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Conheça sebos de São Paulo, do mais antigo ao especializado em vinis de rock

Além de livros e discos, lojas reúnem raridades, gravuras e até serviço de restauração de obras

São Paulo

Celso Benachio é dono de três sebos, um deles o Machado de Assis, localizado no bairro da Liberdade, em São Paulo. Apesar do coronavírus, todos as suas lojas seguem funcionando —ou “capengando”, como ele diz.

Outros sebos da cidade também têm sofrido para sobreviver e contam que o que segurou as pontas foram as vendas online, pelo site da Estante Virtual ou ainda pelo próprio Instagram —eles postam fotos ou stories das novidades que chegaram e o cliente interessado já manda mensagem. É o caso do tradicional Sebo do Messias, por exemplo, no centro da cidade.

Benachio, do Machado de Assis, trabalha há mais de 50 anos com livros e outros produtos usados. Ele conta que começou sua vida profissional em livrarias, mas depois mudou para os sebos. Na pandemia, diz que viu o público cair pela metade. Mas, diz que os sebos ainda estão melhores que as livrarias durante a crise. "No aperto, o cliente vai procurar a economia", ele acredita.

Com a retomada das atividades presenciais, os clientes têm até voltado aos poucos. Mas, para alguns, o ritmo ainda não justifica retomar os horários de funcionamento pré-pandêmicos. É o caso do Clepsidra, que está localizado próximo a faculdades, na Vila Buarque, como o Mackenzie e Fespsp —antes, os principais clientes eram os estudantes e, sem aulas presenciais, a clientela caiu cerca de 70%.

Mas há aqueles que compensaram isso com divulgação nas redes sociais. O Desculpe a Poeira, localizado numa pequena garagem de Pinheiros, reúne livros, revistas antigas e discos, colocando quase todas as suas fichas hoje no mundo online.

O Guia selecionou sete endereços para visitar em São Paulo que vendem livros usados. O roteiro passa pelo mais antigo sebo da cidade, a Livraria Calil, que reúne raridades. Mas visita também as casas mais especializadas, como o Sebo Corsarium, que mergulha no mundo dos vinis.

Se decidir visitar presencialmente um dos sebos, lembre-se de seguir os protocolos de segurança. Antes de entrar, verifique sempre a capacidade máxima de clientes nas lojas. Boa leitura!

Desculpe a Poeira
Na garagem de um prédio, a loja ocupa menos de 20 m², onde só entram dois clientes por vez. Devido ao pequeno espaço, são montadas bancadas na área externa.

Funciona desde 2014, quando Ricardo Lombardi deixou o seu blog de achados culturais e abriu o sebo. “Achei que a transição da vida de jornalista para a vida de livreiro seria uma boa ideia, já que no jornalismo eu procurava as histórias e, aqui, são as histórias que me procuram”, conta ele.

Estão à venda livros sobre cinema e filosofia, revistas como Playboy e Senhor, além de discos de jazz, MPB e rock.

R. Sebastião Velho, 28A, Pinheiros, região oeste. Ter. a sex.: 11h às 18h. Sáb.: 11h às 16h. Vendas e acervo p/ Instagram (@desculpeapoeira) ou estantevirtual.com.br/livreiros/desculpeapoeira. Oferece retirada no local.


Livraria Calil
Mais antigo sebo da cidade, a Livraria Calil surgiu em 1945 no centro de São Paulo. Quando os intelectuais passaram a se encontrar na Barão de Itapetininga, que também reunia outras livrarias, foi para lá que a Calil migrou.

O acervo ultrapassa os 250 mil livros. Maristela Calil, atual dona do estabelecimento, conta que é um processo delicado manter todos em bom estado. “É preciso arejar, deixar em estante aberta para evitar qualquer tipo de problema”, diz ela que, por isso, muitas obras do acervo ainda estão em contêiners.

Por ali, há livros raros, como a primeira edição de “Os Sertões”, de Euclides Cunha, mas a dona prefere não divulgar o preço. “Muita gente rouba livros, até amigos roubam", conta. "Já dizia o meu pai: ‘Eu perco amigos, mas não perco meus livros’”, brinca ela.

A casa ainda vende gravuras e realiza serviços de restauração, higienização e preservação de livros antigos.

R. Br. de Itapetininga, 88, 9º andar, República, região central. Seg. a sex.: 10h às 17h. Acervo em livrariacalil.com.br. Vendas p/ tel. (11) 3255-0716. Oferece retirada no local.


Livraria Simples
Criada por três amigos, nasceu em 2016 como uma loja especializada em “livros impossíveis”, aqueles que são raros ou estão esgotados na maioria das livrarias.

Por causa da pandemia, o local encerrou temporariamente as atividades e só foi reaberto em outubro. Enquanto não recebia clientes presencialmente, vendia os títulos pela janela da casinha colorida onde está o acervo, que conta com edições novas e usadas. O local também faz trocas de livros em feiras online.

