Livraria Eiffel, especializada em arquitetura e urbanismo, abre as portas no centro de SP
Loja ocupa térreo de edifício com projeto dos anos 1950 de Oscar Niemeyer na praça da República
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Quem caminhou pelo entorno da praça da República, no centro de São Paulo, nos últimos dias percebeu uma mudança no cenário do endereço. Desde quinta, dia 8, a livraria Eiffel recebe o público nos pés do prédio de mesmo nome.
Com o formato semelhante ao de uma antiga penteadeira, o Eiffel é um edifício de grife arquitetônica, com projeto assinado por Oscar Niemeyer e Carlos Lemos na década de 1950. Ele está localizado há meros cem metros da faculdade Escola da Cidade e também pertinho do Instituto de Arquitetos do Brasil, o IAB. A escolha da vizinhança não foi à toa e se reflete nas prateleiras da livraria, especializada em urbanismo e arquitetura.
Quem comanda a empreitada é Leo Wojdyslawski. Apesar do interesse por edificações, não é arquiteto ou urbanista, mas advogado —ele conta que até começou o curso, mas não chegou a se formar.
O acervo da livraria foi montado aos poucos por ele. O advogado diz que seu acervo pessoal e o da livraria não se misturam, mas que ele sente, sim, vontade de levar os exemplares para casa. No total, o catálogo conta com cerca de 2.500 títulos.
Destes, cerca de 500 são publicações raras, garimpadas em sebos, leilões e outras vendas diretas. É o caso do livro "Brazil Builds", publicado pelo MoMA, o Museu de Arte Moderna de Nova York, em 1943. Wojdyslawski conta que é quase impossível encontrar a obra à venda, mas ela está no catálogo da Eiffel.
O exemplar único já despertou interesse de compradores de outros estados antes mesmo da inauguração da loja, mas ainda não foi adquirido. O proprietário explica que os livros esgotados têm alta procura, mas o preço também corresponde à demanda. Para levar o "Brazil Builds" para casa, o leitor precisa desembolsar R$ 2.500. "Isso deve mantê-lo no acervo por algum tempo", acredita.
A livraria de 75 m² deve atrair principalmente o pessoal que compõe o polo arquitetônico da região, desde alunos e professores das faculdades próximas até os frequentadores da antiga livraria do IAB. O fechamento da loja foi uma das motivações de Wojdyslawski para a abertura da Eiffel, inclusive.
"Existem várias livrarias especializadas em medicina e engenharia, por exemplo, e eu sentia falta da livraria do IAB", diz. O local encerrou as atividades há cerca de cinco anos.
Antes de ocupar a loja no térreo, Wojdyslawski foi morador do edifício Eiffel, onde viveu por cerca de 15 anos. Ser um prédio de uso misto, dividido entre comércio e residências nos andares superiores, foi uma das características que despertaram o interesse do advogado. O atributo é presente em outras construções da região —é o caso do Copan, por exemplo.
Antes da chegada da livraria, seu espaço era ocupado por outros estabelecimentos. O último deles foi uma loja de roupas, cuja reforma modificou totalmente sua arquitetura original. O antigo proprietário promoveu mudanças como rebaixar seu pé-direito para a criação de um vão entre os pavimentos superior e o térreo. Isso fez com que a sala perdesse um elemento característico do projeto inicial.
Após a chegada de Wojdyslawski, a reforma proposta para a livraria teve como objetivo recuperar a estética original. Com a restauração do mezanino e a demolição do vão, o andar térreo ganhou mais algum espaço, e agora tem um pé-direito com oito metros de altura. Com isso, a estrutura criada por Niemeyer foi recuperada e pode ser vista novamente pelos visitantes.
Além de prateleiras repletas de livros, as paredes também guardam um espaço dedicado à exposição de artistas visuais. Neste período inicial, a escolhida para apresentar seu trabalho é Beth Slamek, artista visual e designer, também formada em arquitetura. Outras obras pontuam a decoração da livraria, que exibe quadros e gravuras —alguns de autoria de Wojdyslawski, inclusive.
No futuro, o proprietário planeja abrir o local para sediar eventos como lançamentos de livros, palestras e debates sobre temas relacionados ao universo da livraria.
Os aficionados pelo tema não precisam se deslocar até centro da capital para comprar livros. Enquanto o ecommerce da livraria não fica pronto, as propostas podem ser feitas por telefone ou pelo email contato@livrariaeiffel.com.br.