Pouco antes de começar o espetáculo, feixes de luz do crepúsculo se misturam à iluminação artificial do ambiente. Alto, o pé-direito que beira os seis metros de altura dá uma sensação ainda maior de amplitude.
A direção do olhar logo se volta para uma luminária formada por um conjunto de 40 esferas feitas de fibra de vidro fixadas a uma estrutura metálica.
A peça, feita pelo cenógrafo, figurinista e carnavalesco Luis Carlos Rossi (1954-2021), parece se conectar às duas adegas laterais, que vão do chão ao teto, com 320 garrafas de 55 rótulos de vinho —aqui um truque típico de cenário teatral, só a parte inferior do compartimento contém bebidas, a do alto é meramente decorativa.
Estamos no lobby do Renaissance, uma das 30 marcas de hotéis presentes em 10 mil destinos globais da rede americana Marriott, mas já dá para avistar, conforme se avança sobre o piso de mármore, cercado de painéis de madeira, a escada de acesso ao piso inferior, onde fica a área de eventos que abriga o teatro de mesmo nome.
O Renaissance da encenação completou 25 anos no dia 4 de setembro. A peça de estreia foi com a atriz e diretora Bibi Ferreira (1922-2019). A artista tinha demorado sete anos para trazer a São Paulo o musical "Bibi Canta e Conta Piaf", no qual relembrou os acontecimentos e as canções mais marcantes da vida da cantora francesa. Na sequência, o espaço do hotel recebeu Raul Cortez, com o monólogo "Um Certo Olhar - Pessoa e Lorca".
Com 428 lugares, o Teatro Renaissance tem hoje uma programação eclética, na opinião de Mário Martini, 72, diretor do local desde a inauguração, em 1999. Atualmente, as atrações são o stand-up de Igor Guimarães e a comédia de Pedro Cardoso, chamada "O Recém-Nascido", no mesmo palco em que já pisaram grandes nomes da dramaturgia como Marília Pêra (1943-2015) e Paulo Autran (1922-2007).
Em comemoração aos 20 anos da peça "Cada Um com seus Pobrema", o ator Marcelo Médici volta em cartaz com o espetáculo, aos sábados e domingos, de 5 de outubro a 15 de dezembro.
As bodas de prata celebradas por esse território cultural paulistano foram, até aqui, registradas em 252 espetáculos, com ao menos 5.000 apresentações, voltadas para um público aproximado de 1,5 milhão de pessoas, segundo contabiliza Martini.
Muita gente faz desse programa teatral um programão de fim de semana, ou seja, o pré ou o pós-espetáculo pode acontecer ali mesmo, no hotel. É comum ver o pessoal do teatro no Living Lounge Bar & Sushi, aberto das 7h à 0h, onde se escuta gente falando diferentes idiomas.
Lá, um sofá modular funciona como uma ilha central ao lado de móveis de design assinados, como a poltrona Platner, criação do americano Warren Platner, nos anos 1960.
Com uma decoração tomada por 500 vasos carregados de 20 espécies da flora da mata atlântica, o restaurante Terraço Jardins, que acomoda até 150 comensais, é outro ponto de encontro no Renaissance. Ambos são abertos a não hóspedes, assim como acontece com o spa e a academia do hotel.
A uma quadra da avenida Paulista, a localização do teatro, na alameda Santos, é privilegiada: fica a 800 m do Masp, metade disso do IMS (Instituto Moreira Salles) e a 1 km do restaurante Gero. Em cerca de dez minutos, chega-se, caminhando, até a Oscar Freire, endereço consagrado nos Jardins.
Se não souber aonde ir, uma dica é procurar, no lobby do próprio hotel, os "navigator’s", uma nova versão de concierge. É uma equipe que conhece pontos turísticos da metrópole, treinada para ajudar o visitante a explorar as singularidades da capital paulista —antes de as cortinas se abrirem ou depois que elas se fecharem.
TEATRO RENAISSANCE
Alameda Santos, 2.233, Cerqueira César, região oeste, (11) 3069-2286, @teatrorenaissance
23h00
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