A livraria, que nasceu na Mooca e agora está no centro, vai ainda abrir uma casa de cultura na região leste da cidade. Chamada de Casa Suja, a previsão é que o espaço seja inaugurado no início do ano que vem, com a proposta de reunir apenas livros usados e atividades como jardinagem.

R. Rocha, 259, Bela Vista, região central, tel. (11) 3443-9992. Seg. a sáb.: 10h às 18h. Vendas p/ livrariasimples.com.br. Oferece retirada no local.

Beto Ribeiro, sócio da Livraria Simples, em junho do ano passado, quando o local ainda não funcionava presencialmente
Beto Ribeiro, sócio da Livraria Simples, em junho do ano passado, quando o local ainda não funcionava presencialmente - Gabriel Cabral/Folhapress

Sebo Clepsidra
O nome do sebo, que existe desde 2016, é uma homenagem ao livro de poemas "Clepsidra", de Camilo Pessanha. Além disso, o nome se refere a um tipo de relógio d’água. “Representa bem esses tempos líquidos”, diz Eduardo Affinito, um dos sócios.

Entre os livros usados vendidos, destaque para obras de literatura de horror e gótica —os autores mais procurados são clássicos como Edgar Allan Poe e Lord Byron.

Antes, o sebo estava presente em duas unidades. Uma delas, localizada na rua Fortunato, foi fechada por causa da pandemia. Uma nova e menor loja está prevista para ser inaugurada nos próximos meses.

R. Dr. Cesário Mota Jr., 296, Vila Buarque, região central. Seg. a sex.: 12h às 18h. Sáb.: 12h às 19h. Vendas p/ tel. (11) 2476-0378 ou seboclepsidra.com.br. Oferece retirada no local.

Livros no sebo Clepsidra, que tem um nicho para a literatura gótica e de horror
Livros no sebo Clepsidra, que tem um nicho para a literatura gótica e de horror - Divulgação

Sebo Corsarium
Aberto há 20 anos, passou a vender também vinis faz cinco anos. Hoje, cerca de 75% das vendas são representadas pelos LPs.

Frederico Zapelloni, dono do local, conta que seu público é mais nichado, com clientes de até 40 anos, que buscam, principalmente, discos de rock, como heavy metal, pós-punk e rock gótico.

Galeria Village - R. Augusta, 1.492, loja 10, Consolação, região central. Seg. a sáb.: 14h às 20h. Vendas online p/ Instagram (@corsarium) ou WhatsApp (11) 97485-0001. Oferece retirada no local.


Sebo Machado de Assis
Celso Benachio trabalha no mercado de livros há mais de 50 anos. Hoje, ele é dono de três sebos, entre eles o Machado, localizado na Liberdade. Benachio calcula que o acervo desta unidade reúna cerca de 80 mil obras. “Para quem duvida, eu digo ‘fique a vontade para contar’”, diz ele rindo.

Por ali, é possível encontrar livros dos mais diferentes assuntos, assim como raridades, caso da obra do século 19 “Manual Abreviado da Missa e da Confissão”, de JI Roquette, que sai por R$ 500 ---a encadernação do livro é especial, com fecho e decorado todo em metal.

R. Álvares Machado, 50, Liberdade, região central. Seg. a sex.: 9h às 17h. Vendas p/ tel. (11) 3115-2516 (também WhatsApp) ou estantevirtual.com.br/sebomachadodeassis. Oferece retirada no local.

Celso Benachio no sebo Machado de Assis
Celso Benachio no sebo Machado de Assis - Reprodução/Facebook


Sebo Sagarana
Com o nome de uma das obras de Guimarães Rosa, o sebo foi aberto por Evandro Affonso Ferreira, no início dos anos 2000, com cerca de 3.000 livros, na rua Teodoro Sampaio. Poucos anos depois, Rogério Akira Hasegawa e o sócio compraram o local, que logo foi migrado para a também movimentada Fradique Coutinho.

“Lá era pequeno e, agora, aqui também ficou apertado com o acervo acumulado durante os anos”, conta Hasegawa, que calcula armazenar 30 mil títulos. Ele avisa que, como trabalha sozinho, acaba saindo algumas vezes durante o dia para levar livros vendidos pela internet para o correio. Por isso, para evitar desencontros, ele orienta os clientes que combinem um horário pelo telefone.

Nas estantes de livros usados, estão títulos de diferentes gêneros, de literatura brasileira a mangás, com autores como Milan Kundera, J.K Rowling, Manoel de Barros e Dante Alighieri.

R. Fradique Coutinho, 628, Pinheiros, região oeste. Seg. a sex.: 11h às 19h. Sáb.: 11h às 18h. Vendas p/ WhatsApp (11) 98337-6795 ou estantevirtual.com.br/livreiros/akiraebooks. Oferece retirada no local.

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