Descrição de chapéu Melhor teatro de SP
Teatro

Com palco que torna tudo em experiência imersiva, Oficina é melhor teatro experimental

No espaço, público pode se acomodar entre arquibancadas, bancos e cadeiras de madeira distribuídos por três andares feitos de andaimes

Imagem da parte interna do Teatro Oficina, na região central da cidade
Imagem da parte interna do Teatro Oficina, na região central da cidade - Adriano Vizoni/Folhapress
São Paulo

Pode não ser novidade, mas vale repetir: ao entrar no Teatro Oficina Uzyna Uzona, esqueça o que você sabe sobre teatro. Nem italiano, nem elisabetano, nem arena: no lugar do palco, há uma passarela que vai dos portões ao fundo do espaço, projetado pela arquiteta Lina Bo Bardi.

Inaugurado em 1961, o Oficina pegou fogo em 1966 após um curto-circuito e precisou se reerguer. Zé Celso, diretor teatral, fundador do grupo e dramaturgo que morreu no ano passado, atribuía a destruição à ditadura militar.

O novo espaço, tombado pela cidade e pelo Estado de São Paulo, ganhou um formato único, que conecta o teatro aos seus arredores. A estrutura já chegou a ser reconhecida como a melhor do mundo pelo jornal dominical do britânico The Guardian, o The Observer.

Ao cruzar a passarela que faz as vezes de palco, o público pode se acomodar entre arquibancadas, bancos e cadeiras de madeira distribuídos por três andares feitos de andaimes dispostos nos dois lados do corredor. O reconhecimento do Oficina não vem do luxo ou do conforto —pelo contrário, as cadeiras são resistentes e duras. O sacrifício é compensado pela experiência única e imersiva.

O contato com os atores pode ser mais próximo para quem fica perto do solo, mas quem senta nos andares superiores também consegue ver e interagir de perto. Atores usam as plataformas e escalam as vigas dos andaimes. Tudo dentro da sala é considerado palco —e fora também, já que artistas cruzam o portão e as janelas que apontam para o futuro parque do Rio Bixiga.

Como um dos sobreviventes teatros de grupo, o Oficina mantém uma programação de peças dirigidas e encenadas por seus integrantes. Neste ano, estiveram em cartaz "O Jogo do Poder", "O Bailado do Deus Morto" e "Mutação de Apoteose", além das homenagens "Go Back Torqu4to", a Torquato Neto, "Pretobrás, e Daí?", a Itamar Assumpção, e "Dorival e a Mar", a Dorival Caymmi.

Além de peças de seu repertório, o teatro também recebe outras produções. Neste ano, o grande destaque foi uma nova temporada de "O que Nos Mantém Vivos?", do Teatro Promíscuo, companhia de Renato Borghi, um dos fundadores do Oficina e amigo de Zé Celso.

Velórios, festas, shows e atos políticos também integram a programação do espaço, fazendo do lugar um centro cultural. Foi lá a cerimônia de velório do Zé Celso, em julho de 2023.

Nas cercanias do teatro, dá para aproveitar algum dos bares da região para matar a fome após uma peça, que, na tradição do grupo, pode durar horas. Na saída é possível ainda adquirir livros, camisetas e outros itens da companhia. As vendas ajudam a financiar o Oficina, que desde 2016 perdeu o patrocínio da Petrobras.

TEATRO OFICINA UZYNA UZONA
R. Jaceguai, 520, Bela Vista, região central, @oficinauzynauzona. tel. (11) 3106-2818

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