Para resumir “Crimes Obscuros”, basta reproduzir aqui algumas das palavras-chave que o site de cinema IMDb relacionou para facilitar as buscas pela internet: bondage, homem bate em mulher, nudez feminina por trás, estupro, sexo violento, homem chorando etc.
É, estamos no submundo da Cracóvia, na Polônia. Tadek, um detetive da velha guarda, investiga a morte de um homem. Ele encontra uma reprodução do crime, com detalhes que só a polícia poderia saber, no novo livro de um autor de sucesso. A namorada desse escritor trabalha num clube de sexo sadomasoquista.
O que raios Jim Carrey está fazendo no Leste Europeu, de barba comprida, grisalho e mais sisudo do que nunca? Provavelmente buscando papéis diferentes para sua carreira marcada por comédias e demonstrar que é um ator completo (o que ele é).
Já Charlotte Gainsbourg, depois de estrelar os libelos de Lars von Trier contra a moral —“Anticristo” (2009) e “Ninfomaníaca” (2013)—, está à vontade no papel da prostituta bem-intencionada que precisa de proteção. Ela ama o escritor, transa com o chefe de polícia e ainda seduz nosso detetive-herói.
Cracóvia, em “Crimes Obscuros”, parece que voltou aos anos perdidos do comunismo. Tudo é frio, a luz que se vê é azul, as pessoas são pálidas e não conversam, chove o tempo todo, as portas possuem quadrados de vitrô antigo. Nem no clube de sexo se encontra aconchego ou conforto.
O diretor é o grego Alexandros Avranas, que deixou o Festival de Veneza eufórico há seis anos com seu “Miss Violence” (2013), filme sobre família disfuncional em que o amor parece ser apenas fachada. Na ocasião, o diretor foi apontado como promissor exemplar do novo cinema grego.
Só que, por alguma razão, “Crimes Obscuros” não decola como um thriller policial deveria. Talvez seja a filmagem lenta, talvez a história um tanto rasteira, ou ainda a falta de empatia com o personagem de Jim Carrey.
No filme todo, sua expressão é sempre a mesma: a de um ser atormentado misturado com cara de quem comeu e não gostou. Charlotte também não salva esse filme gelado.
Gelado demais, tão gelado que dá vontade de levar um cobertor ao cinema e dormir no meio da projeção.
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