CRÍTICA: Longa 'Columbus' dá frescor ao combalido cinema independente americano

COLUMBUS (muito bom)
DIREÇÃO Konada 
PRODUÇÃO EUA, 2017. 104 min. 14 anos. 
ELENCO Haley Lu Richardson, John Cho e Parker Posey

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Numa época em que praticamente não há preocupação com o comportamento da câmera, "Columbus" pode impressionar por seu rigor formal ou causar falsas impressões de frieza.

No entanto, em um filme todo embebido de arquitetura e do amor por essa nobre arte, fazem sentido os enquadramentos fixos, simétricos, inspirados nos "pillow shots" de Yasujiro Ozu (imagens fixas de ruas e construções praticamente sem pessoas).

Casey (Haley Lu Richardson, numa interpretação primorosa) é uma jovem bibliotecária apaixonada por arquitetura. Ela conhece o executivo Jin (John Cho), filho de um arquiteto coreano famoso que sofreu um ataque e está em coma.

Amizade entre Casey (Haley Lu Richardson) e Jin (John Cho) é permeada por belas construções - Divulgação

Por algum motivo digno dos filmes de Jim Jarmusch, eles se tornam amigos, contra todas as expectativas e sem excluir aí uma certa tensão sexual.

Jin tem uma paixão platônica por Eleanor, companheira do pai, vivida por Parker Posey (musa do cinema independente americano desde os anos 1990).

Casey flerta com um colega da biblioteca, Gabriel (Rory Culkin, um dos irmãos do sumido Macaulay), e se recusa a abandonar a pequena Columbus, em Indiana, porque precisa cuidar da mãe, ex-viciada em drogas.

É somente isso, mas tudo isso. Porque nestas linhas está boa parte do que acontece no filme. E, ao mesmo tempo, tudo que se passa é de certo modo indescritível. Está nas reações dos personagens, na maneira como interagem, em cada gesto, cada olhar, cada inflexão de voz.

Longa minimalista este do sul-coreano Kogonada, que estreia para dar um frescor no combalido cinema independente americano.

Minimalista porque, na maior parte do tempo, vemos belas construções, e os protagonistas, Casey e Jin, observando-as ou discutindo as obras arquitetônicas do finlandês Eliel Saarinen (1873-1950) e de seu filho Eero (1910-1961), ambos ligados à cidade. E porque, ao vermos tantos nomes creditados como atores nos créditos finais, nos perguntamos brevemente em que filme esse pessoal todo estava, uma vez que a Columbus vista é bela, esverdeada e quase sempre deserta.

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