Símbolo modernista, Municipal é o melhor teatro lírico de SP

Prédio na praça Ramos abriga apresentações de corpos artísticos da cidade e reúne o melhor da ópera

Imagem da parte interna do Theatro Municipal, no centro de São Paulo
Imagem da parte interna do Theatro Municipal, no centro de São Paulo - Adriano Vizoni/Folhapress
São Paulo

A edificação do Theatro Municipal, na praça Ramos de Azevedo, no centro da cidade, é um símbolo do ímpeto modernista de São Paulo. Quando de sua inauguração, em 1911, a aristocracia cafeeira festejou a existência de uma casa para a arte lírica. Só que a importância do teatro perduraria por um evento que ocorreu na década seguinte.

Ir a uma ópera no Municipal significa estar no espaço que sediou a Semana de Arte Moderna de 1922. As discussões alisuscitadas ainda determinam o debate sobre a identidade nacional, como se percebeu, há dois anos, no centenário da Semana.

Nas visitas guiadas oferecidas pela instituição, é possível imaginar noites históricas, como as apresentações das cantoras Maria Callas e Renata Tebaldi, dos bailarinos Vaslav Nijinski e Isadora Duncan, e também de pianistas, como o polonês Arthur Rubinstein e Magdalena Tagliaferro.

A história continua com as temporadas dos corpos artísticos: Orquestra Sinfônica Municipal, Balé da Cidade de São Paulo, Coral Paulistano, Coro Lírico Municipal, Orquestra Experimental de Repertório e ainda o Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo.

Para quem quer conhecer o mundo da ópera, o Municipal é o melhor teatro para isso. A cada ano, as óperas ali apresentadas repensam o cânone, com repertórios italiano, alemão e francês.

Um bom exemplo é "Nabucco", do italiano Giuseppe Verdi, que será encenado, no fim deste mês, pela diretora Christiane Jatahy, laureada com o Leão de Ouro, da Bienal de Veneza, em 2022. Neste ano, o teatro já teve montagens de "Carmen", de Georges Bizet, e "Madame Butterfly", de Giacomo Puccini. Em paralelo, o corpo de baile distingue-se por se dedicar a obras contemporâneas.

Ainda se destaca a Orquestra Sinfônica Municipal, que, agora regida por Roberto Minczuk, pode se concentrar em programas de música sinfônica, exibições que deveriam ocorrer com maior frequência. Afinal, a música que soa da orquestra é a inspiração para as seis musas esculpidas na fachada: Euterpe (poesia lírica e música), Melpômene (tragédia), Tália (comédia) e Terpsícore (dança). O luxo estava previsto no projeto de Ramos de Azevedo, Claudio Rossi e Domiziano Rossi, inspirado na Ópera de Paris.

Atualmente, a sala de espetáculos tem capacidade para 1.523 pessoas, acomodadas na plateia, nos balcões nobre e simples, nas frisas e nos camarotes. O palco tem 21,5 metros de largura e 20,5 metros de comprimento, e todos são beneficiados pela acústica. Não é preciso gastar muito para ir ao Municipal. Em geral, os ingressos custam a partir de R$ 31.

Desse modo, a arte lírica consegue se democratizar, inclusive pela localização do teatro, ao lado do Vale do Anhangabaú, perto do metrô. Cem anos depois da Semana de Arte Moderna, o Municipal ainda ocupa uma posição central na vida cultural da cidade.

THEATRO MUNICIPAL
Praça Ramos de Azevedo, s/n, República, região central, tel. (11) 3367-7200. theatromunicipal.org.br

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