Casa de Francisca tem melhor programação e conforto entre casas de shows de SP

Espaço no centro da cidade é um convite para assistir de pertinho ao melhor da música paulista

São Paulo
Mãeana se apresenta em palco intimista, iluminado por luzes quentes, diante de uma plateia atenta. A vocalista segura o microfone, enquanto os músicos a acompanham com diversos instrumentos e são rodeados pelo público
Show de Mãeana no porão da Casa de Francisca, em São Paulo - Divulgação

Vencedora em programação, conforto e bar e comida

Do último ano para cá, a Casa de Francisca, espalhada entre as ruas Direita, Quintino Bocaiúva e José Bonifácio, no centro de São Paulo, cresceu —mas conseguiu a proeza de se manter pequena.

O espaço, criado há 18 anos sob o slogan de a "menor casa de shows de São Paulo", passou da capacidade de 44 pessoas na região dos Jardins, onde foi concebida, para três ambientes de programação independente distribuídos pelo Palacete Tereza Toledo Lara, local em que se consolidou a partir de 2016.

Mais do que isso, ela tem enchido de gente uma das ruas do chamado triângulo histórico —ponto de nascimento da capital paulista— depois de um longo período em que o lazer na região foi constantemente relegado.

É fácil encarar esse histórico como uma expansão, embora o criador da casa, Rubens Amatto, prefira chamar de desdobramento. Não deixa de ser de tudo: a demanda que a casa criou ficou maior do que as quatro dezenas de assentos iniciais e procurar um lugar à altura se tornou vital.

O segundo salto, a expansão dentro do palacete, em março, é uma continuação do mesmo processo, dessa vez na esteira dos efeitos pandêmicos.

Foi um momento crítico para o local, que chegou a anunciar seu fechamento. Na contramão de outros palcos que nunca voltaram, a Francisca seguiu com a ajuda de uma vaquinha e apoio de marcas.

Outras lojas também deixaram os imóveis no palacete, e Amatto decidiu ocupá-los, com a ambição de criar uma espécie de complexo de cultura.

Na mesma noite, é possível beber e comer bem no bar do térreo, um lugar tão propício para encontros entre amigos quanto para casais, e assistir de pertinho a shows no porão ou no primeiro andar.

Aos finais de semana, DJs e rodas de samba transformam a Quintino Bocaiúva em festa, com ambulantes ajudando a molhar o bico de quem fica ali. Visitar o lugar com tudo o que se tem direito, do ingresso ao cardápio, pode sair por um preço salgado —mas a experiência tem grandes chances de ser compensatória.

Embora a região ainda complique o trajeto por transporte público —seguranças ficam ao longo do calçadão até a entrada, mas a sensação de se estar no centro da cidade à noite ainda é de insegurança—, o conforto do lado de dentro supera as concorrentes.

O atendimento é bom, há banheiros em todos os andares, os frequentadores assistem às apresentações sentados ou em pé e a comodidade impera em todos os aspectos. Raramente será estressante assistir a um show ali.

O palco original, no salão de luz baixa, é o coração da casa e reservado para o ouro da programação. É lá que o lugar mais mostra o tino para a seleção musical que sintetiza o espírito da música paulista e suas gerações, com nomes como Metá Metá, Maurício Pereira e Anelis Assumpção.

Os sons de outras origens, como do Norte do Brasil e dos terreiros, também brilham com gente celebrada, como Nelson Sargento, Geovana e Lia de Itamaracá —e nomes incensados da música contemporânea, caso de Josyara, Emicida e Ava Rocha.

A casa é a continuação da reputação musical desta construção que já serviu de sede de lojas de instrumentos e da rádio Record, determinante na trajetória de Adoniran Barbosa, o mais importante sambista paulistano. Também é um respiro para o circuito musical de São Paulo, cidade na qual bons palcos nunca parecem ser suficientes.

Casa de Francisca
R. Quintino Bocaiúva, 22, Sé, região central. Instagram @casadefrancisca. Programação em casadefrancisca.art.br/novo/programacao

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