Bona tem a melhor visão de palco e custo-benefício entre casas de até 500 pessoas em SP

Espaço na capital paulista tem programação eclética com nomes pequenos e artistas consolidados

São Paulo
Bona, espaço para shows recentemente reformado, com show do cantor Getúlio Abelha
Bona, espaço para shows recentemente reformado, com show do cantor Getúlio Abelha - Rubens Cavallari/Folhapress

Vencedora em visão de palco e custo-benefício

Paredes de tijolinhos crus, luz baixa vinda de luminárias, lustres e pisca-piscas e uma estante decorada com discos de vinil e outros cacarecos no fundo do palco ajudam a formar a imagem do Bona, que há pouco mais de um ano migrou para o Sumaré, resistindo a um dos principais nêmesis das casas de cultura paulistanas: as grandes incorporadoras.

Depois de uma compra que derrubou quase todo o quarteirão de Pinheiros, na região oeste, onde funcionava desde 2015, o espaço se viu obrigado a procurar um novo canto para continuar sua trajetória.

A mudança fez bem, aumentou a capacidade de público para até 230 pessoas em pé e elevou a acústica, agora devidamente pensada para as necessidades de um lugar dedicado à música, à altura do que a casa tem como projeto.

O Bona, tocado por Manuela Fagundes, Gustavo Louveira e Kike Moraes, é mais um exemplo de lugar dedicado à música independente que quase teve de encerrar a operação ao longo da pandemia. A casa viu seu faturamento cair cerca de 90%, lançou uma vaquinha virtual para ajudar com parte das contas e só conseguiu se restabelecer com o apoio de uma marca de cerveja.

Já no novo endereço, o projeto tem algumas das melhores coisas que uma casa de shows pequena pode oferecer. A começar pela programação, que abraça gêneros musicais diversos e alimenta o circuito de nomes pequenos e médios da música nacional, dando espaço para que eles experimentem formatos, façam apresentações especiais e aumentem seu público.

Nos últimos meses, por exemplo, o músico de jazz Jonathan Ferr mostrou sua "Experiência Cura" em quatro shows com diferentes inspirações, e Felipe Cordeiro e Manoel Cordeiro, pai e filho, e Nara e João Gil, mãe e filho, uniram repertórios. A lista de nomes frescos que aparecem continua com Mahmundi, Giovani Cidreira, Getúlio Abelha e Chico Chico, entre outros.

Mas também há lugar para artistas consolidados há décadas, como Tetê Espíndola, Odair José, Alaíde Costa e Jaques Morelenbaum, que brilham no ambiente mais intimista e criam momentos especiais com o público.

A estrutura de palco alto é outro ponto de destaque e um dos motivos para a casa ter a melhor visão de show entre as concorrentes na mesma faixa de público. Tudo o que acontece consegue ser visto por quem está sentado nas mesas que ficam espalhadas no salão, em um balcão fixado nos fundos ou no mezanino, que cria uma visão ampla da casa e do artista da noite.


Não há ponto em que a visão esteja comprometida —fundamental em qualquer espaço, especialmente naqueles em que os ingressos não são vendidos com número marcado. Estes, aliados ao preço e à qualidade do serviço e da comida, contribuem para o prêmio de melhor custo-benefício que o Bona leva nesta avaliação.

Neste mês de maio, as entradas para os shows da casa custam entre R$ 60 e R$ 95, e comer no espaço é uma experiência complementar ao show que dá para ser vivida sem pesar no bolso.

O serviço no Bona, aliás, continua funcionando de forma fluida e com discrição ao longo das apresentações.

Uma boa estratégia é apostar nos drinques em jarra. O gim thai, por exemplo, custa R$ 92 e rende ao menos três copos longos. Outras opções são a taça de vinho, branco ou tinto (R$ 27, cada uma), e os coquetéis clássicos, como o negroni ou o Aperol spritz, que saem entre R$ 34 e 38.

Para petiscar, os patacones —discos de banana verde frita cobertos com tartar de peixe branco, guacamole e carne, por R$ 36— são aposta saborosa para abrir o apetite, assim como a burrata artesanal (R$ 41) com tomate ralado, tapenade de azeitonas e uma cestinha de pães ao lado.

Com bebida na mão e barriga forrada, a sensação de estar ouvindo boa música na sala casa só aumenta.

Prove
As jarras de drinques (gim thai, R$ 92) que servem ao menos três copos grandes

Conheça
Assim como o Bona, outro lugar bom para encontros de casais é o Bar Alto (r. Aspicuelta, 194, Vila Madalena)

Bona
R. Dr. Paulo Vieira, 101, Sumaré, Instagram @bona_casa_de_musica. Programação em bona.art.br

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