Conheça a Villa San Pietro, vilinha escondida na rua Augusta com ares de pedaço da Itália

Com três restaurantes, winebar e lojas, viela em SP tem filas e mesas e disputadas

São Paulo

Quem desce apressado pela calçada ou enfrenta o trânsito por vezes difícil da região dos Jardins, em São Paulo, pode nem se dar conta da sua presença. Escondida no número 2.542 da rua Augusta, entre as alamedas Tietê e Lorena, a Villa San Pietro fica oficialmente em Cerqueira César, embora a região seja comumente confundida com o Jardim Paulista.

Logo na entrada está o restaurante italiano Sughetto Cucina e Dolci. Mas vale a pena dar uns passos a mais e explorar o interior da vila —as casinhas simpáticas dispostas lado a lado abrigam a Barú Marisquería, a joalheria Paolo Pelone L’Artigiano, o ateliê da paisagista Adê Moreira, a loja de vinhos e winebar Empório Fernandes e, mais no fundo, o Bistrot de Paris.

Restaurante Sughetto Cucina, do chef Franco Sala, na Villa San Pietro
Restaurante Sughetto Cucina, do chef Franco Sala, na Villa San Pietro - Gabriel Cabral/Folhapress

Dono deste último, o francês Alain Poletto apostou em 2013 no potencial da vila, que não passava de um recanto tristonho naquela época. Já estavam ali o joalheiro e o restaurante Crepe de Paris. "A casa passava por dificuldades e, por influência de um amigo, me tornei sócio. Não sei explicar, mas o lugar me encantou, senti que meu pai italiano teria gostado dali", lembra Poletto.

A aparência já era de uma viela europeia, segundo o joalheiro Pelone, um dos primeiros a alugar um dos imóveis, em 1999. "A vila toda pertence a um único proprietário, que sempre viajou muito para a Europa e trazia fotos de lá, para que os arquitetos daqui reproduzissem os 'vicolos' italianos", conta ele, referindo-se às vielas das cidades do país europeu.

Apesar disso, o restaurante de Poletto causou estranheza entre amigos e familiares num primeiro momento. "Eles me perguntavam se eu estava louco. Um amigo chegou a dizer que a mulher dele jamais teria coragem de entrar naquela vila com jeito abandonado."

O destino da charmosa viela começou a mudar em 2015, quando o negócio, já rebatizado como Bistrot de Paris, entrou para a lista Bib Gourmand, elaborada pelo Guia Michelin e que indica estabelecimentos de alta qualidade, mas com bom preço.

Conforme o público foi chegando, outros empresários repararam no endereço. Um deles foi o colombiano Dagoberto Torres, que alugou uma pequena loja, onde já havia funcionado um salão de cabeleireiro, para instalar a Barú Marisquería.

Vieram também os irmãos Adair e Ailton Fernandes, que inauguraram uma loja de vinhos em 2017. Por último, foi a vez do chef Franco Sala, em 2018, para abrir o Sughetto.

As casas, porém, não escaparam aos revezes da quarentena. Mas resistiram e ganharam fôlego pouco depois, na reabertura. Em plena pandemia, Sala incorporou o imóvel ao lado, de frente para a rua Augusta, e dobrou de tamanho. Mesmo movimento fez o Empório Fernandes no ano passado, que passou também a funcionar como winebar.

A aposta deu certo –a vila hoje tem mesas disputadas e chega a ter filas no almoço e no jantar, especialmente a partir de sexta.

Com média de 700 clientes por semana, Torres criou um sistema de espera remoto para a marisquería, que tem apenas 26 lugares, 12 na área externa,. Também no Bib Gourmand, a casa costuma atrair turistas, inclusive estrangeiros.

"Como as reservas geralmente se esgotam logo cedo, quem entra na fila de espera pode aguardar em casa. Basta me dizer quanto tempo leva no trajeto que a gente vai avisando quando pode vir."

Com 120 lugares, Poletto afirma que também mal dá conta dos até 1.400 clientes que chegam todas as semanas. As mesinhas de bistrô, trazidas da França, já ocupam quatro imóveis, com direito a um terraço para eventos e pequenas cerimônias de casamento.

"Não há mais nenhuma casa vazia na rua e, volta e meia, aparece gente procurando. Curioso pensar que no começo a gente sofria, ninguém entrava aqui", fala.

Vista de dentro da loja de Adê Moreira, na Villa San Pietro, na rua Augusta
Vista de dentro da loja de Adê Moreira, na Villa San Pietro, na rua Augusta - Gabriel Cabral/Folhapress

A experiência da Villa San Pietro pode virar inspiração para outras vielas e galerias da rua Augusta. Fundadora da Samorcc, a Sociedade dos Amigos e Moradores do Cerqueira César, e moradora do bairro há 40 anos, Célia Marcondes conta que a entidade está dando o pontapé para o projeto Rua Augusta Viva.

O objetivo, segundo ela, é evitar que espaços comerciais que fizeram a fama da Augusta sumam para dar lugar a novos empreendimentos imobiliários.

"Vários já sucumbiram, estamos perdendo a guerra para incorporadoras que erguem prédios enormes e põem grades na frente. A tradição de a rua ser um shopping a céu aberto vai desaparecendo", diz. "Queremos preservar a história da rua Augusta e recuperar o seu glamour."

O que existe na Villa San Pietro

Adê Moreira Paisagista
Rua Augusta, 2.542, Cerqueira César, região oeste, Loja 7, ademoreira.com.br, Instagram @ademoreirapaisagismo


Barú Marisquería
Loja 6, Instagram @barumarisqueria


Bistrot de Paris
Loja 12, bistrotdeparis.com.br, Instagram @bistrot_de_paris


Empório Fernandes
Loja 8, Instagram @emporiofernandes_vinhos


Paolo Pelone L’Artigiano
Loja 4, Instagram @paolopelonelartigiano


Sughetto Cucina e Dolci
Lojas 1 e 2, Instagram @sughetto.casa

Comentários

Ver todos os comentários Comentar esta reportagem

Últimas

Ver mais