iFood tem os melhores restaurantes entre os apps de delivery, diz ranking

Plataforma lista endereços clássicos de São Paulo como A Casa do Porco, Maní e Le Jazz

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São Paulo

Os indecisos tendem a sofrer mais na quarentena. Já se falou antes em fadiga do streaming, quando ficamos horas vagando pelos belos pôsteres nas prateleiras virtuais da Netflix, HBO Go e afins para então clicar num reality tosco ou num bom e velho episódio de “Sex and the City” —mais confiável, porque sabemos bem o que esperar.

Sinto o mesmo diante dos —muitos bons— restaurantes que desfilam pela tela do iFood. Ficamos tentados, mas no mundo dos aplicativos, bem sabemos, as aparências enganam. Neste ano e meio de confinamento, fui fiel às casas que frequentava no mundo real, com medo de ousar ou, pior ainda, jogar dinheiro fora.

Muitos dos endereços que marcavam os encontros com amigos e as esticadas pós-cinema-teatro-vernissage-e-tudo-o-que-perdemos na pandemia estão lá. Os portugueses Mirandês e Costa Nova, os italianos Firmina, Veridiana e Mimo, os franceses La Tartine e Le Jazz, o Paribar, o Nou.

Outros sumiram dos aplicativos, como o Così. Outros foram vitimados pela pandemia, entre eles o La Frontera ou o Ramona. E outros estão na Rappi, como o japonês Oguru, o Fôrno ou o afrancesado Esther Rooftop, embora sem a vista da praça da República.

Esse, aliás, é o problema. Os pratos podem chegar quase sempre sem grandes acidentes à sua casa, podem ter até o mesmo gosto, mas estaremos ainda distantes daqueles ambientes que fazem falta ou que despertam na gente boas memórias, tudo congelado no idílio pré-pandemia.

Na tela do celular, não vemos o clima da noite, a fila ou falta dela na porta. Nem esbarramos num conhecido quando passamos pelo bairro. A imprevisibilidade da vida, dos encontros por acaso, ajudava na hora da decisão, motivo de angústia para quem desliza o dedo várias vezes pelos cardápios virtuais para voltar à estaca zero ou ao mesmo de sempre.

É bom pensar que logo será possível flanar por aí, mas por enquanto os aplicativos matam um pouco da nossa fome e turbinam a memória afetiva. Que os entregadores sejam mais respeitados e sigam na luta nessa rotina que ninguém mais aguenta.