La Casserole mantém sofisticação, mas decepciona no menu executivo
Aos 70 anos, restaurante no Arouche serve combinação de pratos a R$ 98
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O salão do restaurante La Casserole é uma expressão de sete décadas de sofisticação da gastronomia francesa em São Paulo. Aconchegante e finamente arrumado, é um clássico no centro da cidade e completa 70 anos neste mês com serviço de alto nível e uma cozinha consagrada e respeitada.
Enquanto a tradição mantém a qualidade da comida servida ali, tentativas de fugir do padrão podem não ser tão certeiras. Vê-se isso particularmente no menu executivo oferecido pelo restaurante no almoço durante a semana. Pode ser uma grande decepção para quem espera uma bela refeição de inspiração francesa a preços mais acessíveis.
O desprezo com o "menu formule" é evidente logo na recepção. Os solícitos garçons oferecem bebidas para começar a refeição, perguntam se os clientes vão querer o couvert da casa e entregam o cardápio tradicional, que não inclui a promoção. Só depois de pedir, é que chegou o cardápio específico para o almoço executivo.
Por R$ 98, é possível escolher uma entre três opções de entrada, outra das três de prato principal e finalizar com uma de três sobremesas. As opções variam de tempos em tempos. Em um almoço de quarta-feira em abril, os pratos do menu até soavam interessantes, mas não convenceram muito.
As entradas até que vão bem: a salada de folhas, figo, queijo de cabra, castanha caramelizada e mel é uma delícia. Fresca, cheia de sabores e texturas, com contraste entre o doce da fruta e do mel, o salgado do queijo e um toque ácido do molho das folhas. Ótimo começo.
A tatin de cebola também é adorável. É uma pequena torta de cebolas caramelizadas adocicadas e suaves, também acompanhada por salada. É verdade que a massa poderia ser mais crocante e sequinha, mas a cebola estava bem saborosa, e combinou bem com a salada.
Mas os pratos é que foram a grande decepção. O entrecôte, corte que se consagrou como um dos pratos mais populares da França, vem com um bife ancho bem fininho e pouco atraente, acompanhado por batatas fritas e um bom molho de mostarda.
A carne chega no ponto pedido, mas foi servido um corte mal tratado, com tantos nervos e gordura que, mesmo sendo pequeno, um terço dele acabou ficando no prato ao fim da refeição.
A frustração foi ainda maior com a batata recheada com pato confit. O prato já vem com uma apresentação simplória e desanimadora. Conforme descrito, vem uma batata assada bem simples, partida ao meio, recheada com pato desfiado e coberta com sua outra metade, como se estivesse inteira, além de um molho de champignon em torno dela.
A batata é totalmente sem tempero e sem sabor, o confit não lembra em nada a deliciosa coxa de pato cozida em sua própria gordura, e praticamente não tem gosto. E o molho de cogumelos também não faz muita graça. É um prato totalmente banal.
A finalização do menu recupera um pouco a qualidade com sobremesas bem agradáveis. A pera com calda de vinho tem uma apresentação sofisticada e sabor delicado e suave. Eleva o nível da refeição com fruta macia e suculenta. A panna cotta com calda de frutas vermelhas também faz bonito, com creme leve e sutil acompanhando bem a cobertura.
Por R$ 98, o menu completo não chega a ser barato, e isso talvez explique o motivo de a "formule" não ter tanto destaque. Por menos do que isso é possível pedir pratos clássicos da casa, como o steak tartare (R$ 88), moules et frites (R$ 86), boeuf bourguignon ou coq au vin (R$ 97, cada). São opções preparadas da forma tradicional, e que sempre convencem. Não têm erro, e podem valer mais do que o cardápio executivo, mesmo sem a entrada e a sobremesa.