Saiba quais são as melhores casas de shows de São Paulo em 2024 segundo o Guia Folha

Pelo segundo ano, Folha elege os espaços que são guardiões da música ao vivo na cidade

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São Paulo

David Byrne, líder da banda Talking Heads, inicia seu livro "Como Funciona a Música" relacionando a criação musical com a arquitetura. Ao longo da obra, também pensa em como a combinação de sons está ligada à tecnologia disponível.

Na visão dele, a partir de uma leitura histórica, uma música predominantemente percussiva funciona melhor num espaço aberto, enquanto uma composição mais melódica se encaixa melhor, por exemplo, numa catedral.

Byrne diz que o CBGB's, famosa casa de Nova York na década de 1970, moldou o gênero do punk e o próprio Talking Heads, enquanto o som automotivo fez o mesmo com os graves do hip-hop. Não é preciso ir muito longe para pensar em como os paredões de som moldaram o funk brasileiro e fizeram o forró desembocar na criação da pisadinha.

Show do grupo de k-pop Twice, no Allianz Parque, em São Paulo - Camila Cara/Divulgação

Ser um frequentador de casas de shows é entender como essas dinâmicas funcionam na prática, noite após noite. Isso porque um show nunca acontece no vácuo. Se a mesma banda for escalada para um estádio ou um inferninho, aquilo vai afetar não apenas a maneira como o público absorve a música, mas também como ela é reproduzida.

A temperatura, o horário, o público, o dia do ano, a arquitetura —tudo influi em como um acorde vai soar. De diversas maneiras, a forma que a performance musical toma é consequência direta das casas de shows.

Em tempos de alta ou baixa de mercado, com ou sem concorrência de megafestivais com ingressos superfaturados, esses espaços são os grandes guardiões da experiência da música ao vivo. E eles têm suas particularidades, como a quantidade e o tipo de público que recebem e filtros entre o que é tocado e o que é sentido —as caixas de som, a acústica, a visão do palco.

Esses são alguns dos aspectos considerados neste especial para examinar as casas de shows de São Paulo. Elas são classificadas a partir de critérios objetivos, mas de julgamentos subjetivos. Não se trata de uma avaliação dessas estruturas, mas de sua relação com a música que as encanta, seu entorno, quem as frequenta e a emoção gerada a partir da soma disso tudo.

Na segunda edição da avaliação que elege as melhores casas para se assistir a música ao vivo na capital paulista, novos espaços foram considerados e outros revisitados.

Os estabelecimentos foram divididos por faixas de capacidade de público: até 500 pessoas, entre 500 a 5.000, e de 5.000 a 10 mil pessoas.

Essa divisão é importante para calibrar a avaliação, já que casas pequenas têm necessidades diferentes das que são feitas para receber grandes apresentações. Isso sem falar que o tamanho cria peculiaridades que tornam a comparação mais difícil de ser feita.

Nos espaços que se encaixam nessas faixas, foram avaliados aspectos específicos: o som, a parte mais fundamental de qualquer casa de shows; a programação, que é o coração desses espaços e elemento principal na formação de seu público; a visão de palco, capaz de mudar toda a experiência da música ao vivo, e o custo-benefício, que é o balanço entre o que os espaços oferecem e o quanto o público tem que desembolsar por isto.

Também foram levados em conta o conforto, que blinda o público de perrengues para que a música seja sentida da melhor forma possível, o serviço de bar e comida, um bom complemento para a parte musical, e o transporte, que analisa quão facilmente o público pode chegar e ir embora usando meios de locomoção variados.

Nas categorias acima de 500 pessoas, também foram avaliados os camarotes, que oferecem uma experiência mais exclusiva para quem decide investir na mordomia.

Os espaços usados para megashows e festivais de música sediados na capital paulista também foram avaliados —mas em categoria separada e com capacidade para mais de 10 mil pessoas por dependerem da estrutura levada pelos artistas para seu funcionamento.

Casas de música erudita —construídas especialmente para esse formato, ao contrário dos outros lugares—, foram observadas em separado para uma análise mais precisa de seu serviço. Nos dois casos, o prêmio foi concedido pelo conjunto da obra, e não a partir de categorias específicas.

Acompanhando os textos dos vencedores, ilustrações em formato de cartões mostram como as casas se saíram em cada uma dos aspectos citados acima —quanto mais bolinhas preenchidas, melhor ela é naquela categoria.

Além da avaliação individual, a Folha também elencou o que os espaços premiados oferecem quando o assunto é a acessibilidade em suas várias formas, e o jornalista Filipe Oliveira escreveu a respeito de como as casas de show estão no fim da fila neste quesito, embora mais iniciativas estejam aparecendo.

No meio de tantas avaliações técnicas em um universo de experiências tão relativas, também foi reservado um espaço para as memórias afetivas que espaços dedicados à música têm a capacidade de criar em alguém. Veja, a seguir, casas paulistanas que você pode considerar visitar.

Público assiste a apresentação no Cine Joia, em São Paulo - Felipe Iruatã/Folhapress

VENCEDORES CASAS DE SHOWS 2024

Até 500 pessoas

Programação: Casa de Francisca
Visão de palco: Bona
Bar e comida: Casa de Francisca
Custo-benefício: Bona
Transporte: Blue Note
Som: Blue Note
Conforto: Casa de Francisca

De 500 a 5.000 pessoas
Programação: Sescs (Pompeia e Pinheiros) e Cine Joia
Visão de palco: Cine Joia
Bar e comida: Sescs (Pompeia e Pinheiros)
Custo-benefício: Sescs (Pompeia e Pinheiros)
Transporte: Centro Cultural São Paulo
Som: Casa Natura Musical
Camarote: Casa Natura Musical
Conforto: Casa Natura Musical

De 5.000 a 10 mil pessoas
Programação: Espaço Unimed
Visão de palco: Vibra São Paulo
Bar e comida: Centro de Tradições Nordestinas
Custo-benefício: Centro de Tradições Nordestinas
Transporte: Espaço Unimed e Villa Country
Som: Vibra São Paulo
Camarote: Terra SP
Conforto: Vibra São Paulo

Acima de 10 mil pessoas
Conjunto da obra: Allianz Parque

Música erudita
Sala São Paulo