Ator Cassio Scapin volta aos palcos como o bruxo Nino, de 'Castelo Rá-Tim-Bum'

Depois de 20 anos desde o fim do seriado "Castelo Rá-Tim-Bum", Cassio Scapin volta a viver o personagem que alavancou sua carreira. Na peça "Admirável Nino Novo", o ator interpreta, mais uma vez, Nino, o bruxo de 300 anos que protagonizou o programa exibido pela TV Cultura na década de 1990.

A montagem estreia neste sábado (7) no Teatro das Artes e conta apenas com Scapin sob os holofotes. O solo mostra um Nino inconformado por ser uma criança "diferente" e que, por isso, decide deixar o castelo onde mora e partir em uma viagem. No caminho, encontra o Espírito da Aventura --personagem imaterial cuja voz foi gravada pelo músico Ney Matogrosso.

Voltada para fãs de todas as idades, a peça se junta à exposição e ao musical inspirados no programa que também estão em cartaz em São Paulo.

Cassio Scapin volta a interpretar o protagonista de "Castelo Rá-Tim-Bum" na peça "Admirável Nino Novo" - Priscila Prade/Divulgação

Confira a entrevista com Cassio Scapin.


Guia - Como é voltar para esse personagem depois de 20 anos do fim de "Castelo Rá-Tim-Bum"?

Cassio Scapin - É muito maluco. Eu mudei e o personagem, o mundo, o público também mudaram. O universo do Nino é muito confuso, porque ele se relaciona com vários tipos de público, de muitas gerações. Então você vê adultos que têm carinho pelo Nino e que querem rever o personagem, mas, ao mesmo tempo, existem crianças que não o conhecem. Nós estamos trabalhando em uma peça que dialogue com esses dois grupos, sem simplesmente reproduzir o que foi o "Castelo".

Como é lidar com esse público que assistia ao programa e que hoje já está crescido?

Quando você faz algo que fica registrado da maneira que "Castelo Rá-Tim-Bum" ficou, a sensação é de estranhamento. Outro dia passou um grupo de jovens adultos, com uns 20 anos, e um dos caras falou "não acredito que você é o Nino". Ele teve uma crise de choro, me abraçou e chorou. Isso causa muita estranheza. É algo que eu recebo com muito carinho, mas é curioso pensar em como você interfere na vida dessas pessoas, a ponto de causar esse tipo de reação.

Existe uma onda de nostalgia em torno do "Castelo Rá-Tim-Bum". Qual é o motivo para isso?

Eu não sei o que está acontecendo. É uma surpresa. Eu acho que esse fenômeno está relacionado ao contexto no qual vivemos. Eu vejo as pessoas muito tristes com a situação do país, do mundo. Por isso elas se agarram a coisas positivas da infância, procuram um lugar na memória em que há conforto. Acho que é por isso que surgiu essa onda de saudade e de nostalgia.

Como você se relaciona com o Nino?

Ele é um companheiro. Depois de interpretar o Nino, eu quis sair desse personagem. Fui embora e segui a carreira. Não fiquei preso a ele, apesar de as pessoas me identificarem com o personagem. Mas o meu universo e o do Nino correm em paralelo.

De que maneira você contribuiu para a construção do universo do Nino?

O Nino foi criado a partir de um material interno, que era meu. Eu emprestei minha criança para o Nino. A minha profissão é lúdica, mexe com esse universo infantil, do faz de conta. O teatro trabalha com a imaginação e eu me divirto enquanto trabalho. Passei isso para o personagem.

O Ney Matogrosso faz uma participação na peça, como a voz do Espírito da Aventura. Como foi essa parceria?

Que homem é esse? O Ney é um cavalheiro, um artista, uma pessoa gentilíssima, que quando descobriu o projeto, aceitou participar e pronto. Ele veio para São Paulo e gravou conosco a voz da Aventura. O interessante é que o Ney fez parte da minha infância, foi minha referência na juventude. Estar neste projeto com uma pessoa que foi referência para mim é muito bacana.

Admirável Nino Novo - Teatro das Artes - Av. Rebouças, 3.970, Pinheiros, região oeste, tel. 3034-0075. Sáb. e dom.: 14h e 17h. Até 12/11. Ingresso: R$ 60 a R$ 70.

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