Piselli, restaurante que reúne políticos e endinheirados em SP, completa 18 anos
Com três unidades na cidade, casa de cozinha italiana nasceu após colheita de ervilhas estragadas
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A história do restaurante paulistano Piselli, que completa 18 anos no domingo (31), começa 18 anos antes de sua inauguração e a cerca de cem quilômetros de distância. Em 1986, na cidade de Joanópolis, no interior de São Paulo, Juscelino Pereira estava quase completando a maioridade quando foi cobrado pelo pai a seguir o legado empreendedor da família, que tinha um sítio e um pequeno empório na cidade.
"Percebi que todo mundo plantava sempre as mesmas coisas por lá, o que fazia, na hora da venda, os preços caírem. Então decidi fazer uma horta de ervilhas", lembra ele, que foi batizado em homenagem ao presidente Juscelino Kubitschek, de quem o avô era fã. "Fui até Bragança Paulista e consegui fazer uma venda de 400 quilos de ervilhas."
Na hora das entregas, porém, o jovem descobriu que toda a colheita estava estragada. "Um comprador me explicou que eu havia plantado ervilha-torta, espécie que precisa ser colhida antes." Com o prejuízo, Pereira viajou à capital para trabalhar em uma lanchonete na Casa Verde, na zona norte.
Ajudando na cozinha e no atendimento, ele se sentiu em casa no restaurante. Foi quando ouviu sobre o potencial da região dos Jardins, onde diziam que os salários eram mais gordos. Depois de ser auxiliar de garçom na Lapa e garçom na sede social do Jockey Club, na rua Boa Vista, no centro, ele passou a trabalhar nos Jardins no início dos anos 1990, na alameda Lorena, como maître.
Em 1993, já conhecedor de vinhos, surgiu o convite para trabalhar no Fasano ao lado de Manoel Beato como segundo sommelier e, um ano depois, foi transferido para o Gero. "Anotava o nome do cliente e da esposa em uma agenda, com os pratos favoritos de cada um e o que eles gostavam de beber. Deu muito certo", conta.
Mas, aos 34 anos, ele relembrou aquela cobrança do pai. "Com visitas à Itália e descobrindo os produtos de lá, eu fazia planos para abrir algo em São Paulo." Em pouco tempo, alugou um ponto nos Jardins e montou uma cozinha —mas não sabia ainda qual seria nome do novo espaço. "Numa aula de italiano, o professor falou ‘piselli’. Perguntei para um amigo o que significava aquela palavra —e ele me contou que era ervilha."
O Piselli abriu as portas na rua Padre João Manuel no dia 31 de julho de 2004 e se tornou reduto de endinheirados do bairro e cenário para encontros de políticos, todos atrás de receitas da região norte da Itália. Alguns clássicos se mantêm no cardápio até hoje, como o ravioli de queijo Fontina com creme de trufas negras, que custa R$ 93, e o mil-folhas de polenta com cogumelos e queijo Grana Padano, ao preço de R$ 77.
"O prefeito de Ribeirão Preto, Duarte Nogueira, vem sempre comer uma massa fresca. O ex-governador João Doria sempre pede um peixe, mais light", conta Pereira.
Mais do que os 18 anos do restaurante matriz, o aniversário também marca o primeiro ano da inauguração do Piselli Boa Vista, no topo do prédio da ACSP, a Associação Comercial de São Paulo, no centro da capital. Ali, o funcionamento é apenas no horário do almoço, de segunda a sexta-feira, com cozinha que reverencia um prato bem paulistano: o Filet San Paolo, feito com bife acebolado, arroz, feijão e batata frita, ao preço de R$ 120.
Para as celebrações, o empresário preparou algumas novidades. A primeira é uma receita própria de azeite, desenvolvida em parceria com a marca Orfeu. Outro lançamento é o novo vinho da casa, o Piselli Rosso DOC. Elaborado pela vinícola piemontesa Castello di Gabiano, é uma mistura das uvas barbera e pinot nero. A garrafa custa R$ 195 e pode ser opção para o menu Tartufo Nero, criado para o aniversário da casa. Por R$ 395, a sequência inclui entrada, dois pratos e sobremesa.
Há, por exemplo, o cappuccino di funghi al tartufo (creme de cogumelos e trufa negra), o ravioli alla piemontese con tartufo (ravioles recheados com queijo taleggio, aspargos e gema de ovo, cobertos com trufa negra), o anatra confit e tartufo (pato confitado, molho demi glace servido com polenta ao tartufo nero) e, para adoçar, o crema di mascarpone, miele e tartufo (creme de mascarpone, mel trufado e lâminas de tartufo nero).
Mas não estranhe se, durante a refeição, você ouvir um estrondoso "que maravilhoso!" no salão. Isso significa que Juscelino Pereira está na área. "É o meu bordão."
Piselli
R. Padre João Manuel, 1.253, Cerqueira César, região oeste, piselli.com.br
Piselli Boa Vista
R. Boa Vista, 51, 12˚ andar, Centro
Piselli Sud
Shopping Iguatemi - av. Faria Lima, 2.232, Jardim Paulistano, região sul