Ópera de Arrigo Barnabé é remontada com "Édipo Rei" no Theatro São Pedro


Uma linha comum guia duas óperas independentes em um único espetáculo, que encerra a temporada anual do gênero no Theatro São Pedro. Na primeira parte, apresenta-se "O Homem dos Crocodilos", de Arrigo Barnabé, e, na segunda, "Édipo Rei", de Igor Stravinsky.

Se, por um lado, Barnabé se apoia em Sigmund Freud, o pai da psicanálise bebe da mesma fonte que o compositor russo -ou seja, na tragédia grega de Sófocles-, ao elaborar o cerne de seus famosos estudos sobre a neurose.

Impregnada por essa linha psicanalítica, a obra do paranaense narra, em dois atos, o caso clínico de um músico em crise criativa, consumido pelo medo patológico de que a tampa do piano caia sobre os seus dedos.

Com libreto do argentino Alberto Muñoz e trilha da Orquestra Crocodila, a encenação é mantida com elenco semelhante ao original de sua estreia, em 2001, mas ganha direção cênica de Caetano Vilela e retoques de Barnabé.

"Eu não estava satisfeito com a versão anterior, pedi para o Muñoz escrever uma ária dedicada à personagem da psicanalista e mudei a abertura e o encerramento, incluindo um coro, inspirado pelo 'Édipo'", explica o artista.

Enquanto a primeira montagem conta com uma formação camerística no palco, a segunda é acompanhada pela orquestra do teatro no fosso, conduzida por Luiz Fernando Malheiro.

Mesmo após o término de sua obra, Arrigo segue como narrador durante a incestuosa ópera de Stravinsky, sobre a profecia que leva Édipo a matar seu pai e casar-se com sua mãe.

"Ambas lidam com a psicanálise de forma muito próxima, foi um casamento perfeito", diz o maestro. "Certamente vamos atrair uma faixa ainda maior de jovens e de toda a geração não tão jovem que acompanha o trabalho do Arrigo ao longo dos anos, um público diferente, o que é sempre positivo", comenta Malheiro.

Theatro São Pedro - r. Dr. Albuquerque Lins, 207, tel. 3661-6600. Qua.: 20h. Até 29/11. 180 min. 10 anos. Ingr.: R$ 10 (estudante) a R$ 60 p/ 4003-1212 ou ingressorapido.com.br.

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