“A cabeça aprende. Mas quem ensina é o coração”, anuncia a contagiante trilha sonora tocada ao vivo já no início de “Elagalinha”, fábula contemporânea da Cia. Bendita sobre a crise nas relações humanas.
O tema do vínculo entre adultos e crianças já permeou outras peças do diretor Marcelo Romagnoli, como “Terremota” (2012). Desta vez, o confronto do olhar renovado da infância mediante o silenciamento adulto é discutido no bojo da (crise da) educação, em camadas que dialogam com diferentes faixas etárias.
Encenada ao ar livre, a peça tem um inventivo cenário de Marisa Bentivegna que traz um poleiro-jaula, também sala de aula, para contar a história de uma galinha (Jackie Obrigon), ansiosa pelo primeiro dia na escola. Pessimista, o Paigalo (Georgette Fadel), no entanto, avisa: “O mundo é perigoso”. E, claro, logo ela encontra um caçador (Guto Togniazollo) pelo caminho.
Metalinguística, a história traz dois críticos teatrais, um patético, que acha que já aprendeu tudo (Pascoal da Conceição) e outro mais curioso (Joaquim Lino), que comenta a narrativa.
Num tom fabular, as cenas finais sugerem a moral da história, em que todos, enjaulados nos tempos atuais, precisam aprender juntos, de forma horizontal. Mas não deixa de convidar a plateia a fazer a lição de levar a reflexão para casa —ou para a escola.
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