Para pessoas com deficiência e com mobilidade reduzida, o show da Lady Gaga em Copacabana, no Rio de Janeiro, foi marcado pela invasão grotesca de quem não tinha direito à área reservada e pelo desabamento de parte da estrutura. Ninguém ficou ferido, mas a experiência foi totalmente comprometida.
Outros grandes eventos e espetáculos acumulam queixas de falta de garantia de direitos ao acesso —como não permitir que acompanhantes estejam ao lado do consumidor com deficiência— e falhas na acessibilidade, como a não presença de interpretação em Libras.
Casas de espetáculos, arenas e estádios, nos últimos anos, têm conseguido avançar no fundamental da inclusão, apresentando espaços pensados para públicos diversos, como cadeirantes, que precisam de locais estratégicos tanto para poderem ver o espetáculo como para terem segurança.
O novo Pacaembu, por exemplo, mesmo com sua estrutura tombada, se comprometeu a cumprir a legislação e promover o direito de ir e vir para todos em sua mais nova reforma. Os grandes estádios, por sinal, evoluíram muito na última década nessa questão.
Shows no Allianz Parque (melhor casa acima de 10 mil pessoas, segundo o especial O Melhor de São Paulo) costumam oferecer várias opções de instalações para pessoas com deficiência, o que é previsto por lei, como o direito de escolher uma das áreas em que se quer ficar, e não apenas um cercadinho pré-determinado.
Os problemas, quando ocorrem, partem dos organizadores dos espetáculos, que criam regras próprias para esse público, geralmente sem nenhum conhecimento de causa —o que sempre gera reclamação e confusão.
Também é falha de quem organiza não proteger os espaços reservados para que o uso seja correto, algo que não exige nenhuma ciência.
Casas de show menores também tomaram medidas inclusivas nos últimos anos, tanto pela pressão da fiscalização quanto pela pilha de queixas. No Espaço Unimed (outro espaço premiado neste especial), mesas dispostas na lateral têm atendido bem pessoas com deficiência.
No teatro Renault, há oferta de lugares diferentes e estratégicos para quem precisa de acessibilidade e as vendas de ingresso, em geral, costumam ser online, sem burocracia. A questão ali é que a calçada em frente à casa é uma tragédia para qualquer um.
Entender pessoas com deficiência como consumidores, como fãs, como seres que se divertem e que saem de casa, ou seja, como quaisquer outros, ajudaria muito a evoluir na questão de acessibilidade nas casas de show e de espetáculos.
Oferecer interpretação em Libras, legendas e audiodescrição, assim como garantir acesso, são pontos basilares de inclusão em eventos. Essa lição parece quase entendida. Mas o que mais tem faltado ainda é o bom senso. É entender pessoas como pessoas e não como entulhos que precisam ser simplesmente acomodados.
Comentários
Ver todos os comentários