Região dos Jardins vive explosão japonesa com novos restaurantes, lojas e bares em SP

Endereços como Motchimu, Goya Zushi e Nishiki Sake renovam o sotaque oriental paulistano

São Paulo

Grosseiramente falando, um jardim japonês representa em miniatura a grandeza e a beleza da natureza num espaço delimitado. Em São Paulo, há quase isso —uma espécie de Jardins do Japão, circuito que concentra a gastronomia nipônica dentro da região na capital paulista.

Do café da manhã à saideira, com distância máxima de 2,5 quilômetros ou meia horinha de caminhada, nessa parte da zona oeste da cidade é possível encontrar cafeteria, lojas de saquê, fine dining, botecos típicos, casa de lámen, empório, doceria e até karaokê. Alguns deles novíssimos.

A loja Motchimu é especializada no moti, os delicados doces japoneses feitos de arroz
Doce da loja Motchimu, especializada no moti, os delicados doces japoneses feitos de arroz - Ricardo Dangelo/Divulgação

O caçula do roteiro é o Motchimu, misto de confeitaria e casa de chá que tem previsão de abertura para o dia 3 de outubro, segunda-feira. Dentre as versões de moti, o bolinho doce de arroz glutinoso, há os à base de cacau de pequenos produtores da Amazônia, alternativas veganas e os feitos com doce de feijão azuki ou branco.

Os docinhos são feitos à mão por Suzana Murakami há mais de duas décadas. A princípio, ela preparava as receitas no Kinoshita, restaurante que passou de seu pai para seu marido, Tsuyoshi Murakami, o performático e premiado sushiman que atualmente toca uma casa com seu nome nos Jardins.

"Quando eu era pequena, em Hokkaido, no Japão, o moti era mergulhado no dashi. Não era doce, mas é uma lembrança doce", diz Suzana. Dashi é um caldo típico da gastronomia japonesa.

"Os clientes sempre tentaram encomendar os docinhos", conta Jun Murakami —aos 20 anos, é o filho do casal que vai tocar a casa de doces. "A ideia é proporcionar um ritual. Diante de um grafite do Speto, os motis vêm em louças também feitas pela minha mãe e harmonizam com matchás japoneses infusionados em água italiana."

A arte urbana também aparece num painel assinado por Revolue no Goya Zushi, aberto desde o dia 20. "Como um show de jazz, a cozinha segue uma nota, mas tem liberdade de criação. É o que aprendi no Japão e o que sempre quis fazer", diz Uilian Goya, que toca a casa.

"Não tenho menu, mas sigo os métodos ancestrais —tenho o cru, o cozido, o frito, o ensopado e sempre finalizo com um prato mais forte, com um arroz, missô shiro e tsukemono [conservas típicas], como no Japão", afirma.

A 220 metros do Goya fica a Nishiki Sake, inaugurada neste ano por Roberto Yoshioka Tadashi, que é dono de dois izakayas, bar típico japonês, em Hiroshima e que tem nas prateleiras do seu ponto paulistano mais de 150 rótulos de saquês artesanais importados do Japão.

"Compramos apenas de quem produz a bebida com a devoção que ela merece", afirma Tadashi, que conta com 48 fornecedores exclusivos.

Até chegar à Mega Sake, concorrente direta da Nishiki, são 11 quadras. No caminho está a We Coffee, cafeteria instagramável sempre cheia de filas. Uma opção menos conturbada é o Empório Daruma. Desde abril, o café do quinto andar serve sobremesas do chef Cesar Yukio.

O caminho reserva ainda o Quito Quito, de Kaori Muranaka. Nascida no arquipélago japonês de Ogasawara, ela iniciou seu izakaya na Vila Madalena, mas se mudou em 2016 para uma rua povoada por rodízios de sushi nos Jardins. Hoje, a cozinha de seu misto de restaurante e bar é referência no bairro.

Vale dizer que, quando fecha as portas do Quito Quito, Muranaka costuma dar alguns passos e encerrar a noite no Donchan. Ali, ela mergulha no karaokê com amigos, acompanhados de cerveja gelada e belisquetes típicos de seu país natal.

Se ainda houver fôlego, a vizinhança ostenta mais dois bastiões japoneses. O Tonkotsu Barikote Ramen Maru é um cubículo para oito pessoas que tem como protagonista um caldo suíno denso que pode vir com óleo de gergelim preto, kaedama (massa fina e caseira), ovo marinado e pancetta.

Prato retangular com cinco versões de sushis vegetarianos do restaurante Aizomê; ao lado do prato estão hashis e cerâmicas de shoyu
Sushis veganos do restaurante Aizomê - Rafael Salvador/Divulgação

Duas quadras acima, a chef Telma Shiraishi faz do premiado Aizomê uma verdadeira embaixada gastronômica do Japão.

Se é exagero dizer que os Jardins são uma nova Liberdade, é verdade que, pelo menos na comida e na bebida, a região tem um sotaque asiático próprio.

Roteiro oriental nos Jardins

Aizomê
Al. Fernão Cardim, 39, Instagram @aizomerestaurante


Donchan
R. Batataes, 380A, Instagram @izakayadonchan

Pratos e copo sobre mesa
Katsu sando e kare raisu servidos no Donchan - Marina Consiglio/Folhapress

Empório Daruma
R. Augusta, 1.917, Instagram @emporiodaruma


Goya Zushi
Al. Franca, 1.151, Instagram @goyazushi


Mega Sake
Al. Joaquim Eugênio de Lima, 1.416, Instagram @megasake


Motchimu
R. Melo Alves, 303, Instagram @motchimu


Murakami
Al. Lorena, 1.186, Instagram @restaurantemurakami

Tsuyoshi Murakami em cena da série "Sandy+Chef", da HBO Max
Tsuyoshi Murakami em cena da série 'Sandy+Chef', da HBO Max - Divulgação

Nishiki Sake
Al. Tietê, 185, Instagram @nishiki_sake

Fachada da Nishiki Sake, na região dos Jardins
Fachada da Nishiki Sake, na região dos Jardins - Divulgação

Quito Quito
Al. Campinas, 1.179, tel. (11) 3586-4730


Tonkotsu Barikote Ramen Maru
R. José Maria Lisboa, 118, Instagram @tonkotsulovers


We Coffee
Al. Lorena, 1.682, Instagram @wecoffee.br

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