Após um ano de incertezas e uma série de mudanças nas regras de funcionamento dos restaurantes paulistanos, Erick Jacquin abraçou de vez o delivery.

O francês, que se divide entre panelas e estúdios de televisão, lançou no último dia 9 de março o Jojô Gastrô, uma cozinha dedicada exclusivamente ao serviço de entregas —ou uma dark kitchen, como chama o pessoal do setor. Os pedidos podem ser feitos via WhatsApp ou por aplicativo.

A proposta do chef é oferecer ao público um menu com pegada de bistrô e valores acessíveis –mais acessíveis que os do Presidént, seu restaurante principal, pelo menos. "A comida tem que ser diferente da do Presidént, que não foi feita para viajar e nem tem preços para isso", diz.

Entre os pratos, há estrogonofe de filé-mignon (R$ 69, acompanhado de arroz e chips de batata), arroz de pato (R$ 89), croque monsieur (R$ 69, com salada) e medalhão de filé-mignon ao molho poivre (R$ 76, com purê de batata). O cardápio também traz um hambúrguer com a assinatura de Jacquin, feito com filé-mignon, molho tártaro e bacon, a R$ 45, mais batatas chips.

O chef chegou a adaptar o sofisticado menu do Presidént para o delivery enquanto os restaurantes tiveram que manter as portas dos salões fechados no ano passado. Depois, suspendeu o serviço com a volta do público presencialmente ao local. "Ficou complicado manter as duas operações simultaneamente", afirma.

Agora, com a fase emergencial, o delivery de alta gastronomia do Presidént está mais uma vez de volta. Os pedidos devem ser feitos exclusivamente via WhatsApp, pelo número (11) 3062-7169.

Mesmo com tantos vaivéns, o projeto de ter uma marca exclusiva para o delivery se manteve. Embora o plano inicial de dar ao Jojô uma cozinha própria tenha sido atropelado pelo avanço da pandemia —e, consequentemente, pelas novas restrições ao funcionamento do comércio e restaurantes em São Paulo—, Jacquin não teve problemas para encontrar onde encaixar a nova operação. No momento, o Jojô está junto ao Ça-va, bistrô que o chef assumiu em novembro.

"Na verdade, eu conheci o restaurante quando estava gravando o [reality show da Band] 'Pesadelo na Cozinha'", conta. "Adorei o restaurante e também o dono, o seu Antônio, que era um personagem que adorava a França. Fizemos o programa antes da pandemia. Meses depois, o Antônio morreu de Covid", lembra. "Fiquei muito triste, foi uma história que me marcou. Os filhos me ligaram e ofereceram o restaurante, pois a família não iria ficar com ele. Foi uma oportunidade muito bonita para mim."

Com Jacquin, a casa manteve o nome dado pelo antigo dono. Ganhou só uma pequena reforma e um cardápio novo, de bistrô francês, "do jeito que o Antônio gostava". Parte dos pratos entregues pelo Jojô são emprestados do menu do Ça-va, inclusive. Inédito, o episódio que conta a história do restaurante será exibido no dia 6 de abril.

Para além do aumento do consumo do delivery, o chef avalia que a pandemia mudou alguns dos comportamentos da sociedade. "Hoje é inimaginável não fazer reserva em restaurante. Também nunca imaginava ver a casa cheia às 19h, às 18h45. Parecia a Europa", comenta. Apesar de algumas mudanças existirem, Jacquin também avalia que elas não são suficientes.

"Eu também adoro sair, me divertir, mas está na hora de todo mundo ter consciência para achar uma solução. O Brasil está em uma situação muito complicada", diz. "Não podemos continuar fechados por muito tempo, ninguém vai aguentar. Além de disciplina para que a vida volte ao normal o mais rápido possível, é preciso vacinar logo todos aqueles que trabalham."