Pinati, tradicional lanchonete israelense, une judeus e hipsters em torno do bolovo de faláfel
Com cozinha kosher e supervisão de um rabino, casa inaugura novo endereço em SP
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Depois de 11 anos como inquilina de um sobrado de esquina em Higienópolis, a lanchonete Pinati se mudou para um novo endereço: um outro sobrado de esquina, também em Higienópolis. Não teria como ser diferente —é que Pinati significa "minha esquina" em hebraico.
Próximo à praça Vilaboim, na região central de São Paulo, o novo sobrado abre oficialmente as portas nesta quinta, dia 10, depois de uma semana em soft opening. Agora o espaço é maior e mais moderno, bem diferente da antiga loja, na alameda Barros, cujo salão simples e atendimento familiar atraía a comunidade judaica, que encontra ali uma cozinha 100% kosher, e hipsters em busca de comida boa e receitas vegetarianas.
A mudança não estava nos planos da família Berlovich, que criou o negócio, mas as salas usadas no antigo imóvel foram postas à venda. Com isso, a Pinati ganhou não só outra casa, mas um banho de loja. Agora tem paredes decoradas com lambe-lambes com gírias em hebraico e desenhos de sua mascote, Mutzi, um simpático picles de pepino vestindo boné, que também passou por uma recauchutagem. Com o clima mais descontraído, eles dizem esperar que a mistura de públicos seja mantida.
Alon Berlovich fundou a casa em 2011 com os pais, Ben e Berta, em um momento em que o comércio da família no Bom Retiro não ia bem. Anos antes, Alon voltou de Israel animado, com a ideia de abrir uma casa especializada em faláfel, bolinho frito de grão-de-bico típico do Oriente Médio. "Meu pai não topou de primeira", lembra Alon. Mas, depois de algum tempo, Ben cedeu e foi conversar com seu rabino sobre o negócio.
Foi o rabino que deu o certificado de kosher para o restaurante no início. Isso significa que o local segue uma série de regras da religião judaica. Para manter o selo, um supervisor rabínico fica por lá diariamente para verificar a comida, as receitas não têm nenhum derivado de leite e apenas um judeu pode acender o fogo da chapa, por exemplo. Além disso, o local interrompe o serviço depois do almoço das sextas-feiras e permanece fechado aos sábados.
Durante a pandemia, Berta e Ben passaram a trabalhar de casa. Ben morreu em 2021. Hoje, Alon conta com o irmão, Lior, no dia a dia do negócio.
Para além do faláfel, a família investiu em um extenso menu baseado em comida de rua israelense, com sanduíches variados e porções de pasta, com destaque para o homus. O cardápio antigo foi levado para a Vilaboim, onde ganhou a companhia de novos pratos.
"Agora que vamos dispor de um espaço maior, poderemos unir a nossa atual comida de rua israelense, que é mais judaica sefardita, com os pratos iídiche, ashkenazitas do leste da Europa. Queremos brincar um pouco com essas duas vertentes", diz Alon. Exemplo disso é a shakshuka, com molho de tomate, pimentão vermelho, ovos e carne moída (R$ 55). "É um prato que os judeus tunisianos trouxeram para Israel, onde é muito popular."
Da lista de sanduíches tradicionais, que também podem ser servidos no prato, aparecem shawarmas (com fatias finas de carne assadas em espeto), schnitzels (carne empanada e frita; no Pinati, é feito com frango) e sabichs (com berinjela grelhada e ovo cozido), por exemplo. Os preços variam de R$ 42 a R$ 68.
Ainda há uma seção chamada "sanduíches da nossa esquina", com lanches como o Yiddishe Schnitzel, com filé de frango empanado com gergelim, patê de ovo com cebola e picles de pepino, no pão chalá (R$ 58), o Vursht, um salame bovino tradicional judaico, servido com molho de mostarda, picles de pepino, batata palha, chimichurri e cebola caramelizada, no pão pita (R$ 55).
Mesmo com tanto espaço para os sandubas, foi um bolinho que mudou a trajetória da casa. Batizada de Falovo, a receita é uma versão do clássico bolovo, mas feita com faláfel. Lançado por Alon em 2015, é servido com tahine (uma pasta de gergelim) e custa R$ 18. "Depois do Falovo, começa uma nova fase da Pinati", diz. Foi quando o público não judeu descobriu a lanchonete.
Alon conta que a criação surgiu em uma época em que o petisco estava em alta em bares da capital. Foi um jeito de criar uma versão vegetariana e kosher. "Como sou kosher, nunca comi bolovo em outros lugares."