Descrição de chapéu Crítica
Cinema

Neta de Elvis Presley protagoniza terror com elementos de 'O Iluminado' e 'Hereditário'

Após ser exibido no Festival do Rio de 2019, 'O Chalé' sai direto nas plataformas digitais

São Paulo

O Chalé

Como já demonstrou "O Iluminado" (1980), isolamento e inverno rigoroso não combinam. Ou melhor, podem até combinar –desde que estejamos do lado de cá da tela, desfrutando o prazer perverso de acompanhar alguém virar a chave do desespero e entrar em parafuso.

Esses componentes regem o suspense psicológico "O Chalé" (2019), que estreia nesta quarta-feira para compra e aluguel em plataformas digitais. Recomenda-se que a sessão seja noturna. Não por acaso, o filme participou da mostra Midnight (meia-noite) do Festival do Rio do ano passado.

A largada da história ocorre no domínio do drama familiar. Marido (Richard Armitage) e mulher (Alicia Silverstone) estão em processo de separação. Os dois filhos (Jaeden Martell e Lia McHugh) sentem a barra. Para complicar o quadro, papai agora tem namorada (Riley Keough).

A intrusa, como as crianças a enxergam, não é propriamente uma anônima. Seu passado envolve um episódio rumoroso ligado a uma seita. Terá superado o trauma em si e, depois, a exposição pública? As crianças se perguntam, e o espectador também.

Respostas virão quando, por uma série de circunstâncias, a família hospedar-se em uma casa isolada, às margens de um lago congelado, durante o Natal. Um dos passatempos do grupo é ver filmes na TV, mas parece que ninguém ali conhece "O Iluminado", ou teriam evitado o confinamento.

Outras semelhanças conduzem a "Hereditário" (2018), cuja protagonista (Toni Collette) é uma artista plástica especializada em miniaturas. "O Chalé" começa com algo parecido, e convém prestar atenção ao que se vê nessa casa de bonecos à medida que a narrativa adquire tensão e flerta com o sobrenatural.

Os diretores e roteiristas austríacos Severin Fiala e Veronika Franz, que já haviam explorado o território do suspense e do horror com o longa de estreia "Boa Noite, Mamãe" (2014), reafirmam aqui a predileção por filmes de gênero, endereçados sobretudo ao público jovem, que acrescentem um ponto ao conto.

Na ambientação da trama, os ingredientes são tradicionais. Mas, na resolução, procura-se oferecer alguma novidade. "O Chalé" depende de o espectador estar disposto a entrar nesse jogo detetivesco sabendo que o adversário esconde cartas na manga.

Por uma coincidência trágica, Riley Keough (neta de Elvis Presley que despontou em 2016 com a série "The Girlfriend Experience" e o longa "Docinho da América") perdeu no dia 12 de julho o irmão, Benjamin Keough, em circunstância equivalente a uma cena do filme.

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