João de Barro e as Patativas, personagens do programa "Castelo Rá-Tim-Bum", vão ouvir um novo som a partir de sábado (9), quando um musical inspirado na série infantil estreia no Teatro Opus.
O espetáculo leva Zeca, Nino, Pedro e Biba aos palcos, mas não se prende ao enredo dos episódios exibidos pela TV Cultura na década de 1990. O autor, Juliano Marceano, escreveu uma trama nova, que acompanha as dificuldades do protagonista Nino para realizar feitiços, mas não despiu o musical do caráter nostálgico: o objetivo era manter a essência.
"Foram muitas versões de texto até chegar em um espetáculo com o qual o público se identifique", conta o dramaturgo, que assistiu a todos os 90 episódios produzidos pela TV Cultura para pode escrever o novo roteiro.
Outra preocupação foi atualizar o espetáculo para os dias atuais. Biba, por exemplo, questiona Pedro e Zequinha quando os amigos dizem que ela, por ser mulher, não pode jogar futebol. "É uma Biba de 2017, que vai peitar os meninos e dizer que não existe brincadeira de menino ou de menina."
A trilha sonora também mistura tradição com novidade, combinando clássicos da série --como as canções interpretadas pelo Ratinho-- e novas composições de Paulo Ocanha. Um dos números, "Juntos e Unidos", leva ao palco vários moradores e visitantes do castelo.
Personagens de diferentes cores, tamanhos e origens --como o extraterrestre Etevaldo, o entregador de pizza Bongô e a repórter cor-de-rosa Penélope-- cantam sobre como as pessoas "se completam" quando abraçam suas particularidades.
Para Marceano, a cena resume o espetáculo porque fala sobre a importância de se aceitar como é. "O discurso da padronização está na boca do nosso vilão [Dr. Abobrinha]. Os heróis celebram a diversidade."
Léo Rommano, que assina a direção, concorda: "o ponto principal do espetáculo é a questão das diferenças, sobre aceitar quem você é, um tema que nunca deve ser clichê".
Exemplo da discussão em torno da pluralidade é o protagonista Nino, que precisa assumir sua condição de bruxo frente aos amigos "normais". Para seu intérprete, Roberto Rocha, a peça aborda a aceitação em um momento delicado, "em que o mundo está intolerante".
Alessandra Vertamati, que dá vida a Morgana, revela que se emocionou no primeiro ensaio do musical, justamente por sua mensagem: "é um espetáculo que fala de amor e de aceitação".
"Somos todos iguais justamente porque cada um é do seu jeito e isso é o mais legal de tudo", complementa Igor Pushinov, que nos palcos interpreta Dr. Abobrinha, mas nos bastidores não compartilha da visão retrógrada do vilão.
Teatro Opus - Av. das Nações Unidas, 4.777, Pinheiros, tel. 4003-1212. 721 lugares. Sáb. e dom.: 11h e 16h. Estreia 9/9. Até 19/11. Ingresso: R$ 50 a R$ 120. Ingr. p/ 4003-1212 ou ingressorapido.com.br.
23h00
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