a Homero Cesar Filho, 40, com quem comanda o negócio.

Brindes da Coca-Cola expostos no restaurante Free Port, em Santana
Brindes da Coca-Cola expostos no restaurante Free Port, em Santana - Gabriel Cabral/Folhapress

Prestes a completar 79 anos, Rodrigues conta que pegou o primeiro brinde do refrigerante em sua viagem de lua de mel, em 1982. "Estávamos em um restaurante na Inglaterra. Serviram uma Coca com uma tampinha diferente, nunca tinha visto. Achei bonitinha e trouxe a garrafa para o Brasil. Aí começou a coleção."

Com o passar do tempo, o recipiente de vidro de boca larga, selada com uma tampa de rosca de alumínio, ganhou a companhia de quadros, máquina fotográfica, puxador de móveis, bonecas, carrinhos, telefones.

"Também temos um guarda-chuva que fica em formato de garrafa quando fechado", diz. "Mas faz tempo que não vejo ele, não sei onde está. Até vou procurar." Os itens são comprados em brechós, feiras de antiguidade, sites ou doados por clientes e amigos.

As bugigangas temáticas aparecem espalhadas nos seis ambientes do restaurante, que ocupa um imóvel labiríntico de 600 m².

Ao passar da porta com jeitão de residencial, o cliente chega a um salão amplo com mesas vermelhas de plástico, bandeirolas que dão um clima festivo e itens da época dos Minicraques, aqueles bonequinhos inspirados em jogadores da seleção brasileira que se multiplicaram em 1998. Uma janela é decorada com uma garrafa transparente cheia de tampinhas nas cores verde e amarela. Mas, até aí, as aparições da marca são até discretas.

Homero Cesar Rodrigues, proprietário do restaurante Free Port, que exibe coleção dedicada à Coca-Cola
Homero Cesar Rodrigues, proprietário do restaurante Free Port, que exibe coleção dedicada à Coca-Cola - Gabriel Cabral/Folhapress

O bufê fica adiante, em outro salão. Munidos com uma bandeja vermelha, o pessoal se serve com uma variedade de pratos quentes e frios típicos de restaurante por quilo, que custa R$ 54,90 durante a semana e R$ 59,90 aos sábados.

A comida é pesada no mesmo balcão em que se escolhe a sobremesa e a bebida —os refrigerantes ficam em uma geladeira da marca, é claro. Há opções de Coca-Cola em lata, garrafas PET e KS, como são chamadas as de vidro, que custa R$ 5,50. As KS, aliás, ganham destaque nessa parte da casa, em que prateleiras exibem modelos fabricados no país em todos os anos desde 1955. Eles também têm a primeira garrafa feita no Brasil, de 1942, com 185 ml.

Os Homeros explicam que o líquido escuro que enche essas embalagens é, sim, Coca-Cola, mas não a bebida original. "O refrigerante acaba criando uma espécie de mofo, então a gente troca de tempos em tempos", diz o filho.

Em vez de comer no salão do bufê, é possível ainda explorar outros espaços. Um corredor à esquerda leva a uma sala escondida, onde jaz um antigo bar. As paredes são de pedra, o clima lembra o de um pub ou uma taverna —não por acaso, o Free Port surgiu como choperia, em 2000. Ali há mais objetos da marca, com as garrafas de outros países, cerca de 50.

"De um tempo para cá eu fiquei procurando mais coisas brasileiras", afirma Rodrigues. "É impossível você ter uma coleção do mundo inteiro, vai acabar tendo só um pouquinho de cada lugar. Focando no Brasil, dá para ter uma coleção mais legal."

Ainda mais temático é o ambiente que fica ao lado do caixa, um corredor largo e de pé-direito alto, construído para receber a equipe da novela "A Favorita", da Globo, que estava sendo gravada naquela região em 2008. "Reformamos o espaço para recebê-los e depois começamos a decorar", conta o pai. É onde estão as coisas mais curiosas: há bonecas, carrinhos, telefone e por aí vai, tudo com o logo e as cores da Coca-Cola.

Mas nem tudo está exposto no restaurante. "Muita coisa está na casa do meu pai", diz o filho. Apesar de não terem dados, eles divulgam que detêm a maior coleção da empresa exposta ao público no Brasil.

Mesmo assim, a família diz não ter relação com a Coca-Cola —a não ser com a equipe que enche as geladeiras de tempos em tempos. "Depende mais de quem está como gerente regional", pondera o filho. E reclamam de não terem sido convidados para o evento que trouxe a taça da Copa do Mundo ao país, patrocinado pela empresa. "Nunca entraram em contato com a gente."

Comentários

Ver todos os comentários Comentar esta reportagem

Últimas

Ver mais