Vencedor em transporte e som
Nas quatro décadas que se seguiram após a criação do selo Blue Note, em 1939, nos Estados Unidos, o jazz viveu seu auge criativo e comercial. A gravadora, parte importante no desenvolvimento e popularização do estilo musical, virou casa de shows em Nova York, já nos anos 1980. Naquela época, o jazz estava mais do que estabelecido como parte integral da música americana e tinha inspirado inúmeros movimentos ao redor do planeta.
Já na São Paulo de 2024, nem o jazz tem a força de outrora nem a franquia da empresa americana —que ocupa uma cobertura no tradicional Conjunto Nacional, na avenida Paulista— está limitada a ser um reduto do gênero.
Na verdade, o Blue Note paulistano reflete a praça em que está situada —é uma casa de luxo, voltada a um público endinheirado, em um dos cartões-postais da cidade, com programação recheada de atrações nacionais e um serviço de som à altura do preço dos ingressos.
Vencedor das categorias de transporte e som entre as casas com lotação para até 500 pessoas deste especial, o Blue Note não poderia estar mais bem localizado. O bar na parte externa da área de shows, onde também fica o espaço para fumantes, oferece uma vista para os prédios exuberantes da avenida mais famosa da capital mais populosa do Brasil, pertinho da esquina com a rua Augusta.
Dá para chegar no Blue Note de várias maneiras —metrô, ônibus, moto, carro e até de bicicleta, já que há ciclofaixas por toda a Paulista. Duas linhas de metrô levam à casa de shows, a verde e a amarela, cuja saída fica a apenas meia quadra de distância.
Há uma parada de ônibus exatamente em frente à entrada do Conjunto Nacional, fora as diversas linhas que podem te deixar em outros pontos da avenida Paulista ou das vias que a cercam.
Prefere ir de carro? Estacionamentos não serão um problema, há uma vasta oferta para aproveitar na região, que incluem também espaços para motos ou bicicletas.
Uma vez lá dentro, o espectador é sugado pela atmosfera intimista do Blue Note, com seus 337 lugares distribuídos entre mesas apertadas, algumas delas a somente centímetros do palco.
Sob uma luz azulada (como sugere o nome da casa), garçons circulam pelo espaço levando drinques, porções ou pratos inteiros enquanto os shows acontecem.
Em qualquer lugar do Blue Note paulista é possível ouvir com riqueza de detalhes o que acontece no palco. Os amplificadores têm potência adequada ao espaço, e algumas vezes o som na casa fica tão alto que abafa as conversas paralelas nas mesas —o que, neste caso, é uma virtude. Sua estrutura comporta tanto shows acústicos e mais delicados, de voz e piano, quanto bandas inteiras.
É bem verdade que a programação do Blue Note está recheada de shows anódinos que se limitam a imitar vacas sagradas, mas que têm um público cativo —dos grupos cover de David Bowie ou Queen aos shows com repertório de Coldplay ou Beyoncé em voz e violão, passando até por uma homenagem à banda fictícia da série "Daisy Jones and the Six", sucesso no streaming da Amazon Prime Video.
Pelo alto custo dos ingressos e o apelo fácil ao público menos engajado com música, essas apresentações devem ajudar a casa a manter as suas contas em dia.
Ainda assim, é possível ter no espaço uma oportunidade rara de ver de perto e ouvir em alto e bom som gente já consagrada, como Guilherme Arantes, Mart'nália, Roberto Menescal, Alaíde Costa, Beto Guedes, Azymuth, Danilo Caymmi, Yamandu Costa, Marina Lima, João Bosco, Toquinho, MPB4 e a banda Black Rio, entre muitos outros.
Isso sem falar nos tributos, que vão além da mera reprodução das vozes originais, caso de Armandinho e Marcel Powell tocando Baden Powell, BNegão e Black Mantra tocando Tim Maia, Zezé Motta cantando Caetano Veloso e Filipe Catto cantando Gal Costa.
90
Metros é a distância da saída da estação Consolação para a entrada do Conjunto Nacional
Conheça
Outro lugar próximo ao metrô —no caso, a estação Barra Funda— é a Audio (av. Francisco Matarazzo, 694, Água Branca)
Blue Note
Av. Paulista, 2.073, Bela Vista, região central, Instagram @bluenotesp. Programação em bluenotesp.com
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