Baixo Pinheiros tem bares cheios na pandemia e circuito musical com DJs, funk, samba e rap

Bairro atrai rappers, moderninhos e curiosos que querem esticar a noite em SP

Pessoas bebendo na rua

Movimento em bares na região da rua Guaicuí, no Baixo Pinheiros. Eduardo Anizelli/ Folhapress

São Paulo

Quem sai para curtir a noite no Baixo Pinheiros, nome dado para a parte do bairro que fica mais próxima ao largo da Batata, na zona oeste de São Paulo, pode ficar surpreso. Em uma sexta-feira, o som dos carrinhos de bebida que ocupam o largo surge por volta das 20h, com funk e forró se misturando ao trap —tudo isso a dez metros de uma roda de samba.

Há três anos trabalhando no local, o ambulante Wellington Carlisto, 32, vive da venda de pipoca e batata frita e diz que o burburinho na região costuma atrair frequentadores de estilos variados por causa da dinâmica entre o terminal de ônibus, a estação de metrô e os escritórios da Faria Lima.

Quem chega de Metrô logo vê a parte de fora do Villa Coqueiro, onde um músico canta rock dos anos 1990. Enquanto ele gasta a voz, os clientes bebem cervejas a R$ 14 a garrafa. Encostada ao local fica a Void, que mistura bar, restaurante e loja. Mais descolado, o local atrai jovens que bebem gim tônica ouvindo algum novo ritmo derivado do rap.

Seguindo em direção à rua Fernão Dias, chega-se ao principal ponto de encontro da região: a famosa rua Guaicuí.

Com pouco mais de 85 metros de comprimento, a via faz jus à fama de ser um dos lugares com a noite mais agitada da capital, mesmo na pandemia. São tantos bares em um curto espaço que alguns deles compartilham mesas e cadeiras —às vezes, até os garçons.

Para a estudante de direito Patrícia Borges, 25, a proximidade entre os estabelecimentos favorece os clientes. "Eu acabo pedindo uma comida num lugar, mas a cerveja em outro, dependendo do preço. E dá para escolher o banheiro em melhor estado", afirma.

Na Guaicuí a diversidade musical se mistura à variedade gastronômica. Ao lado da pizzaria Bráz Elettrica, o bar Vila Madrugada vende, ao som de funk, drinques que custam em média R$ 25. Em frente, o restaurante Mica oferece um ambiente mais sofisticado e toca house e brasilidades para um público que come itens como couve de bruxelas por R$ 35.

Com perfil mais hipster, com cadeiras de praia ao redor de pequenas mesas de madeira, o Pitico opta por tocar MPB misturada ao rock de algum acústico da MTV.

Já o Simbalaê Bar & Burger é um dos poucos que trabalham ao som de sertanejo, enquanto clientes se aglomeram dentro e fora do lugar com garrafas de cerveja ou hambúrgueres vendidos a R$ 35.

Saindo da Guaicuí e indo em direção à rua Padre Carvalho, um estabelecimento chama a atenção —o Bot&Co, que oferece drinques, hambúrgueres, com preços que vão de R$ 16 a R$ 28 e é o ambiente mais eclético da rua. Na semana passada, no mesmo dia em que um grupo de samba se apresentou, uma caixa de som foi colocada na porta tocando de rap a rock hardcore.

Bares na região da rua Guaicuí, no Baixo Pinheiros
Bares na região da rua Guaicuí, no Baixo Pinheiros - Eduardo Anizelli/Folhapress

Ao seu lado está uma das filiais do bar 44oito, onde uma DJ transforma a calçada em pista, com set que passa por eletrônico, hip-hop e rock.

O local que atrai os skatistas que circulam na região é o LayBack, que conta com uma pista do esporte no fundo. A casa oferece almoço e jantar e conta com loja de peças e de roupas. Durante a noite, um DJ anima o público, composto também por artistas de rap, que chegam a se apresentar em pequenos shows por ali.

Ainda na Padre Carvalho está o Baixo Largo Bar. Decorado com camisas de futebol de várzea, o espaço tem uma roda de samba, que, às quintas, é aberta a quem quiser tocar.

Já na outra ponta do quarteirão, fica um dos endereços mais tradicionais do circuito: o bar C… do Padre, batizado assim por estar nos fundos da igreja Nossa Senhora do Monte Serrate. Ali, a porção de churrasco sai por R$ 22.

Quando a madrugada começa a invadir a noite, porém, poucos lugares seguem abertos. É um lembrete de que o Baixo Pinheiros é cercado por casas e, cada vez mais, prédios residenciais. Quem busca estender o rolê logo se apressa para ir a outro lugar.

Casas citadas no texto

44oito
R. Padre Carvalho, 677


Baixo Largo Bar
R. Padre Carvalho, 644


Bot&Co
R. Padre Carvalho, 681


Bráz Elettrica
R. Guaicuí, 38


C… do Padre
R. Padre Carvalho, 799


LayBack
R. Padre Carvalho, 696


Mica
R. Guaicuí, 33


Pitico
R. Guaicuí, 61


Simbalaê Bar & Burger
R. Guaicuí, 75


Vila Madrugada
R. Guaicuí, 32


Villa Coqueiro III
Av. Brigadeiro Faria Lima, 870


Void
R. Martim Carrasco, s/nº

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