Vencedor em som, programação, bar/comida, custo-benefício e melhor visão de palco
DE 501 ATÉ 5.000 PESSOAS
O Sesc Pompeia é uma utopia. Frequentemente citado por paulistanos de todos os tipos como o ponto favorito na cidade, é daqueles lugares que merecem, com louvores, levar o selo de "o Brasil que dá certo".
É uma utopia porque junta programação robusta e variada com excelência no serviço, sempre por um valor acessível —sem contar as exposições de nomes relevantes da arte contemporânea exibidas gratuitamente, a possibilidade de praticar esportes em boas instalações e a oferta de atividades infantis fora das telas.
Assim, não é surpresa que tenha dominado a categoria de casas de shows com capacidade de 500 a 5.000 pessoas, vencendo 5 de 8 quesitos: visão de palco, som, programação, bar/comida e custo-benefício.
É até curioso notar em quais itens foi derrotado. Melhor camarote? O Sesc nem camarote tem. Casa mais confortável? Talvez quem votou quisesse que a Comedoria tivesse mais cadeiras além dos bancos usados nos almoços? Já os assentos do teatro, que por vezes recebe apresentações musicais, são desconfortáveis mesmo —e foram desenhados assim por Lina Bo Bardi com o argumento de "manter o público em alerta".
O último quesito é o acesso por meio do sistema de transporte, algo que deve melhorar com a inauguração, em 2026, de um trecho da linha 6-laranja do metrô, o que incluiria a estação Sesc-Pompeia, de acordo com previsão dada pelo Governo de SP. Até lá, vamos combinar, há muitas opções de ônibus para ir até o Sesc.
As vitórias nos outros itens são fáceis de explicar. Com um palco baixo e capacidade para receber até 800 pessoas, a Comedoria consegue abrigar atrações grandes e médias de forma intimista, em que o público não fica muito distante das bandas nem paga para ser obrigado a assistir às apresentações por um telão.
Não confunda proximidade com pequenez, porque a lista de artistas nacionais e estrangeiros consagrados e renomados que já se apresentaram no Pompeia é grande, o que justifica o prêmio pela programação.
Os Paralamas do Sucesso, Television, Sepultura, Bob Mould, Leci Brandão, Teenage Fanclub, Erasmo Carlos e El Guincho são alguns exemplos da trajetória democrática que a unidade trilhou na cena musical da cidade, como provam o festival O Começo do Fim do Mundo, o mais importante do punk nacional, em 1982, ainda na ditadura militar, e o projeto Prata da Casa, que desde 1999 reúne nomes em ascensão em shows grátis.
No caso das apresentações pagas, os preços dos ingressos do Pompeia dificilmente ultrapassam os R$ 60, com acústica decente e opções para beber e comer por valores razoáveis, o que faz do seu custo-benefício algo quase impossível de ser batido. Em outras casas, bem mais caras, aliás, muitas vezes o público parece estar numa caixa de sapato, de tão abafado que o som é, e o custo de uma batata frita soa como um roubo.
Considerando, ainda, que os votantes do Melhor de São Paulo em geral não são especialistas em qualidade de som nem em gastronomia, o que fica no final é a impressão de que o público e a crítica têm na imagem do Pompeia a referência do que todos querem de um espaço cultural: é bom, bonito —ô se é!— e barato.
Sesc Pompeia
R. Clélia, 93, Pompeia, zona oeste, Instagram @sescpompeia. Programação em sescsp.org.br/unidades/pompeia
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