Foi com uma "pontinha de saudade" que Alê D’Agostino definiu o sentimento de abrir um novo bar depois de passar para o outro lado do balcão e criar a marca APTK Spirits, empresa de coquetéis engarrafados.

Dono do antigo bar Apothek, eleito o melhor de São Paulo pelo júri da Folha em 2019, ele volta a inaugurar um balcão na capital paulista. Desta vez, dentro da galeria de arte What’s Next, de Gabriel Wickbold —o APTKX, que ganhou o "X" de "experience".

Assim como o antigo Apothek, que fechou definitivamente as portas em 2020, o novo bar diz buscar uma conexão com a arte, já que o velho endereço também dividia espaço com uma espécie de galeria. Naquele caso, era o estúdio do artista Filipe Grimaldi.

O balcão recém-inaugurado na galeria de Wickbold tem cerca de cinco metros de comprimento, com cinco banquinhos. Mas o público que esteve na inauguração, no sábado, dia 5, preferiu deixar bolsas e pertences apoiados nos assentos e passear por entre as obras de arte, socializando em pé, para ver e ser visto.

Para D’Agostino, a parceria com um espaço artístico faz parte do empreendimento e deve ser mantida se o APTKX existir por mais tempo. Isso porque a iniciativa é efêmera —tanto o bar quanto a galeria têm data marcada para acabar, o que vai ocorrer muito em breve. Inaugurado há menos de uma semana, o balcão deve permanecer por ali somente até dezembro, já que o espaço artístico dará lugar a um prédio.

Mais do que um experimento de dois meses, D’Agostino afirma que a iniciativa é uma oportunidade de pôr em prática o modelo dos coquetéis engarrafados. Marca de drinques vendidos já prontos dentro de garrafa, a APTK Spirits está em endereços paulistanos conhecidos, como o restaurante Vista, no parque Ibirapuera, os bares da rede Pirajá e o hotel Emiliano, por exemplo.

O APTKX, é claro, serve alguns dos drinques mais conhecidos da marca: negroni, gim-tônica, scarlatti tonic, fitzgerald e old fashioned —todos ao preço de R$ 39. O bartender diz que o objetivo não é substituir a experiência de um bar, onde mixologistas criam e reproduzem as receitas na hora, nem servir apenas os coquetéis prontos. Segundo ele, o intuito é utilizar as misturas como parte das bebidas que o público pode consumir enquanto visita a galeria.

"Sempre gostei de pensar a bebida como um coadjuvante, como um link entre pessoas e arte, moda, design, música e cultura em geral", afirma D’Agostino.

Durante a inauguração, o grupo musical de Wickbold se apresentou para uma plateia que se dividiu entre o balcão e a escadaria vermelha que leva às obras dispostas no segundo andar. O público que estava ali por causa da galeria ou para ouvir a banda resume o espírito que D’Agostino diz ter trazido do velho Apothek.

"O bar era frequentado por pessoas de várias idades, mesmo jovens que, em geral, não costumam beber coquetéis", conta. Ele lembra ainda que, no Apothek, muitas mulheres costumavam ir sozinhas. "Iam desacompanhadas porque sabiam que era um ambiente seguro, onde ninguém iria incomodar."

O espaço não é o mesmo. Mas D’Agostino avalia que o DNA do bar foi mantido, o que ele espera atrair os órfãos do Apothek. "Quis fazer algo fora do óbvio dos Jardins."