Descrição de chapéu erick jacquin
Restaurantes

Crítico da Folha avalia restaurante do programa Pesadelo na Cozinha; confira

Comandada por Erick Jacquin, atração está disponível na íntegra no YouTube

São Paulo

Em maio de 2017, o crítico da Folha Josimar Melo avaliou três estabelecimentos do programa Pesadelo na Cozinha (Band), no qual o chef Erick Jacquin ajuda a salvar restaurantes à beira da falência. Foram eles: Trilha na Costela, Los Molinos e Samosa & Company.

A novidade é que o programa será disponibilizado, na íntegra, em seu canal no YouTube. Nesta sexta (8), às 19h, é exibido o primeiro episódio, no qual Jacquin assessora o Escondidinho da Amada, em Pinheiros. Depois, todos os 13 capítulos ficam online.

Muita coisa mudou desde então. Dos três endereços visitados por Melo, apenas o indiano Samosa & Company permanece em funcionamento. A casa tinha duas unidades e só uma, a que foi visitada pelo programa, na região dos Jardins, está na ativa.

Além disso, o próprio Jacquin voltou a atuar como chef —ele abriu, no último mês de dezembro, o restaurante francês Président (que, inclusive, opera com delivery).

Confira a avaliação de Josimar Melo para o Samosa & Company.

Erick Jacquin ajuda o restaurante Samosa & Company no sétimo episódio da primeira temporada de Pesadelo na Cozinha
Erick Jacquin ajuda o restaurante Samosa & Company no sétimo episódio da primeira temporada de Pesadelo na Cozinha - Divulgação

Costumo descrever reality shows como "reality fiction", tamanha a previsibilidade dos personagens e situações, zelosamente preservada pelo estímulo da produção e pela mágica da edição.

Se você prefere acreditar neles, então não assista, como eu fiz, a vários episódios seguidos de qualquer um. A pedido do Guia, fiz uma maratona do reality gastronômico Pesadelo na Cozinha, que pretende salvar restaurantes à beira da falência para então visitar alguns deles. Exibido pela Band entre janeiro e abril, já tem nova temporada confirmada, mas sem previsão de estreia [a segunda temporada foi lançada em agosto de 2019 e também está no YouTube].

Assistindo aos programas, fica evidente o roteiro exatamente igual, bloco por bloco. Quanto aos restaurantes... Bem, a ideia, dizem, é salvá-los. Mas, pesquisando o que aconteceu nas edições do programa de outros países, descobre-se que mais da metade dos restaurantes termina falindo meros seis meses depois.

Se nem o pioneiro Gordon Ramsay, apresentador do programa original, grande cozinheiro britânico e bem-sucedido empresário de restaurantes, conseguiu evitar o desastre por onde passou, é difícil crer que nosso Erick Jacquin —que encabeça a versão brasileira, sem dúvida um supercraque na cozinha, mas mal-sucedido empresário— possa fazê-lo.

Alguém acredita que um restaurante com problemas crônicos possa mudar sua história com dois dias de gritaria e humilhações, uma rápida sessão de auto-ajuda, meia dúzia de novas receitas e uma demão de pintura? Como chefs de modestos recursos e sem árduo treinamento podem em algumas horas "aprender" receitas do nível de um Ramsay ou de um Jacquin?

Visitamos três das 13 casas apresentadas no programa, bem diferentes entre si, focadas nesta temporada, para ver os primeiros reflexos pós-pesadelo.

Erick Jacquin na cozinha do restaurante indiano Samosa & Company, um dos participantes da primeira temporada do Pesadelo na Cozinha
Erick Jacquin na cozinha do restaurante indiano Samosa & Company, um dos participantes da primeira temporada do Pesadelo na Cozinha - Divulgação

SAMOSA & COMPANY
Sempre gostei do Samosa & Company, desde que abriu numa casinha de bairro, na Saúde. Quando cresceu, enfrentou problemas na operação (o casal de donos não tem formação profissional na área), mas manteve o sabor caseiro e familiar. Por isso, estremeci quando vi, na TV, a orientação de Jacquin: a casa deveria abrasileirar a comida, abandonar sabores muito picantes, abrir mão da autenticidade.

Seguindo o script esperado, todos concordaram lacrimejantemente em fazê-lo. Por sorte, não seguiram a promessa: os donos continuam servindo a verdadeira cozinha indiana, pujante e picante, com receitas como a samosa vegetariana e o cabrito cozido com especiarias, não a nouvelle cuisine que lhes foi sugerida, ainda bem. Quanto aos problemas que enfrentam —como amadorismo e falta de um grande público cativo (são somente mil indianos no país)—, espera-se que sejam superados, mas não serão dois dias de ficção televisiva que o farão.

Pedidos por iFood, Rappi e Uber Eats. Al. Jaú, 1.639, Cerqueira César, região oeste, tel. 3063-2902.

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