Diretora de "Bollywood Dream" fala ao Guia sobre seu projeto

Crédito: Jefferson Coppola/Folhapress

Desde a última sexta-feira (29), está em cartaz em São Paulo o longa "Bollywood Dream - O Sonho Bollywoodiano", de Beatriz Seigner.

O filme, que traz no elenco as atrizes Paula Braun, Lorena Lobato e Nataly Cabanas, é a primeira coprodução entre Brasília e Índia e custou R$ 62,5 mil. A diretora conversou com o Guia sobre seu trabalho. Leia a entrevista:

Guia - Como surgiu a ideia do filme? O que a motivou a juntar as atrizes e fazer esse longa?
Beatriz Seigner - Eu morei na Índia em 2003, já com a vontade de pesquisar o país e fazer um filme que unisse Brasil e Índia, mas não tinha ainda um recorte específico para isso, e, ao mesmo tempo, estava com 18 anos, cheia de dúvidas existenciais e profissionais. Quando voltei ao Brasil, em 2006, vários amigos atores começaram a me perguntar como poderiam fazer para trabalhar em Bollywood e, de repente, "plim!" --veio a ideia de que este poderia ser o recorte que eu procurava. Entre esses amigos estava a Lorena Lobato e a Paula Braun. Foi assim que tudo nasceu, já com o nome "Bollywood Dream", em inglês, por ser um sonho estrangeiro e, ao mesmo tempo, uma sátira ao sonho hollywoodiano e a toda "exportação de sonhos".

O que representa a Índia em sua vida? Antes do filme, qual era o seu conhecimento e relação com Bollywood?
Eu me aproximei da Índia em 2002, quando comecei a ter aulas de dança clássica indiana. Fiquei apaixonada pela dança e pela cultura indiana ao perceber a quantidade de significados que havia por trás de cada gesto, cada ritmo, cada mandala e cada história mitológica encenada.

Como surgiu seu interesse pelo cinema?
Na minha casa sempre foi religioso ir todos os sábados no cinema e, aos domingos, ao teatro. A primeira vez que fui ver "um filme de verdade", ou seja, um filme que não era desenho animado, segundo meu diário, eu tinha entre 11 e 12 anos, e já descrevi o Cinema Unibanco Augusta [centro de São Paulo] como "um lugar mágico de pessoas de verdade". Aos 16, fiz meu primeiro curta. Mesmo assim, eu tinha dúvidas do que fazer da vida em 2003, quando resolvi ir para a Índia, para conhecer melhor a vida e a mim mesma. Depois fui estudar no Centro Sperimentale di Cinematografia, em Roma, como atriz. Ao voltar para o Brasil, em 2006, retomei teatro e comecei a cursar filosofia. Desde 2007, deixei todas as outras coisas de lado para poder colocar minhas energias para realizar o "Bollywood Dream".

Quanto foi gasto no filme? Quais as maiores dificuldades que você encontrou?
Nossos coprodutores indianos da Rattapallax Films e dos Studios Prasad nos ofereceram logística, hospedagem, transporte dentro da Índia, equipe, facilidades em estúdios e alguns equipamentos, em troca de 30% da renda líquida. Então eu tirei emprestado mais US$ 20 mil para as passagens internacionais, alimentação e outras despesas da produção, como alguns aluguéis de equipamento, locação, objetos de cena e alguns salários. Voltei para o Brasil com cerca de 90 horas filmadas, e o valor de US$ 20 mil praticamente dobrou com todas as despesas de pós-produção (e só não ficou muito mais caro porque consegui vários apoios). Para os artistas e técnicos, paguei um valor simbólico e dividi porcentagens da renda que o filme fizer na bilheteria.

Quais as expectativas para a estreia? Como o filme foi recebido em festivais?
Estou superfeliz que o filme está indo para o mundo! Minha expectativa é que ele inspire quem tiver que inspirar! Em todos os festivais que participamos fomos muito bem recebidos -- na mostra de São Paulo [Mostra Internacional de Cinema] fomos um dos mais votados pelo público. Na Coreia do Sul, as pessoas supertímidas se entregavam às gargalhadas e, enfim, sempre gosto muito das perguntas que as pessoas têm feito depois das sessões. Acho que, se o filme levantar boas perguntas para as pessoas discutirem depois, jantando, teremos alcançado nosso objetivo de ampliar os horizontes.

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