Vale do Anhangabaú inaugura quiosque após oito meses e tenta atrair público ao centro de SP
Espaço aposta em atividades enquanto lida com falta de segurança na região e fonte desligada
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Levou oito meses para que o primeiro café no vale do Anhangabaú, que era prometido ainda antes da obra de revitalização que durou dois anos, fosse inaugurado. Foi no mês passado que o espaço abriu as portas da área que vende comida e bebida aos frequentadores.
Agora, dois quiosques equipados com mesas e cadeiras funcionam todos os dias, das 8h às 22h, e oferecem salgados por R$ 6, cerveja pelo mesmo preço, doces, sanduíches e marmitas a partir de R$ 10,90, incluindo uma linha assinada pelo chef Alex Atala, que sai por R$ 29,90.
Aberto ao público por completo em dezembro do ano passado, após sete adiamentos e atrasos causados pela pandemia de Covid-19, o novo Anhangabaú tem tentado atrair o público ao centro de São Paulo não apenas com o café, mas com uma programação de atividades gratuitas.
Ali passaram a ocorrer diariamente diferentes atividades, como aulas de patins, samba, forró, muay thai, capoeira, xadrez, corrida, defesa pessoal e karaokê acompanhado de banda ao vivo, além de shows e apresentações.
São cerca de 250 atrações culturais e esportivas mensais, realizadas ao ar livre e em dois palcos, um deles embaixo do viaduto do Chá. Uma tela de tamanho médio exibe ainda filmes a céu aberto —em sessões que travam disputas com o barulho de manobras de skate.
Com chão cinza e liso, o vale do Anhangabaú tem deixado de ser somente um lugar de passagem para tentar convencer o paulistano de que ali existe uma área de lazer no centro da capital paulista, apesar dos problemas de segurança na região.
Na quarta, dia 31, era possível ver pessoas aprendendo coreografias de Beyoncé, fazendo aulas de skate e assistindo a filmes ao ar livre. Apesar do frio de 15 ºC à noite e de ser o meio da semana, o espaço de 43 mil metros quadrados estava movimentado.
Desde dezembro, cerca de 30 mil pessoas frequentaram as atividades no local, diz o Viva o Vale, consórcio que assinou um contrato de R$ 49 milhões para administrar o Anhangabaú por dez anos.
A agenda costuma ocupar o período da tarde e da noite, com programação até as 22h. Por causa desse horário, a nutricionista Adriana Rosa Carneiro participa de aulas de dança todas as quartas-feiras no local, depois que sai do trabalho, além de fazer patinação. "Venho aqui para me soltar um pouco mais", diz.
Moradora da zona leste, ela conta ter descoberto as atividades pela internet. "O metrô facilita muito. E aqui posso dançar sem julgamentos", continua.
A estudante Carol Franco, de 18 anos, também descobriu a programação nas redes sociais e, há um mês, faz aulas de skate no vale três vezes por semana. "É uma oportunidade boa de conhecer pessoas novas também."
Mas ela fala que sente falta de mais segurança nos arredores. "É seguro só quando você vem com outras pessoas."
Uma base da GCM, a Guarda Civil Metropolitana, está instalada no local, enquanto seguranças ficam espalhados por diferentes pontos. Segundo o Viva o Vale, viaturas da Polícia Militar fazem rondas periódicas e um sistema de monitoramento com câmeras faz reconhecimento facial e também a contagem de pessoas.
Durante a visita da reportagem, o vale estava bem iluminado e limpo, com exceção dos três banheiros, que estavam sujos e sem papel higiênico. Por sua vez, os fraldários estavam fechados, e o wifi não funcionava.
Além disso, a prefeitura e a concessionária ainda não entregaram tudo o que foi prometido no projeto de requalificação do Anhangabaú, que custou R$ 105,6 milhões aos cofres públicos.
Dos 12 quiosques no local, apenas dois estão em funcionamento com serviço de alimentação —e, na quarta (31), só um estava aberto. Os outros seguem fechados e não se sabe ainda o que existirá neles nem a data de inauguração.
"Estamos em tratativas comerciais para a locação dos outros espaços e ofertas de serviços ao público", disse a organização em nota. Um terceiro quiosque está passando por reformas e deve receber um centro de informações com chapelaria e achados e perdidos.
Os 850 jatos d'água com luzes de LED instalados no chão também não estão funcionando. Essa seria uma das grandes novidades do projeto, mas os equipamentos estão desligados há meses. O consórcio afirma que a empresa responsável pela obra do vale, antes da concessão, fará os reparos das fontes nos próximos meses.