Musical sobre Sidney Magal tenta mostrar o homem por trás do rebolado e da sedução
'Sidney Magal: Muito Mais que um Amante Latino' celebra em SP os 55 anos de carreira do cantor
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A vida de qualquer artista geralmente é costurada por altos e baixos —inclusive, dizem, é daí que nascem as obras de arte. Esse é o ponto de partida do musical "Sidney Magal: Muito Mais que um Amante Latino", que tenta mostrar o ser humano por trás do rebolado e do clima de sedução do autor de "Sandra Rosa Madalena".
Antes de subir ao palco do Teatro Porto, em São Paulo, nesta sexta, dia 21, a vida de Sidney Magal inspirou uma biografia escrita por Bruna Ramos da Fonte. Parte do livro, que tem o mesmo nome da peça, foi a inspiração para o espetáculo.
A produção, que celebra os 55 anos de carreira de Magal, faz parte de uma explosão de musicais biográficos que tomam os teatros paulistanos e contam a vida de artistas consagrados, caso de Ney Matogrosso, Dominguinhos e Alcione, por exemplo. "O Brasil tem pouca memória, e a gente trabalha a memória afetiva", diz Débora Dubois, diretora da montagem sobre Magal.
Na história, o público faz um mergulho no universo do rádio a partir da história da Dona Sônia, mãe do músico, interpretada por Yael Pecarovich. Também artista, ela precisou abandonar a carreira de cantora e os sonhos para seguir os padrões impostos às mulheres na época.
O caminho da televisão também é trilhado. São relembrados programas de figuras como Chacrinha, Hebe Camargo, Raul Gil e Faustão. "A gente vai passando pelo Brasil que os mais novos talvez não tenham conhecido, mas que ouviram os pais falarem", afirma Dubois.
Ao contrário dos figurinos e do jeito espalhafatoso de Magal, a produção cenográfica é contida. O cenário é composto só por uma grande escada central, relevos de flores e dois palcos pequenos laterais. O brilho mesmo vem das roupas, cheias de lantejoulas —e das músicas, é claro.
Sucessos ouriçam a plateia e fazem as pessoas baterem palmas e ensaiarem gingados nas poltronas. Os atores Juan Alba e Luís Vasconcelos dão voz às releituras de "Meu Sangue Ferve por Você", "Amante Latino", "Tenho", "Sandra Rosa Madalena" e "Me Chama que Eu Vou", sob o comando de Caique Vandera, responsável pela direção musical.
Os dois atores tiveram que se arriscar no tom grave da voz de Magal e na reprodução dos característicos movimentos que ele faz com as mãos. "Confesso que ainda estou no processo de desenvolvimento. É um trabalho árduo, já não sou mais um menino", diz Alba, que interpreta o cantor na fase mais velha, com uma peruca que faz a plateia duvidar se ela vai ficar no lugar até o fim do espetáculo.
Já Vasconcelos, que vive Magal na juventude, diz que sente o peso da responsabilidade. Aos 19 anos, ele fala que os principais desafios estão na sedução e na ousadia. "Magal dança muito, faz algo que é dele, não é nenhuma dança específica", conta. "Fiquei assistindo a um show e copiando os gestos."
Mas nem tudo é feito de plumas, paetês e piscadinhas sedutoras. O musical humaniza o personagem ao mostrar também os baixos cachês, os fracassos nas vendas de discos e os shows feitos em circos e casamentos —sobretudo à medida que Magal vai ficando mais velho.
Só que são passagens contadas de forma rápida demais. No fundo, o que é visto no palco é um show de covers dos maiores sucessos. "A gente tem muitas músicas, mas elas vêm a serviço da história, conduzidas por uma base dramatúrgica consistente", afirma Bruna Ramos da Fonte, autora da biografia com quase 400 páginas e que assina o texto do espetáculo.