Folha elege as melhores salas de teatro de São Paulo pela primeira vez
Guia especial levou em consideração quesitos como acústica, conforto e localização
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A Folha apresenta um guia especial, que mapeia as melhores salas de teatro de São Paulo. Trata-se de um retrato dessa cena na cidade, um alicerce para a história do teatro brasileiro.
Tudo começou num sobrado na rua major Diogo, na Bela Vista. Ali, o italiano Franco Zampari fundou, em 1948, o Teatro Brasileiro de Comédia, o TBC. Do grupo surgiriam artistas do nível de Cacilda Becker, Tônia Carrero, Paulo Autran e Sérgio Cardoso.
"O público de São Paulo sempre esteve mais interessado no teatro como um lugar de reflexão", diz Daniel Marano, professor de história do teatro na Casa das Artes das Laranjeiras, a CAL.
"O TBC criou os primeiros artistas modernos, tinham uma atuação mais natural naquela época."Enquanto isso, o Rio de Janeiro mantinha uma tradição de teatro popular. Marano afirma que o TBC criou a possibilidade de existir um mercado para esses artistas, profissionalizando o ofício.
A ambição de Zampari era modernizar a cena brasileira e sintonizá-la com o que acontecia na Europa. Com esse objetivo, o diretor Ziembinski esteve à frente de importantes montagens em sua carreira, entre elas "O Homem de Flor na Boca", de Luigi Pirandello. Em crise financeira o TBC fechou as portas em 1964, mas continuou a ditar as iniciativas que marcariam o século.
A cena de São Paulo se transformaria num campo de forças, tensionando linguagens opostas num contexto de enfrentamento à censura da ditadura militar. Fundada em 1948, a Companhia Maria Della Costa mudou-se do Rio de Janeiro para a capital paulista, percebendo que as suas peças causavam estranhamento pelos cariocas. O grupo reafirmou as conquistas do TBC, apostando num repertório mais ousado, encenando textos escritos por dramaturgos brasileiros.
COMO FOI FEITA A ELEIÇÃO
Equipe de jornalistas da Folha que cobre e frequenta teatros foi responsável pela eleição. Participaram da votação nas categorias Gustavo Zeitel, repórter da Ilustrada; Nathalia Durval, do GuiaFolha; Raíssa Basílio, repórter de Todas; Roberto de Oliveira, editor de Projetos Especiais & Parcerias; e Diego Bachega, Natália Nora e Isabela Faggiani, colaboradores da Folha.
Logo surgiriam, no entanto, reações a essa modernização à moda europeia. Em 1953, o Teatro de Arena foi fundado, estabelecendo, em sua linguagem, um compromisso político, inflamado pela chegada ao grupo de Augusto Boal. Na década seguinte, a encenação do ciclo "Arena Conta" representaria um protesto à censura estabelecida no país.
Já em 1958, um grupo de alunos da faculdade de direito, formado por José Celso Martinez Corrêa, Fauzi Arap, Renato Borghi, além de Amir Haddad, Etty Fraser e Ronaldo Daniel, criaram o Teatro Oficina.
"Zé Celso encontrou a definição do Brasil", diz Marano. Com "Roda Viva" e "Rei da Vela", o Oficina fez sátira política e traduziu a Tropicália para os palcos. Tanta efervescência na cena teatral não se dissolveria ao final do século.
Nos anos 1980, Antunes Filho fundou o Centro de Pesquisa Teatral, o CPT, abrigado no Sesc Consolação. O diretor se notabilizou por criar um método de atuação rigoroso e mesmo insuportável para muitos dos atores do CPT.
"Todo mundo, na época, falava assim nas outras peças ‘olha, você está imitando o que o Antunes está fazendo", lembra o ator Luiz Paetöw, que trabalhou com o diretor e viaja pelo mundo com Antunes Filho".
"Ele acabou se tornando uma referência mundial." Passada a pandemia, os paulistanos lotam todas as salas, prestigiando a Mostra Internacional de Teatro, que traz peças de diferentes partes do mundo para a cidade.
"Escolhemos artistas envolvidos em pesquisas e que dialoguem com o Brasil", afirma Antonio Araujo, diretor da mostra. E, assim, a cidade se torna um laboratório teatral: aqui se vê as peças em espaços abertos encenadas pelo Teatro da Vertigem, dirigido por Araujo, os textos clássicos do Grupo Tapa e as incursões beckettianas de Gerald Thomas.
A história, de todo modo, continua em movimento. Não por acaso, há dois anos, o Sesc, que na época ainda era dirigido por Danilo Santos de Miranda, morto no ano passado, firmou um acordo com a Funarte para reformar e administrar a sede do TBC.
A diversidade e a efervescência da cena paulistana estão na seleção de teatros feita pela Folha. As categorias, definidas pela equipe, buscam contemplar todas as qualidades que uma boa sala de espetáculos precisa ter.
"São Paulo é uma das capitais do teatro no mundo e o Vertigem, trabalhando em espaço s não convencionais, consegue revelar outras cidades dentro da cidade", diz Araujo.